N° 96 - VIA LUCIS Prêmio de Honra “Fidelidade ao Mestre Santiago Bovisio”. Assembléia Extraordinária do Conselho de Administração da Fundação Aldea na data 29 de Setembro de 2008. Considerando: Quando se instituiu e promulgou o Regulamento Perpétuo de Cafh, no Plenilúnio de Maio de 1949, revogando o Regulamento Decenal de 1939, o Fundador se ocupou intensamente de criar o suporte mais apto para a plasmação dos objetivos da Sagrada Ordem: “Cafh é uma reunião de almas que buscam sua liberação interior através de um método individual exterior” (Art. 2° do Regulamento). Este projeto começou a se materializar com a fundação da Comunidade de Ordenados de La Plata, Província de Buenos Aires e se ocupava da educação de crianças no Colégio Santa Rosa, Córdoba. A Comunidade de La Plata se consagrou à mística da liberação interior. Por ela passaram todos os Ordenados – homens - dessa época, que mais tarde se encarregaram da condução da Ordem, após a morte do Fundador, no ano 1962. O senhor Julio, premiado nesta oportunidade, juntamente com quem isto escreve, ingressaram ao mesmo tempo, viajando de trem desde Mendoza, no dia 21 de junho de 1958, há meio século. Nestes dias, outubro de 2008, enquanto recordamos o Mestre da Renúncia na intimidade de um grupo de discípulos fiéis - na Aldea de los Niños, recolhida entre montanhas nevadas - lá fora, no mundo globalizado, desde Tókio até Nova York, passando por todas as capitais onde abunda o dinheiro e o consumo, Buenos Aires, Paris, Moscou - todas, sem exceção - estoura o caos e o desespero no sistema que sustenta e corrompe as estruturas da vida atual. A sociedade não é uma equação matemática abstrata que possa ser manejada desde os computadores dos executivos da macroeconomia. Pelo contrário, está amassada com o sangue e a carne dos pobres habitantes do planeta, cada um em sua solidão pessoal ou familiar, ansiosos por possuir mais, consumir produtos suntuosos, gozar de coisas não indispensáveis, escapar da realidade do trabalho e dos deveres sociais. Ainda que estejamos na Nova Era e o Maitreya faça sentir seu poder em todo o planeta, de acordo com seu estilo de força, os homens não acreditam na Lei da Renúncia nem a aceitam. E, a cada dia, afundam mais na lama de seus grandes equívocos. Santiago Bovisio estudou estes assuntos em uma Ensinança magistral, a número 10 - “Economia Providencial”, do curso “A Vida Espiritual de Cafh”, que está no primeiro volume do Cânon impresso, correspondente à Primeira Parte do site na Internet. Convém informar-se e meditar sobre as idéias que ali são expostas, para compreender os acontecimentos que estão comovendo as instituições do mundo, nestes dias, que fatalmente afetarão todas as classes sociais, sem exceção, com o triste séquito de miséria, angústia e desesperação. Porém, o Mestre não se ocupa de procedimentos financeiros nem de escolas econômicas, e sim do homem, semelhante a todos em suas necessidades básicas. E, das formas de resolvê-las individualmente, agora e em família. Limpa as teias de aranha de preconceitos tecidos pelos teóricos há séculos, como a herança, a poupança, a competição, a pobreza evangélica, a posse excludente e outras figuras de opinião pública que ocupam os espaços da vida cotidiana nos mais diversos níveis. E começa, em seus preceitos, com a Idéia da Renúncia. Diz: “Os Filhos de Cafh praticam a Economia Providencial. O Filho considera que seus bens materiais e os ganhos que estes lhe trazem não lhe pertencem inteiramente, mas que devem de ser divididos proporcionalmente. É necessário desterrar o conceito de posse, se se deseja eliminar do mundo as misérias e as calamidades que o afligem. No entanto, existe uma diferença fundamental entre a pobreza evangélica e a Economia Providencial de Cafh”. Tremendos problemas que afligem a Humanidade, tanto mais graves quanto mais riquezas são acumuladas pelos imorais, desconhecendo o princípio universal da distribuição justa, provocando abismos entre nações desenvolvidas e aquelas que agonizam na África e na América Latina, apesar das organizações internacionais que nunca encontrarão soluções. Movem-se na periferia, nos efeitos irreversíveis e não procuram a raiz do mal, não vão à origem das desigualdades. Assim, chegou-se ao clímax da impotência. Nestes tempos, a raiz, a condição humana, está em agonia. O começo da atual crise financeira brotou do afã insensato de posse que levou os indivíduos a endividar-se cegamente. Agora, estão perdendo o que tinham e o que esperavam ganhar. A loucura dos norte americanos, de querer enriquecer-se a todo custo, pedindo e especulando, roubando, fazendo uma guerra covarde, está afundando esse povo no pior momento de sua história centenária. Em Via Lucis, pratica-se a Economia Providencial, continuamente, sem interrupções, como foi explicada pelo Mestre Santiago. Se o leitor quiser informar-se de alguns detalhes desta forma de viver, pode recorrer aos quatro “Cursos sobre Comunidades” que estão no sexto volume do Cânon: “Superiores de Comunidade”, “Intimidade dos Perfeitos”, “Interpretação para Ordenados de Comunidade” e “Conferências de Embalse”. Eles foram escritos pela mão de Santiago Bovisio - em vida, Diretor Espiritual de cada uma das almas que compunham a Comunidade e responsável pelo bom desenvolvimento da instituição, cumprindo o Regulamento Perpétuo. Via Lucis foi fundada pelas mesmas almas que a compõem, doze pessoas que permaneceram fiéis ao Mestre e ao Regulamento, quando o resto da Obra caiu em uma desordem vulgar, como explicamos muitas vezes nestas Reflexões. Como é Via Lucis atualmente? Visitei-a um par de vezes, anos atrás, e sempre me pareceu bela, como se o Mestre a habitasse e cuidasse de cada detalhe da Observância. As senhoritas, cujos nomes foram mencionados no prêmio e o Diretor Espiritual que as acompanha, têm muitos anos de experiência de vida em Comunidade. Superaram as provas que experimentam as almas no caminho espiritual, particularmente em um recinto de clausura rigorosa. As obrigações que, para um estranho, parecem difíceis de cumprir, converteram-se na maneira espontânea de viver, em liberdade interior. A paisagem é graciosa e amável, típica do sul de Minas Gerais, a mais de mil metros de altura, sempre verde, com palmeiras, araucárias do norte, canaviais e pomares, com vertentes naturais, gado bovino e uma estrada asfaltada, muito transitada, frente à entrada. O espaço é grande, uns 50 hectares abertos, com várias construções modernas, providas de meios adequados, eletricidade, telefone, Internet. Auto abastecem-se economicamente com o trabalho de suas mãos, pois fazem muitos trabalhos artesanais: queijos de vários tipos, horta e pomares próprios, onde trabalham diretamente. Desidratação de verduras e frutas para conservar, granja, oficina de ferramentas e costura bem equipadas, etc. Elaboram doces, geléias e licores artesanais e um delicioso cointreau. Têm um lindo coro e um piano. Quando as visitei, homenagearam-me com variadas canções americanas. No verão, atendem retiros para almas que buscam ansiosas por um tempo de paz e esquecimento. E, em Via Lucis, conseguem-no. Fiéis ao Mestre, como no primeiro dia de ingresso na Porta Santa, prosperarão em alegria e liberdade, testemunho vivo da Mensagem da Renúncia. José González Muñoz E-mail: info@santiagobovisio.com |