INDICE:

Ensinança 1: O Manancial da Religiões
Ensinança 2: Os Vedas
Ensinança 3: O Brahmanismo
Ensinança 4: O Egito
Ensinança 5: Deuses Egípcios
Ensinança 6: Ordenamento das Religiões
Ensinança 7: Os Caldeus
Ensinança 8: Os Assírios
Ensinança 9: Os Persas
Ensinança 10: Os Sargônidas
Ensinança 11: Os Gregos
Ensinança 12: Os Índios
Ensinança 13: Os Gauleses
Ensinança 14: Os Hebreus
Ensinança 15: Os Romanos
Ensinança 16: Os Mongóis

Ensinança 1: O Manancial da Religiões

Os povos da Raça Atlante haviam recebido dos Grandes Instrutores dessa Raça, as verdades de suas religiões. Estas verdades, fortalecidas pelo poder psíquico de percepção, próprio desta Raça, eram de caráter totalmente intuitivo.
Estas religiões lindavam com o mundo da consciência superior e não utilizavam símbolos naturais. Eram de um monoteísmo seleto.
Porém, quando esta Raça começou a decair e a degenerar, as práticas religiosas foram substituídas por atos de poder psíquico e de magia negra.
Os ários mantiveram um longínquo vislumbre dessas divinas religiões, ainda que completamente oculto sob o peso do tempo e da razão, nova prerrogativa da nascente Raça.
Os atlantes, submersos nas profundidades do mar em que afundou seu continente, levaram consigo sua divina religião.
Porém, novos Iniciados e a nova Idéia Mãe fizeram sua aparição e, em conseqüência, surgiu uma nova religião que acompanhou a nova Raça Ária e que foi base de todas as suas religiões posteriores.
Os ários, depois da grande luta sustentada com seus adversários atlantes, lançaram-se à conquista do novo continente que, qual virgem terra prometida, havia emergido das águas para eles.
Os primitivos homens, em imensas caravanas, guiados por seus Divinos Instrutores, abandonaram as velhas costas para buscar terras novas e emigraram para o centro da Ásia e para a Europa.
Encontraram uma terra fértil, maravilhosa, mas terrivelmente dura de conquistar. O clima nocivo e equatorial a que estavam acostumados foi substituído ali por outro, áspero e frio.
A preguiça cedia lugar à necessidade e, depois de uma mortandade terrível, os habitantes do novo continente aprenderam a lutar, pouco a pouco, com a natureza para procurar para si, alimento e abrigo.
A natureza era dura de vencer, mas ao ser subjugada, dava maravilhosos resultados e revelava seus segredos. Por isso, os homens primitivos a divinizaram, a ela e a suas forças manifestadas.
A nova religião, baseada no culto à natureza, era puramente humana e natural, e foi o fundamento do politeísmo.
Mas veio o dia em que os ários voltaram à terra de onde saíram e encontraram seus predecessores, os quais com um rudimentar monoteísmo, conservavam a religião divina dos atlantes – e os venceram.
Destas duas correntes, de uma religião divina esquecida e de outra, natural e humana, nascente, formou-se a base de todas as religiões vindouras.
As religiões árias nascem da recordação de um estado divino perdido e do conhecimento de uma força natural posta ao alcance do homem.
As palavras dos primeiros Grandes Iniciados se fundem - cristalizam-se - com a experiência material dos povos. A recordação do Divino é materializada com uma imagem, com o culto aos antepassados e, deste manancial onde Deus e o homem se encontram, onde o círculo e a cruz se abraçam, brota a água cristalina que inundará o mundo e os tempos, que terá diversos nomes, que voltará a juntar-se um dia no oceano do homem feito Deus.
Em todas as religiões árias, predomine nelas o monoteísmo ou o politeísmo, sempre se encontram essas mesmas bases fundamentais: o culto, ao começar, é simples e claro como o amanhecer, a quietude humana se torna serenidade divina com cantos e hinos. Estes são transmitidos de pais a filhos, de um povo a outro e, com o passar do tempo, transformam-se em textos sagrados e idiomas fundamentais.
A tradição transforma as simples elevações da alma em cerimônias e cultos, e os cultos reclamam as vestes, os símbolos e os mistérios.
Todas as religiões árias seguem as mesmas rotas e a mesma senda. São espirituais e puras ao começar; fazem-se fortes e potentes ao seguir seu caminho, para chegar a seu apogeu, quando a mente e o espírito da religião se juntam, unificam-se. Depois decrescem, fazem-se intelectuais e sábias, dogmáticas e rígidas, frias e obscuras, e terminam em uma organização sectarista, conservadora das próprias divindades.
Tem que ser assim, irremediavelmente. Uma mistura de Espírito e matéria não pode ser mais que uma luta entre o Espírito e a matéria. Quando o Espírito domina, o materialismo é vencido. Porém, quando a força material se sobrepõe ao Espírito, este se oculta sob espessos véus.
Detrás das formas dogmáticas e práticas de todas as religiões, está um princípio real e divino.


Ensinança 2: Os Vedas

Depois da Luta dos Mil e Quinhentos anos, os ários que emigraram para a Ásia Central deixaram para os seus descendentes a Revelação e a Tradição de uma magnífica religião que foi transmitida através dos Vedas milenares.
Os Vedas, palavra que quer dizer “ciência pura”, é um conjunto de hinos e cânticos que aqueles antigos povos costumavam elevar a seus deuses. Hinos que no começo não estavam escritos, mas eram transmitidos oralmente, de geração em geração.
O Vedas se dividiram com o tempo em quatro grandes grupos: 1° Rig; 2° Sutra; 3°  Brahamanes; 4° Atharva.
Por estes livros sagrados se deduz que se conhecia já um princípio infinito e imenso, de onde surgiam todas as coisas criadas: Aditi, o infinito.
Detrás deste conceito universal, formava-se a idéia de um Deus Criador, pessoal, forte, que encerra em si todo o poder do bem. Este é Indra, o segundo deus hindu, que luta continuamente contra o mal e contra o espírito das trevas e da obscuridade: Vritra.
 Os Vedas chamam Indra: “O único  Deus que professa amor aos mortais, que os auxilia, que derrama, a mãos cheias, seus bens sobre eles”.
Os ários, antes de se dividirem em diversos povos, possuíam um único idioma: o zenzar. E todos têm, em suas vozes primitivas, em seus vocábulos básicos, uma única raiz e um único relato que recorda uma região onde habitaram anteriormente, fria, de neves e de longos invernos.
O zenzar foi sucedido pelo sânscrito, que se transforma depois, com o tempo, como todos os idiomas primitivos, em línguas sacerdotais e religiosas.
A língua sânscrita é, para os hindus, Vak, a vibração eterna, que eles transformam em divindade.
Os versículos dos Vedas, quando são modulados segundo as antigas entonações, têm uma vibração de especial poder, a qual se chama mantra.
Agni, o fogo; Phritivi, mãe da terra; Mitra, o sol; Varuna, as nuvens; Arimau, o lar familiar. Em uma palavra, todas as manifestações da natureza, todos os costumes, as virtudes, o bem e o mal, são materializados e transmitidos à posteridade como divindades. Ensinam que aqueles antigos e nômades povos de pastores foram se estabelecendo pouco a pouco, desde a Pañchala, que quer dizer país dos cinco rios, hoje Punjab, até alcançar uma civilização de proporções fantásticas.
As leis de Manu, o mais antigo código hindu, descrevem quais foram as bases, a ordem desse povo e de sua religião.
Depois de um Deus infinito, Aditi; depois de um Deus Criador, Indra e de um princípio de luta entre o bem e o mal, Indra e Vritra; depois do culto às forças naturais e atmosféricas - também se encontra na religião hindu, o culto à Trindade, princípio que é encontrado em todas as religiões árias.
Este conceito é muito posterior aos Vedas e representa um Deus uno, porém com três aspectos: o de Brahma, Vishnu e Shiva, que são imagem da mente cósmica, da energia primária e da substância indiferenciada.
A religião ária é una, natural e divina. Porém, sucessivamente, os povos lhe deram diversos nomes.


Ensinança 3: O Brahmanismo

Os ários basearam todas as suas religiões, filosofias, letras e artes sobre os Vedas.
Os Upanishads, os Sutras, que constituem a moral e a filosofia do Hinduísmo, não são mais que amplos comentários dos textos primitivos baseados em sua religião.
Cresce o povo ário, faz-se forte e potente, até que o desejo de poder fomenta contendas intestinas e guerras terríveis.
Nos Puranas, descreve-se a guerra entre os deuses e os elementos; no Ramayana, descreve-se a guerra dos ários, guiados pela Divina Encarnação de Rama, contra os atlantes; no Mahabharata está descrita a guerra dos hindus entre eles. Nessa epopéia,  aparece Krishna, o oitavo Avatar de Vishnu, guiando Arjuna à vitória.
A conversa sustentada entre ambos, descrita no Bhagavad Gita, é ainda hoje a base espiritual de muitos devotos na Índia e os que seguem esta religião são chamados Vaichnavitas.
No fim do Mahabharata aparece Shiva, o deus do destino e da destruição e Kali, sua esposa. Estes deuses tomaram desde então grande incremento e serão aqueles que mais templos terão na Índia, gerando essa prole de yogues e tântricos, místicos e exercitantes dos poderes psíquicos, que ninguém no mundo poderá superar. Ainda Yaghannart, o rei do mundo, que passeia uma vez por ano em seu carro milenar, é imagem de Shiva.
Os exercícios dos yogues estão especialmente descritos na “Yoga” de Patanjali, no “Shivagana”, no “Chakra Nirupana”. Este amor dos hindus por sua religião e pelas práticas espirituais, faz com que sejam aptos para que suas religiões se multipliquem em infinidade de seitas, que seria impossível nomear. Todas elas impulsionam ao estudo das coisas internas e abstratas.
 A Vedanta Purana é a filosofia que afirma que tudo o que está fora do Imanifestado é maya.
A Vedanta Advaita, que admite como única realidade o Absoluto, tolera, não obstante  um princípio criador, Purusha (o Espírito) e um princípio vital e substancial, Prakriti (a matéria).
Detrás destas filosofias e teologias, há uma infinidade de pandits (sábios), brahmacharin (monges), sanyasin (místicos), que renunciaram a todas as coisas, de Yogues Iniciados que renovam, mantêm, purificam e depuram continuamente a única religião primitiva dos Vedas. Entre eles, Chaitanya-Sankaracharya e, ultimamente, Ram Mohum-Roy (o fundador do Brahmochamay), Ramakrishna, Vivekananda (o fundador da Missão Ramakrishna) e o poeta filósofo Tagore.
A pura religião dos Vedas teve também, como se viu, sua época de obscurantismo, depois da guerra descrita no Mahabharata.
Debilitados os povos, os sacerdotes tomam as rédeas do governo.
Eles eram chamados brahmanes e colocam seu nome em lugar do de Indra, como o nome que se deve atribuir à Divindade: Brahma. E, para consolidar seu poder, dividem a raça em quatro castas, pondo-se eles próprios à cabeça, como dinastia divina.
Apesar disto, muitos brahmanes eram verdadeiramente descendentes dos antigos Reis Iniciados ários.
As quatro castas foram divididas do seguinte modo:
1° Brahmanes: sacerdotes e dirigentes espirituais do povo.
2° Chatriyas: casta dos reis e guerreiros.
3° Vaisyas: casta dos industriais e comerciantes.
4° Sudras: casta dos serventes.
Como conseqüência negativa destas leis, levadas ao despotismo, houve terríveis resultados, que ainda hoje em dia são difíceis de extirpar totalmente. 


Ensinança 4: O Egito


O antigo Egito se estendia além da costa nordeste da África até uma ilha completamente submersa atualmente. As primeiras cinco dinastias, cuja memória se perde no tempo, pertenciam integralmente à Raça Atlante.
Vencidos estes antigos atlantes pelas nova Raça Ária, foi o Egito o berço dos ários de tipo semita que povoou a parte sul do Egito atual, depois que o velho Egito atlante foi sepultado no oceano.
A antiga lenda egípcia recorda este grande dilúvio quando assegura que o rei Menes desviou o curso do rio Nilo para edificar, na nova margem, a cidade de Mênfis.
Daí que a religião egípcia tenha sido a que mais relações e semelhanças teve com a sabedoria atlante e com os segredos divinos e iniciáticos do continente perdido.
As ciências do Egito - que construíram obras que ainda assombram o mundo - foram perdidas e ocultadas porque pertenciam à Escola Sacerdotal dos descendentes dos atlantes, as quais os egípcios faraônicos haviam aprendido por herança.
O costume de pôr o faraó acima dos sacerdotes, ao contrário do que fizeram os brahmanes hindus, demonstra o quanto estava arraigada no povo a recordação dos Grandes Reis primitivos do tempo da Grande Luta, que eram ao mesmo tempo Sacerdotes Videntes e Reis Iniciados.
A religião egípcia se fundamenta essencialmente sobre este conceito: um reino humano e poderoso, imagem do Reino Divino e Superior.
O faraó, o rei, o dirigente absoluto de todos os habitantes do grande território, é o poder único, a voz primeira, uma verdadeira imagem de Deus.
Dispõe da vida e da morte. É o rei verdadeiro, protetor de sua gente; é o sacerdote único, intermediário entre a terra e o céu. Não há outro sobre ele; não há outro além dele.
Ele não só tinha à sua disposição o exército, mas também todo colégio sacerdotal; ou melhor, o exército era a força humana do faraó e a casta sacerdotal, sua força divina.
Um faraó não era somente o Marte da Guerra, mas também o supremo Oráculo do Templo.
Nesta imagem do Rei Iniciado do Egito está condensado todo o poder desta Raça que cruzará os milênios impávida e altiva, sem ser derrotada - até que haja cumprido sua missão e aprendido toda experiência que lhe era necessária.
A vastidão do reino egípcio não era causa para que não fosse bem regulamentado e dirigido. Este povo, que via em seu faraó a expressão de Deus, não deixou por isso de divinizar a natureza e as forças que dela emanavam. E, como era um povo nitidamente camponês e agricultor, divinizou a terra e seus frutos, o sol, as estrelas e, sobretudo, o caudaloso Nilo, o grande rio que podia proporcionar-lhes abundante colheita ou abandoná-los sem pão.
Este rio foi tão divinizado que se reputava sacrilégio tentar averiguar o lugar de seu nascimento, pois a lenda rezava que seu manancial estava no céu, no seio da Divindade.
Este povo simples e trabalhador, que não tinha outra religião além dos impulsos da alma e das manifestações naturais que o rodeavam - e que não tinha outra potestade mais que a do Rei - lutou intensamente contra os povos que queriam arrebatar-lhe seu solo.


Ensinança 5: Deuses Egípcios


A recordação da divina religião atlante, fomentou entre os egípcios o culto aos deuses solares: Ra (o sol), Atonu (o deus solar), Shour, Anuri, Amon (deuses dos dias).
A recordação dos grandes Instrutores, dos Divinos Iniciados que haviam guiado esse povo, inspirou os deuses dos mortos: Sokaris, Osíris, Ísis, Anúbis e Neftis, são seus expoentes.
Porém, o culto à natureza, característica da nova Raça Ária, cria os deuses dos elementos: Gabu (a terra), Nuit (o céu), Nu ( a água primordial), Hapi (o Nilo).
Estes deuses se transformaram de geração em geração, mudaram e viveram como os homens, foram adorados em uma comarca e abandonados em outra, quase como se tivessem vida humana.
Mas, os deuses dos mortos são os que mais profundamente estiveram arraigados no coração dos egípcios desde seu grande Rei Iniciado, Menes.
Os deuses solares n ão eram considerados supremos em todas as regiões, mas cada região tinha seu deus predominante.
Em Denderah, adorava-se Hathor; em Sais, Nit; no Kab, Nekhabit e em Elefantina, Harmakhis.
Os deuses do Egito tiveram templos maravilhosos em Mênfis, em Tebas, em Elefantina, todos eles edificados sobre as ribeiras do Nilo. Ainda podem ser vistas as ruínas de Karnac, Denderah, Edfu e Philæ.
Onde se vê a magnificença da recordação religiosa do Egito é na esfinge de Gizeh, nas pirâmides milenares, que são ao mesmo tempo tumbas funerárias, templos de veneração aos antepassados, câmaras iniciáticas e livros de pedras sobre as quais está escrita a ciência do Universo.
Osíris, o senhor da morte, com seus quarenta e dois juízes infernais, recebe a alma, enquanto o coração do morto fala em prol ou contra si mesmo. Ísis é sua esposa, é símbolo da lua, rainha da morte.
Osíris é o Bem, porém luta constantemente contra Sit-Tifon, imagem do Mal. Osíris é vencido por Sit-Tifon, é despedaçado e seus membros mutilados, lançados ao Nilo. Porém, sua esposa Ísis, dolorosamente procura os mutilados membros na água, junta-os e chora sobre o cadáver do deus morto e sacrificado pelo Bem.
Desse corpo mutilado surgirá o Libertador; nasce uma casta criança, Horus, que vencerá definitivamente Sit-Tifon.
No antigo Egito, quando se comemorava os mistérios de Osíris, faziam-se grandes festas, velava-se o corpo do deus morto, revestia-se a imagem de Ísis com negros véus. Porém, quando ele ressuscitava em Horus, tudo era festa e alegria.
Hermes Trimegisto, o três vezes sábio, é a imagem sobre a Terra da Divina Encarnação.
Em todas as religiões árias, encontra-se este Homem, Uno entre todos, que é venerado pela posteridade como uma Divina Encarnação.
O conceito da Trindade não falta na religião egípcia, mas sempre com o aspecto da constituição de uma família divina.
Osíris e Ísis engendram Horus; Ftah, deus masculino, e Sokhit, deusa feminina, dão vida a Nerfetunus.
Sobre todas as tumbas deste antigo povo, encontram-se estas três cabeças divinas entrelaçadas.
Os grandes livros desta religião, cuidadosamente guardados pelos sacerdotes, de centúria em centúria, possuidores de todos os segredos da sabedoria atlante, foram completamente destruídos pelos próprios sacerdotes para que não fossem entregues aos profanos.
Algum texto oral transcrito existia na biblioteca de Alexandria. Porém, as chamas destruíram para sempre este tesouro. Unicamente se conhece algum fragmento, mal transmitido, do Livro dos Mortos.
Os egípcios tinham uma idéia exata da existência do corpo astral  e o chamavam duplo do homem ou k. Disto advieram o grande culto que tiveram aos mortos e sua arte de embalsamar tão belamente que ninguém soube copiar. Eles procuravam conservar a aparência do corpo físico para que o ser, ao renascer, tomasse o mesmo aspecto da vida anterior.
Diziam que o ka ou corpo duplo era uma imagem sutil, reprodução da imagem física, que envolvia a alma que eles chamavam khu e que emitia sutis radiações e fosforescência.


Ensinança 6: Ordenamento das Religiões


Explicou-se nas lições anteriores que duas grandes religiões fundamentais se haviam canalizado no começo da Raça Ária. Os Vedas fundaram uma religião humana que se transformou depois em humano-divina. Os egípcios mantiveram uma religião divina, que depois se transformou em divino-humana.
Têm-se então duas religiões fundamentais: a védica e a egípcia.
Uma e outra, alternadamente, venceram-se, superaram-se, assimilaram-se, desprestigiaram-se. Mas, a finalidade foi que triunfasse a religião védica e que se perdesse a religião egípcia.
Os Vedas fundaram uma religião humana que se transformou em divina. Enquanto que os egípcios desapareceram com seu povo, depois de haverem entregue aos homens o tesouro de sua Divina Religião.
As duas grandes correntes, védica e egípcia, foram as fundadoras das dez grandes religiões do mundo antigo até o advento do budismo.
Os Vedas fomentaram as religiões dos caldeus, persas, gregos, gauleses e romanos.
Os egípcios fomentaram as religiões dos assírios, sargônidas, hindus, israelitas e mongóis.
Estas dez grandes religiões plasmaram a Idéia Mãe da Raça Ária, a luta entre o Espírito e a matéria, o balancear dos pares de opostos, a intensa luta entre uma razão humana e uma intuição divina.
Os caldeus, os persas e os gregos eram de tez branca, grandes propulsores da vida e da civilização, pelo esforço próprio. São um vislumbre do que o homem poderá alcançar, apenas com o impulso de sua vontade e de seu discernimento.
Os gauleses, enxame de ários, esquecido nas regiões do centro da Europa, tiveram a missão de conservar o mais pura possível a religião da natureza.
Os romanos, formados pelo refinamento grego e impelidos pela onda de bárbaros do Norte, formaram entre estas duas correntes, a religião mais forte de nossa Raça, pois sobre eles se fundou o cristianismo e toda a atual civilização.
Os assírios e os sargônidas, em suas origens, eram de tez escura e transmitiram, com seu extraordinário desenvolvimento, mais intuitivo do que racional, a divina religião dos egípcios.
Os hindus conservaram a primitiva religião egípcia, através de seus deuses e ritos mágicos.
Os israelitas têm a missão de manter, com sua religião, o conceito de um Deus Único e Pessoal, perpetuando-se durante todo o transcurso da Raça Ária como símbolo vivo da origem de nossa própria Raça.
Os mongóis foram os que transmitiram as altas ensinanças de Confúcio e Lao-Tsé.


Ensinança 7: Os Caldeus


Como dois imensos rios que se encontram e se juntam entre si, a antiga religião divina dos atlantes e a nova religião dos Vedas se uniram e floresceram na nascente Raça Ária.
A nordeste da África, estendia-se uma terra inóspita e quase desabitada.
Como imensa massa de sal, a finíssima areia do deserto era a única dona do território. Porém, no limite oriental deste deserto, estabeleceu-se uma nova Raça que foi depois conhecida com o nome de Meda.
Dois grandes rios, o Eufrates e o Tigre, sulcavam este deserto. Estes aliviaram e ajudaram a tarefa fundadora dos novos habitantes.
Depois, a história da destruição da Atlântida será escrita nos anais caldeus como a lenda do “Deus Belo”. Pela maldade dos homens, Deus resolve destruí-los e encarrega Xisusthros de construir uma arca e de guardar nela todo ser bom, e de navegar para a terra de Nicir, terra prometida de salvação.
Titãn e Ner, gigantes caldeus, são também vislumbres do conhecimento que tinham da gigantesca Raça Atlante.
A luta dos primitivos caldeus contra a rebelde natureza e incomodidade do terreno que habitavam, e a recordação do culto natural de seus antepassados ários, fez com que divinizassem os elementos e fenômenos naturais. Porém, o culto mais arraigado deste povo, que alcançaria um grau elevadíssimo de civilização, é aquele da existência da vida após a morte, da reencarnação e da influência dos seres bons e maus sobre a Terra e os homens.
Por isso, o primitivo sacerdote caldeu é o mago que, com perfeita vocalização, afasta os espíritos inferiores e invoca a proteção dos bons.
Este estudo profundo das artes mágicas faz dos sacerdotes e Iniciados caldeus, grandes químicos e grandes conhecedores do aspecto oculto da natureza. Como aprenderam que toda influência humana está sujeita à influência estelar e sideral, foram astrônomos consumados. Tão certo é isto, que os templos caldeus podem ser considerados como grandes observatórios.
Os antigos templos eram retangulares e se chamavam ziggourat, com três, quatro ou sete andares sobrepostos. Estavam construídos sobre grandes colinas artificiais e o andar superior, de forma semiesférica, era um perfeito aparelho telescópico fundido em prata e ouro. Ali estava a câmara secreta da deusa Ishtar, na qual não podiam entrar senão os Grandes Sacerdotes Iniciados ou os Iluminados que houvessem alcançado a clarividência mental.
Os povos caldeus que primitivamente se constituíram em clãs para a disciplina de sua organização, rapidamente alcançaram um grande poder de civilização. Não punham nem pedras nem mármores como os egípcios, porém souberam escrever sua história sobre grandes tijolos de barro, que chegaram até os dias atuais.
Também adoraram um Deus Único, Zi Ana (Deus Criador), Si Kia (o Deus humanizado), o Redentor feito homem, chamado o Grande e Sublime Peixe.
Enlil é o aspecto mau de Deus, rei dos lugares tenebrosos, dos infernos e do mal.
Os caldeus também conheceram o conceito religioso da Trindade, já que dignificaram Anu, Bel e Ea como um só Deus com três cabeças.


Ensinança 8: Os Assírios


O povo assírio estava destinado a formar uma religião semita, por excelência. Havia-se formado forte, indômito e guerreiro, já que era destino da Assíria manter-se independente à custa de guerras contínuas, pois rodeavam-na potências inimigas.
É lógico então, que a religião assíria seja por excelência guerreira e a personificação dos poderes da guerra, do combate e da vitória.
O rei dos assírios, Assur, é um Iniciado semita que guia este povo à conquista de uma civilização nova: a civilização pela força.
Os assírios, ao saberem-se fortes, não foram cruéis com os vencidos, para poderem aprender seus ensinamentos, assimilar seus bons costumes e entrefundir os valores construtivos.
Assur, o Rei Iniciado, transforma-se em Cidade Santa e a Cidade Santa se transforma em Santuário vivo que tem Assur por culto supremo.
Foi testemunho deste valor progressista dos assírios, a grande biblioteca de Assur. Ali estavam reunidos documentos da antiga civilização atlante, da história dos primitivos assírios e o livro da profecia e da construção da grande pirâmide de Quéops.
Como a religião assíria é a religião do combate, seu deus construtor é o grande rei vencedor; o aspecto feminino da Divindade está representado por Semíramis, a filha divina de Derketo de Ascalón.
Semíramis foi abandonada ao nascer e foi recolhida por um pastor chamado Simas que a criou amorosamente e a instruiu na arte da guerra. Casada com Oanes, seguiu-o nos combates. Nino se enamorou dela, arrebatou-a do esposo e a associou ao império. Desde então, ela cruzou a vida sobre um resplandecente cavalo de batalha, indo de vitória em vitória, vencendo inimigos, fundando templos, enriquecendo de tesouros de arte a grande Nínive. Depois, seu filho Nínias conspirou contra ela. Quando ela o soube, ferida pela dor, transformou-se em uma branca pomba que desapareceu no céu.
O culto primitivo dos assírios era o mesmo que o dos caldeus. Adoravam o “Deus Belo” e lhe ofereciam sacrifícios. Porém, depois formaram um culto próprio, divinizando seus reis ou transformando esses deuses estrangeiros em deuses nacionais.
Desta antiga religião não fica, nos dia de hoje, nenhum resto no mundo. Mas, sua história de grandeza religiosa, de um Deus Uno e Trino, de um castigo e de um prêmio depois da morte, está escrita em todas as religiões que a sucederam.
Quando o povo assírio decresceu e começou sua decadência, os cultos primitivos puros e fortes - que imploravam a vitória antes do combate ou celebravam o triunfo depois da batalha com ritos simples e primitivos - foram sendo suplantados por cerimônias luxuosas e sacrifícios humanos.


Ensinança 9: Os Persas


À medida que iam se sucedendo as civilizações árias, as religiões, uma após outra, iam mudando, modificando-se e transformando-se.
Na bacia do Tigre, na Ásia Central, havia-se levantado um povo forte e indômito, o assírio, que logo cresceu e desenvolveu uma potente civilização.
A grandeza deste povo é recordada pelas cidades populosas e perdidas de Assur, Nínive e Gale.
À imitação do povo egípcio, seu grande inimigo - o qual venceu e pelo qual, por sua vez, foi vencido - divinizou o aspecto da natureza, da Deusa Pomba, a grande rainha Semíramis, enquanto que a adoração do aspecto masculino de Deus foi simbolizada pelo fogo sagrado, que ardia constantemente nos templos.
Haveria de surgir uma nova religião, uma religião que divinizasse e exaltasse mais o conceito divino, despojando-o da grande quantidade de ídolos, estátuas e cultos variados, em que havia caído.
A divina religião atlante estava esmagada sob as estátuas monstruosas de numerosos deuses. E a pura e natural religião dos primitivos ários havia sido suplantada por formas grosseiras.
Assur, o deus alado, que sai do disco solar, havia perdido todo significado harmônico da humanidade enlaçada com a Divindade.
Em uma vasta meseta da Ásia, circunscrita pelos rios Indo e Tigre, e pelo mar Cáspio, formava-se uma nova raça, mistura de persas, medas e de assírios, a raça irânia ou persa.
Nos alvores de sua civilização, para restaurar e harmonizar o culto religioso, desceu entre eles um Grande Iniciado, Zoroastro. Este grande ser destruiu a idolatria e levantou o estandarte do grande Deus, o Deus Único, o Verbo Solar: Ahuramazda.
Desde então, o culto solar, símbolo da religião divina dos atlantes, brilhará outra vez sobre todos os estandartes, sobre todos os tronos, sobre todos os altares.
Em sua juventude, Zoroastro é levado por Vohumano, deus tutelar da raça, a uma alta montanha, onde Ahuramazda lhe entrega o Avesta, código sagrado da nova religião.
A religião iraniana estabeleceu os dois princípios fundamentais do bem e do mal. O bem há de ser premiado nesta e na outra  vida. O mal há de ser castigado nesta vida pela lei e na outra pela pena e o pelo castigo divinos.
Até na morte esta nova religião se despoja das muitas formas, já que expõe seus mortos sobre altas torres, para que as aves de rapina comam as carnes dos cadáveres e os ossos sejam calcinados ao sol.
A religião iraniana abre um parêntese novo entre as religiões árias que haviam perdido sua primitiva harmonia, baseada no culto monoteísta e politeísta ao mesmo tempo, se bem que depois, com o passar do tempo - e como todas as religiões - ela também se tenha materializado e adorado deuses diversos. Todas as religiões sucessivas jamais perderam o verdadeiro conceito da religião da raça, que é uma recordação divina encerrada em uma forma humana.
Desde as margens do Oxus e do Laxartes, situadas próximo à mística meseta do Pamir, desciam os iranianos para Bactriana e Nizaya. Dessa multidão de tribos nômades surgiram os impérios Meda e Persa.
Como um sonho, chegaram até os presentes dias os relatos das grandes cidades dessas nações: Ecbatana e Persépolis.
Seu idioma primitivo é do tipo zenzar e sânscrito, e estava relatado no Avesta, livro que se perdeu completamente, pois o Zend-Avesta não era senão um comentário do texto primitivo (Zend: comentário).
O conceito religioso dos persas era natural e divino. Tudo emanava do Eterno, o chamado Zervani-Akerena. O Imanifestado se expressava em um deus manifestado: Ormuzd ou Ahuramazda. Havia também um deus do mal: Ahriman.
 O conceito que tinham da vida não era nem de bem absoluto nem de mal absoluto, porque regia para eles o mais alto conceito dos pares de opostos. Ormuzd nem sempre é aquele que triunfa, mas periodicamente existe a idade do bem e a idade do mal. Uma coisa contrabalança a outra. Porém, o grande deus dos persas é Mitra, imagem da energia cósmica.
 Ormuzd, Ahriman e Mitra formam a Trindade Sagrada. O bem e o mal passam, mas a Energia Divina permanece eternamente.
Este conceito de adoração ao sol faz que a imagem solar brilhe sobre os palácios e os estandartes dos persas. Todo o Irã é a cidade do deus sol.
 Como resultado desta ardente veneração, surge a adoração ao fogo.
Nesses templos resplandecentes de ouro, o fogo é o único símbolo, a única imagem.
Pelas chamas do altar, os sacerdotes predizem o futuro e, através do fogo, chega a voz dos deuses.
O grande profeta do Iran foi Zaratustra, a Divina Encarnação aparecida para renovar o povo persa decaído. Não há que confundir este profeta com Zoroastro, que foi o Iniciado que levou os primitivos iranianos de Bactriana à meseta do Irã.
Toda a religião persa é cosmogônica e astronômica em seu símbolo e em sua forma. O sol é a morada das almas bem-aventuradas. Porém, para ascender até ele, as almas hão de passar por sete portas, imagem dos planetas, mas também imagem das etapas iniciáticas que devem ser escaladas para chegar à liberação ou estado de Iniciado Solar.
Nenhuma prova fica da civilização nem do grande adiantamento dos persas, já que a História só conhece alguma coisa após a dinastia dos Sassânidas.
Os persas também tinham em Persépolis uma grande biblioteca e um museu com exemplares dos tempos mais remotos dos ários, que foram destruídos pelos gregos sob o mando de Alexandre.
A religião persa desapareceu totalmente do Irã, mas na Índia existe o mazdeísmo, que é uma imagem daquela antiga religião, a segunda depois do hinduísmo, que chegou até nossos dias. Ainda hoje, o sacerdote mazdeísta ou parsi acende o fogo sagrado sem tocá-lo: coloca no alto, sobre dois paus de sândalo, o lume para que se acenda. E, em alguns templos, este fogo permanece sem ser aceso, esperando-se, durante anos, um raio do céu que o acenda.
Antigamente, os sacerdotes persas, que dominavam perfeitamente os elementais, atraíam sobre o altar um raio do céu para que o acendesse.


Ensinança 10: Os Sargônidas


Também é costume chamar, Assíria, à segunda grande época assírio-semita deste povo irânio. Não obstante, existe uma grande diferença entre estas duas épocas e entre um e outro povo.
Já se viu que os assírios eram descendentes dos ário-semitas que haviam assimilado os povos negros, primitivos, submetidos a eles.
Cresceram e se fizeram poderosos e sábios, mas veio também para eles o tempo da decadência.
Já não adoravam o Deus Único. Os sacerdotes já não eram os mensageiros entre o Altíssimo e os homens. Os potentes templos, depósitos de energia guerreira, já não eram mais que galerias de estátuas de deuses, de toda forma e dimensão. Os reis já não eram os retos descendentes do mitológico rei Nino, mas se entregavam aos vícios e à indolência.
Enquanto isso, as províncias semitas, sujeitas aos assírios, haviam-se feito fortes, aborrecendo os costumes pagãos e desejando voltar ao culto do único e verdadeiro Deus.
Deus criou um homem, guerreiro indômito, de grande valor e fortaleza, de nome Sargão e de origem semita.
Ele instigou seus irmãos de raça contra os reis reinantes. Levantou-se em guerra e venceu pouco a pouco os dominadores, ficando como senhor e rei de todo território assírio.
Por isso, é chamado “Sargão, o Usurpador”. E com ele começa a época dos assírios-sargônidas, de origem semita.
Este homem renovou o povo; renovou as cidades, fundando novas, e esmagou as províncias rebeldes; destruiu os ídolos e restabeleceu o culto a Deus, venerado em Espírito e verdade.
Toda sua vida, até que foi assassinado, foi de guerra e reforma. Venceu a barreira que o Egito e o Elman colocavam à Assíria e fez seu reino imensamente grande.
Depois da conquista da Caldéia e de haver saqueado pela segunda vez a Babilônia, edificou templos de sete escalinatas nos quais se venerava a árvorte sagrada, imagem das sete manifestações eternas e copiada dos mistérios da deusa Ishtar e do “Deus Belo”, da Babilônia.
Antigos fragmentos de barro representavam o rei Sargão em pé, diante da árvore sagrada, com a cabeça inclinada, como se a estivesse adorando.
A árvore sagrada era imagem, segundo os sacerdotes sargônidas, de Deus Manifestado.
A primeira parte, composta de três ramos, representava a manifestação inferior ou animal; a segunda parte, ramos de cor vermelha, representavam a vida do homem; outros ramos de cor azul celeste, representavam a existência dos mundos intermediários, onde moravam os antepassados guerreiros.
Os outros ramos superiores, de cor amarela, representavam a morada dos anjos ou espíritos superiores. O quinto, o sexto e o sétimo ramos eram imagem do Deus Trino e Invisível.
Esta forte raça foi a que mais tarde deixaria sua ensinanças, seus símbolos e suas escrituras aos moabitas e aos hebreus.


 Ensinança 11: Os Gregos

Nas ilhas Egéias crescia um povo bárbaro que havia de ser o rebento dos celtas e fundador da Grécia.
Parece que o destino deixara na mais profunda obscuridade e no mais profundo abandono, os povos que haviam de ser fundadores de grandes raças e de dinastias gloriosas.
Estes povos semi-selvagens não conheciam a escrita nem as artes nem sistema social, pois viviam completamente em contato com a natureza, praticando uma religião puramente humana e externa, resíduo da primitiva religião ária.
Todas as forças da natureza, todas as manifestações da vida, transformavam-se para eles em divindade. Não tinha este povo um conceito de um Deus Único nem de um Rei Iniciado que governasse sobre a Terra, como tiveram os egípcios com seu faraó.
Constituíram-se em clãs e nunca a Grécia foi maior do que quando governada como república.
Com estas tribos egéias, jônicas e dóricas, formou-se a Grécia.
Suas mais antigas lembranças estão relatadas em duas epopéias nacionais: a “Ilíada”, que descreve a destruição de Tróia e a “Odisséia”, que canta as aventuras de Ulisses.
Grandes cidades surgem ao redor dos templos das diferentes divindades e são, ao mesmo tempo, cabeças religiosas e legislativas destes povos, entre elas: Atenas, Esparta, Corinto, Tebas, Samos e Mileto.
Com seu adiantamento, a Grécia se estendeu até a parte meridional da Itália, chamada Magna Grécia.
Zeus, filho de Rea, inspira-lhe aquele sentimento de força que obriga a vencer a todo custo.
Deméter, a deusa da terra e da fertilidade, assegura-lhes o fruto do trabalho bem executado.
Afrodite, a deusa do amor, nascida de brancas espumas do mar, concede-lhes o direito ao prazer e à vida.
E o Olimpo, monte da Macedônia, transforma-se no paraíso, onde moram seus muitos deuses, e onde a juventude e a felicidade são perenes.
Os gregos, depois de haverem vencido os persas, fizeram-se cada vez mais fortes e maiores e, no tempo de Alexandre, filho do rei Felipe da Macedônia, seu esplendor chegou ao apogeu.
Alexandre fundou uma cidade no Egito que seria a sede do novo império dos Ptolomeus e foram fundados ali o museu e a biblioteca - maiores e mais ricos em documentos eruditos e históricos que a humanidade já viu.
À medida que a Grécia ia engrandecendo, adquiria conhecimento da unidade de Deus.
Dela sairão os maiores filósofos: primeiro, Sócrates, o qual, por crer em um Deus Único, foi condenado à morte; e depois, seu discípulo Platão, que tão maravilhosamente afirmou a existência de um Ente Supremo e explicou o significado oculto das diferentes divindades gregas.
A este, seguiram-se Aristóteles, Xenofontes e muitos outros.
A sabedoria grega está profeticamente sintetizada em Pitágoras. Ele explica o sentido vedantino da eternidade e o aspecto criador do Universo, com exatidão matemática.
Nenhuma religião expressa, como a grega, a pureza e a simplicidade do culto primitivo dos ários. As forças naturais que vão tomando corpo pouco a pouco - transformando-se em pessoas vivas e em divindades - são de uma beleza tal, que milhares e milhares de anos depois de haverem desaparecido os gregos e sua religião, seguem vivendo nos tratados de seus filósofos, estudados até os dias de hoje, e nos testemunhos artísticos que imortalizaram aquelas lendas.
Na antiga Grécia, o culto verdadeiro, com deuses, imagens e cerimônias, começou no período chamado Micênico. Porém, não tiveram os ídolos gregos seu apogeu, senão na idade helênica.
A idade helênica está constituída pelas dinastias dos eólios, jônios e dórios. A união destas três forças enriquece a antiga Grécia em religião, poesia, escultura e música, pois o culto helênico é um resultado das belas artes - não sendo as belas artes um resultado do culto, como em outras religiões.
Toda força, todo impulso, todo ato de valentia, une-se às artes e cria um deus.
Pode-se observar isso no nascimento da mitologia dos povos. Cronos e os antigos titãs é a civilização incipiente, a cultura em seu início, pois deste povo ignorante e forte, surge Zeus, o grande deus.
Já é um deus símbolo de força, de ordem, de vitória, de uma lei constituída para o progresso e engrandecimento dos gregos.
No Olimpo, onde ele reina, reúne a seu redor todas as divindades: do ar, do mar, da terra, do céu e do inferno.
É o Absoluto que encerra em seu punho invulnerável, em sua vontade inquebrantável, todas as forças humanas e divinas, assim como sonhavam ser os helênicos um povo único que dominasse todos os outros e que os tivesse sob seu domínio pela persuasão, pela força, por todas as artes.
Zeus divide seu reino celestial com seus irmãos Posseidon e Ares; Hera, esposa e irmã do deus, é símbolo do poder potencial e manifesto; uma multidão de filhos ajuda os severos deuses a reinar.
Palas Atena é a deusa da força e da guerra. Protege Atenas e os estudiosos, já que nasceu de um pensamento inspirado de Zeus.
Febo, deus da luz solar, símbolo da energia vital do astro rei, adornado de beleza e de graça, levando a flecha e a lira, fere os desejosos do saber e os encanta com a inspiração da poesia, da música e das belas artes.
Artemísia é a irmã do sol, símbolo da noite clara, da lua, das campinas, dos caçadores. Protege e regula a vida fisiológica da mulher.
Hermes, símbolo do filho de Deus, é venerado como mensageiro dos deuses. Protege a juventude, promessa futura do povo e, por último, salva as almas e as guia à mansão da paz.
Hefaísto é o deus do fogo. Ninguém tem, como ele, a habilidade de trabalhar os metais, símbolo do fogo místico e da corrente vital geradora dos seres. Sem ele, sem seu grande poder, não poderia Afrodite, a deusa da beleza, do amor e da geração, dar vida aos homens. Hefaísto é o único, o legítimo consorte, apesar de que ela tenha outros amantes, porque o poder gerador é uno em seu aspecto fundamental.
Ares é o deus da guerra violenta, rejeitado pelos demais deuses.
Héstias é a protetora do lar, é o anjo da guarda.
Posseidon, imagem da matéria instintiva, é o soberano das águas e do mar, das tempestades e dos terremotos. Leva na mão um tridente, símbolo do poder dos elementos ou do triângulo inferior: mente, energia e matéria.
Deméter, irmã de Zeus, é a mãe da terra que dá vida à natureza. Faz florescer as árvores, fecunda as colheitas e enriquece as vinhas.
Porém, o deus do vinho, como símbolo de bacanal, de esquecimento, de gozo astral, é Dionísio ou Baco.
Não são estes os únicos deuses do Olimpo helênico, pois seguem-lhes uma quantidade de deuses menores, como seriam: as Parcas, símbolo das deusas do destino; as nove Musas; as três Carites, símbolo da graça e da beleza.
Os gregos divinizaram também os heróis, porém o verdadeiro culto se esforçava em encontrar o Deus Único detrás de todos os aspectos de cada divindade.
Xenófanes, o grande filósofo, deplorava o conceito do vulgo de adorar o símbolo externo dos deuses e esquecer o Deus Uno, Aquele que não tem nem corpo nem forma, mas é pura essência.
A poesia ajudou muito a enriquecer o culto com os cantos nupciais, funerários e épicos.
Ainda antes que o divino Homero escrevesse sua “Odisséia”, eram recordados os nomes de grandes poetas como: Lino, Himeneo e Orfeu.
Todas as artes foram criadoras e colaboradoras do culto.
Nenhum povo chegou nas artes e na filosofia tão alto quanto o grego, a tal ponto que será difícil superá-lo.
Esta civilização, nascida entre as colunas das sete ciências, tocou e aprofundou todos os conhecimentos, descobriu e sintetizou todas as belezas e deu um novo sentido à vida, mediante a poesia, a literatura e a filosofia.
É impossível enumerar todos os artistas do período arcaico, pois são numerosíssimos. Entre eles, pode-se recordar Sólon que, além de poeta, ditou as leis de Atenas e foi um dos sete sábios dessas épocas heróicas. Não se pode esquecer Safo, a maravilhosa poetisa do amor, que cantou os prazeres da vida com tão delicados tons, como muito poucos puderam fazer depois dela.
Porém, o maior lírico da Grécia foi Píndaro, cujas poesias chegaram fragmentariamente aos dias de hoje.
Como ele, muitos: Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Epicarmo e Aristófanes.
Não se deve esquecer Esopo, o autor das prosas satíricas nem Heródoto, o historiador.
O que mais enriquece o saber grego é essa legião de homens estudiosos e amantes da verdade: os filósofos.
Com Xenófanes começa aquela coluna de sábios maravilhosos. Já então este escrevia altamente sobre a origem do Universo e sobre o conceito da Divindade.
Porém, no período ático é quando brotam os filósofos como flores.
O mais antigo é Tales de Mileto, que baseou sua filosofia no estudo da física, da geometria e da astronomia. Considerava a água como o princípio originário de todas as coisas naturais.
À sua escola pertencem Anaximandro e Anaxímenes, ambos oriundos de Mileto, que consideravam o Universo, além de sua concepção física, como resultado de um elemento mais sutil, desconhecido, que chamavam “massa concreta infinita”.
Heráclito de Éfeso pertenceu também à escola física e atribuía aos elementos, um espírito divino.
Tem-se nessa época, Xenófanes, o filósofo monoteísta, que rejeitava as imagens e que pareceria ser predecessor dos iconoclastas.
Porém, a escola filosófica que alcançou mais alto relevo foi a itálica, dirigida por Pitágoras. Ele foi, antes de tudo, um grande matemático que aplicou os fundamentos da matemática e da álgebra ao Universo e às leis metafísicas. Foi um dos primeiros a expressar a idéia da metempsicose ou reencarnação.
Leucipo de Eléia fundou uma filosofia atômica, sustentando que a alma do homem é um resultado causal e energético do agrupamento atômico celular.
Empédocles quis sintetizar o Espírito com a matéria. Por isso, imagina o Universo como duas grandes correntes que, ao confundirem-se entre si, criam a manifestação da vida.
O primeiro a dividir e agrupar os elementos foi Anaxágoras. Também o fez Hipócrates, o médico filósofo.
As filosofias gregas haviam decaído e cada vez se materializavam mais, até chegar à sofística e sua escola.
Foi então que surgiu Sócrates, o grande filósofo do Espírito.
Sua obra foi completada por seu discípulo Platão, fundador da escola acadêmica, que deixou um enorme número de obras escritas, nas quais se vê claramente seu profundo sentido espiritualista e esotérico.
Desde então, começam os filósofos a voar pelos espaços da mente e a buscar as sutis questões das coisas imponderáveis.
Aristóteles é o filósofo das idéias, da mente, das concepções espirituais, do sentido estático da vida, fundador da escola peripatética.
Enquanto estas escolas espirituais iam se difundindo, outras duas escolas haviam nascido em Atenas: a epicurista e a estóica.
Epicuro, fundador da primeira, ensinava seus discípulos que os deuses não se ocupam dos assuntos humanos e que o homem nasceu para gozar sabiamente dos prazeres da vida, satisfazendo com reto equilíbrio seus desejos, rejeitando a dor e a aflição, e que não há que temer a morte, posto que não é mais que uma dissolução do corpo.
A escola estóica foi fundada por Zenon de Cippo e sustentava que a felicidade do homem consiste unicamente na virtude e em dominar por completo as paixões.
A moral cristã está baseada nesta escola, que considerava a alma humana como uma parte e não como uma emanação da Divindade e que o supremo bem consiste em poder auxiliar os semelhantes.
Os últimos filósofos gregos, chamados “do período romano”, já muito influenciados pela grandeza de Roma, foram Jâmblico, Heliodoro, Dionísio e muitos outros. Entre eles há alguns cristãos pertencentes à escola neoplatônica como Justino, Plotino, Orígenes, Basílio e Eusébio.
É digno de se mencionar o grande filósofo de Alexandria, Amônio Saccas, fundador da escola esotérica neoplatônica.
Basílides pertenceu também a esta escola e pode-se dizer que, com ela, pereceu aquela legião magnífica de filósofos gregos, fundadores de todas as escolas que ainda regem o mundo.

Ensinança 12: Os Índios

Por uma estreita franja de terra que havia escapado aos muitos sismos, vieram restos de tribos atlantes, emigrando para o centro do continente americano.
Este se estendia, virgem e esplêndido em seu estado selvagem, até o Sudoeste, onde a cordilheira assomava suas cristas imaculadas, surgindo da espuma do mar.
Estes povos atlantes fundaram ali, no coração da selva, florescentes colônias.
Dizem as tradições incas que quatro irmãos foram os fundadores de Cuzco, mas um deles matou os demais e os transformou em penhascos, convertendo-se ele mesmo, depois de sua morte, em penha, para ser adorado.
O culto primitivo dos índios era o das pedras, sobre as quais depositavam suas oferendas e faziam seus sacrifícios.
Após a grande catástrofe que submergiu o antigo continente atlante, novas tribos, das poucas que se salvaram, foram chegando.
Estas conheciam, na grande cidade das portas de ouro, o puro culto à Divindade Solar.
Estabeleceram os mesmos ritos sobre o penhasco de Huiracocha, deus essencial e princípio infinito. Acenderam o fogo sagrado do deus Pachacamac para que este elevasse perenemente sua chama ao deus solar, o grande deus Inti.
Levantaram-se grandes templos, todos de ouro, pois o rito solar não admitia, para seu serviço, instrumentos nem adornos que não fossem do áureo metal.
Virgens vestidas de branco e adornadas com coroas de ouro, às quais somente um rei inca podia desposar, mantinham constantemente acesa a chama no santuário.
O aspecto masculino, simbolizado pelo sol, era completado pelo culto feminino da deusa Mama-Quilla ou Coya, a lua. A seus templos, que eram totalmente de prata, os fiéis concorriam à noite, em longas filas, para render-lhe culto e para reverenciá-la.
Os incas também adoravam outros deuses: Catequil, deus do trovão; Cuicha, o arco-íris, deus da paz; Chozco, deus do amor, similar a Vênus.
Este povo conhecia o princípio fundamental do Universo, porque tinha idéia de um deus imanifestado, Piguerao, aquele que desaparece quando o Universo se manifesta, gêmeo de Atachucho, deus pessoal, nascido do ovo primitivo.
O primeiro casal, o Adão e Eva americanos, eram Manco Capac e Mama Oello Huaco, ainda que nem todos cressem que esses houvessem sido os fundadores da raça humana, pois alguns tinham como fundador da mesma, Inca Roca, descendente direto do sol.
Muito parecidos, em religião e costumes, com os incas, e também descendentes dos atlantes, são os astecas, miltecas e toltecas.
Ao contrário dos peles-vermelhas das montanhas rochosas, que haviam conservado em alto grau os costumes de uma religião completamente espiritual, com hábitos patriarcais e veneráveis, estes índios da América Central eram materialistas, ferozes e sanguinários.
O Universo, para eles, havia sido criado por Citlantonac, o universo sutil, em união com Citlalique, o universo denso.
Recordavam, em seus anais cosmogônicos, quatro idades: a idade da água, quando a Terra, habitada pelos gigantes, havia sido inundada pelo dilúvio.
A segunda idade, quando a terra onde os gigantes sobreviventes haviam-se refugiado foi destruída por movimentos sísmicos e grandes tremores de terra.
A terceira época, do ar, havia sido arrasada pelos ciclones.
Quanto à quarta época, do fogo, as imensas chamas devoraram os seres humanos e, deste fogo, nasceram e se elevaram ao céu, o Sol, a Lua e as estrelas, que povoam o firmamento.
Com a faca quebrada de Citantlonac, formaram-se os deuses e de um osso de um deus morto, nasceram os homens.
A Terra era venerada na deusa Amon, porém a preferida era Cinteolt. Esta era a que presidia o crescimento do milho, a planta tradicional dos índios e também protegia a germinação.
Representavam-na como uma bela mulher, carregada de espigas e com uma criança nos braços. Imolavam-lhe vítimas humanas que deviam ser pessoas sem defeitos físicos, sãs e fortes. Estas eram postas sobre a pedra do sacrifício, abria-se-lhes o peito com uma afiada faca e o coração arrancado, ainda palpitante, era consagrado à terrível deusa.
Impossível seria enumerar todos os deuses venerados por estes povos. Tosi era a mãe dos deuses, a avó dos homens, protetora dos magos e dos feiticeiros.
Mixcoatec era o rei das tormentas; Xiulteculti, o deus do fogo. Cihuatcoalt, a deusa serpente, bondosa e amável, havia dado à luz antes que qualquer outra mulher e amparava as mulheres no transe maternal.
Mas, o grande deus, o doce deus vestido de branco, é Quetzalcoatl, a serpente emplumada, aquele que fomenta a paz. Quando desceu entre os homens, proibiu os sacrifícios humanos e desterrou os maus.
Especialmente venerado pelos toltecas, seu símbolo era uma cruz. Cansado de estar entre os homens, quis regressar às regiões celestes, deixando Tula, a cidade máxima onde era venerado, na desolação.
Depois dele reinou o deus Texcatlipoca, mau, vingativo e perverso, que voltou a semear a dor entre os homens.
Os índios foram desaparecendo rapidamente, ficando sepultados para sempre sob as cidades perdidas, os tesouros e os testemunhos de sua antiga e divina religião.
Porém, como nada perece por completo, ficou ainda intacta, nas Montanhas Rochosas, uma antiga tribo de índios, descendentes puros da perdida Raça Atlante e das dinastias da águia.
Ainda hoje, repercute nas montanhas o eco profundo dos nomes venerados de Manitu, o deus eterno e de Masson, o filho do deus vivo. Ficaram ali como símbolo eterno.


 Ensinança 13: Os Gauleses

Os celtas deram lugar aos gregos, macedônios e cartagineses. Povos belos, fortes, guerreiros, flexíveis e amantes da natureza.
A origem dos romanos é muito duvidosa porque os etruscos, antigos ressaibos dos iranianos, e os sabinos, habitantes do Lácio, eram de origem ário-semita. Porém na Sicília e ao longo da costa da Calábria, viviam os povos itálicos, de pura raça celta que, com o tempo, enriqueceram suas terras e, misturando-se com os outros povos, fundaram a casta romana.
Os celtas se estenderam ao longo da costa atlântica da Espanha, invadiram a Gália, passando pelas ilhas britânicas.
De pura raça celta era o povo gaulês, cujas terras se estendiam desde a Itália Setentrional até o oceano e o Reno.
Os espessos bosques, as selvas virgens, os caudalosos rios, as passagens impraticáveis, os longos invernos, as numerosas feras, faziam muito dificultosa a chegada de outros povos até ali.
Os próprios gauleses, privados do contato e obrigados a lutar duramente por sua existência e conservação, mantinham-se em estado semi-selvagem.
O clã era a suprema autoridade, ou melhor dito, era-o o conceito de família e a experiência do ancião.
Como viviam do produto da caça e da pesca, adoravam as imagens daqueles animais, levando-as como amuletos, além de plumas, ossos, etc.
Plínio os descreve muito bem: de aspecto feroz, duro olhar, defendiam-se com pedras e lanças toscamente lavradas. Seus gritos selvagens e guturais assustavam e punham em fuga o exército inimigo.
A casta sacerdotal ou druida, foi a mais representativa dos gauleses. Eram consagrados desde pequenos à deusa da guerra. Viviam separados de seus pais, aos cuidados dos sacerdotes, sendo adestrados na arte da guerra e no manejo das armas.
Quando adultos, todo povo os servia e reverenciava. Ao começar a primavera e ao transformarem-se as neves em água ou, mais exatamente, depois da primeira lua cheia de março, chegava o ansiado tempo de combater.
Como deuses guerreiros, guiavam seu povo. As contendas eram travadas entre as próprias tribos ou, conjuntamente, contra os bárbaros da outra margem do Reno.
Não tinham mitologia própria. Adoravam a natureza, as árvores, as montanhas, os rios e, sobretudo, os antepassados.
Tinham uma casta de virgens dedicadas ao serviço do templo, adoradoras da lua, à qual rendiam perene homenagem e culto.
Durante os plenilúnios, estas saíam em longas filas, vestidas de branco, cantando hinos e implorando ajuda. A mais anciã e esperta se transformava em pitonisa e predizia, pelas entranhas palpitantes dos pássaros recém-sacrificados, o porvir das tribos, o destino dos povos, a hora da guerra e os sinais de bênção ou de maldição.
O povo irmão dos gauleses foi o povo germano.
Como perdidos na imensidão das planícies de neve dos países nórdicos, na atual Escandinávia, vivia um povo celta.
Eram homens de cabelos vermelhos, de olhar penetrante e metálico como o aço, de corpos altos e esbeltos, cujos gritos, como o vento, repercutiam na vastidão dos desertos glaciares.
Herdaram de seus pais ários, o culto à divina natureza que embelezavam com lendários e poéticos contornos.
Irmãos destes povos são os germanos do norte da Europa que conservam o tipo, o culto e a vocação guerreira.
A epopéia destes povos está escrita na Edda Escandinava, seu livro sagrado. Não deve ser confundida com os Eddas que Snorri Sturleson escreveu no ano mil e duzentos.
Alfadur é o deus único nascido da luz boreal, sobre os céus luminosos. Thor ou Donar é o deus do poder; Odin é o deus da sabedoria; Freyr, o da bondade. Eles constituem a trindade escandinava.
Odin, com o passar do tempo, superpõe-se aos demais deuses, transforma-se no potente Wotan, deus e senhor do céu e da terra, outro Júpiter que, com mão segura, dirige os destinos dos deuses, dos homens e dos demônios.
Seu inimigo é Sartur, o negro Satã da terra e dos abismos. Entre eles está o espaço frio e implacável.
Friga é a esposa de Wotan, símbolo da fecundidade, da santidade do lar, da dignidade do matrimônio.
Seus filhos são os brilhantes Azas, os trinta e dois valorosos guerreiros defensores do Walhala. Combatem contra Imes e seu povo, os gigantes do gelo.
Uma grande guerra se estabelece entre a terra e o céu, entre os gigantes e os deuses. Thor, o deus do relâmpago - primogênito de Odin - e Bera, deus do valor, lutam na grande guerra e destroem os imensos bonecos de gelo.
A terra se converte em um rio de sangue, aparecendo sobre ela uma nova raça. Da decepada cabeça de Imes surge o primeiro casal humano: Aske e Embla.
Do pensamento poderoso de Wotan nasceram nove brilhantes virgens, as clarividentes Walkírias. Elas anunciam o combate e conduzem o vencedor morto, o soldado caído, à morada feliz do Walhalla, sobre seus brancos cavalos. Vêem o destino dos homens e os dirigem sempre à vitória.
Para os povos selvagens das frígidas selvas, o combate era o supremo culto religioso. Com ímpeto incontível, lançavam-se à peleja porque sabiam que depois da morte seriam levados ao paraíso, sobre um branco e alado corcel, pelas deusas guerreiras.
O culto se efetuava em plena selva, sob o carvalho ou o freixo sagrados. O carvalho estava dedicado aos antepassados e o freixo aos deuses.
Ali a pitonisa selvagem, vestida de branco, à luz da lua cheia, invocava os deuses e decidia o dia e a hora do combate. Estava acima dos chefes do clã e sua palavra era absoluta e sagrada.
Às vezes Furni, o lobo feroz, atado pelos deuses a uma terrível corrente, ululava entre trovões e relâmpagos, clamando por sangue humano. Então, para aplacar a ira do terrível lobo, eram-lhe sacrificadas vítimas humanas.
Sobre o altar de branca pedra, a sacerdotisa abria o peito dos jovens escolhidos para o martírio.
Porém este povo devia perecer, esta religião devia terminar, empurrados pelas águias romanas e pela cruz cristã.
Assim haviam predito seus livros sagrados quando profetizaram que Lake, o malvado, destruiria e venceria os deuses, que o Walhala afundaria entre as chamas, voltando tudo ao estado de ruína.


Ensinança 14: Os Hebreus


Um povo semita se havia expandido em diversos lugares da Ásia e havia-se transformado, de tribos errantes, em fortes povos, como os fenícios, os arameus e, em menor escala, os moabitas.
Porém, outros rechaçaram esta idéia sedentária e preferiram o deserto à cidade, a lona da barraca à cômoda casa, o pão ázimo dos fornos naturais aos saborosos manjares.
Entre os demais povos, ainda os semitas, costumava-se esmiuçar a Divindade, dando-lhe diversos aspectos e formas.
Mas, estes puros filhos da areia e das rotas intermináveis não tinham em sua mente simples a não ser um único conceito de Deus: Eloh, o Espírito, o Invisível, a Força Desconhecida, o que não podiam definir.
Esses nômades da terra dividiram-se em diversas tribos, talvez as doze tribos de Israel. Porém, os que tomaram preponderância sobre os demais foram as de Ben-Israel e Ben-Jacob.
Esses nômades, que os assírios e os caldeus chamavam hibrim, que quer dizer hebreus - ou seja, os que  vêm de além-rio - tinham um altíssimo culto à conservação da própria raça e à pureza do sangue.
Eram eles os descendentes dos semitas atlantes, aqueles que, por centúrias e centúrias, haviam tido que lutar para manter intacto o sangue que tinha que ser transmitido às gerações posteriores para formar o novo tipo de homem.
Haviam tido a missão ancestral de manter no mundo o tipo físico da nova raça que havia sido engendrada de seus ascendentes atlantes.
Esta força de preservação da raça se manifestava como uma intolerância absoluta a misturar seu sangue com alguém de fora de sua tribo.
A religião dos primitivos hebreus era completamente simples e ampla.
Enquanto as caravanas e os camelos iam lentamente cruzando os caminhos que levavam para o Eufrates ou pelos caminhos da Síria ou do Líbano, elevavam suas preces ao Todo Poderoso, com lentas canções rítmicas, análogas ao Iasar dos israelitas  e ao Kitab-el-Aghni dos árabes.
Todas as tardes paravam e acampavam próximo a um oásis, e antes de seguir lentamente sua marcha, levantavam uma pedra comemorativa chamada “Iad”. Ou quando não encontravam uma grande pedra, juntavam montões de pedras, que os árabes do deserto, ainda hoje, chamam de El Galgail.
O vento - que levantava dunas imensas e assobiava  por dias e noites através de suas tendas; o raio - que feria implacavelmente seu gado, tão amorosamente guiado; a lua - que traçava sua senda com uma franja de luz projetada sobre a areia; o céu estrelado e o sol abrasador; eram para eles “Eloh”.
Em lugar de dividir esses elementos, de dar-lhes diversos nomes e atributos, assimilaram-nos entre si, juntaram-nos em uma única expressão de poder sobrenatural, “Elohim”, que é ao mesmo tempo o Deus Uno e os poderes de Deus, juntos no Uno.
Esta simplicidade de culto que haviam praticado os primitivos egípcios, caldeus e assírios, e que foram perdendo, paulatinamente, com o tempo e com o progresso, havia lançado as bases do conceito monoteísta, tal qual perdura ainda no mundo.
Jehová é o nome dado a Deus em tempos posteriores, quando este Deus Uno se faz mais material e mais unido aos destinos do povo israelita.
Não tinham os hebreus mitologia alguma, pois a simplicidade de seu culto não a admitia. Nem tinham um culto propriamente dito, pois levavam consigo no Terafim ou arca portátil, o azeite que costumavam derramar sobre as pedras recordatórias.
Os hebreus tiveram cultos e templos somente depois do cativeiro do Egito e da Babilônia, uma vez que se estabeleceram na Palestina.
Os semitas tinham o conceito de que Deus é o Todo, o Absoluto, Aquele que não se pode nomear. Aquele que abarca todas as coisas. Porém, tinham o conceito de que o homem é passageiro.
Diferentemente dos ários - que crêem em uma vida depois da morte, que crêem nos Pitris, protetores invisíveis da raça - os semitas, e em particular os hebreus, não crêem que o homem subsista no além. Basta-lhes ter uma velhice venerável e respeitada; basta-lhes que seu nome seja pronunciado com veneração depois da morte e que a recordação do patriarca seja perpetuada em sua raça.
No além, não há mais que o nada, o silêncio eterno, o que o homem não tem direito de investigar. No mais extraordinário dos casos, alguns homens esclarecidos serão arrebatados, ainda em vida, para os reinos de Deus, para viver junto a Ele.
As tribos nômades dos hebreus ou melhor, algumas delas, haviam-se estabelecido no baixo Egito e, de tal forma se fixaram ali, que adquiriram nome próprio, já que eram denominadas Ben-Josef. Tiveram predomínio sobre os Ben-Israel e os Ben-Jacob e atraíram-nos para si, dominando-os depois e mantendo sobre eles um predomínio aristocrático.
Porém, as freqüentes invasões nômades haviam debilitado o Egito e os faraós. E freqüentes revoluções internas eram suscitadas por estes estrangeiros nas províncias faraônicas.
Um jovem levita, que fazia parte do serviço do culto egípcio, chamado Moisés, levantou os hebreus contra o faraó e, à cabeça desse povo, induziu-os a fugir para o deserto de Canaã.
O povo hebreu nada tomou do culto egípcio, já que sempre foi considerado reprovável na Judéia tudo o que recordava o Egito: o bezerro de ouro, a serpente de bronze e outros ídolos. O único que mantiveram foi o sacerdócio egípcio copiado dos levitas.
Todo culto hebreu, como já foi visto, está baseado nos cultos da Caldéia e da Assíria. No entanto, o puro culto primitivo aos Elohim, que havia culminado na bela figura patriarcal de Abraão e que era unicamente monoteísta universal, transformou-se, pouco a pouco, em um monoteísmo racial: Yaveh, o Jeová do judeus, já não é um Deus Eterno que tudo abraça. É o deus peculiar do novo povo, um deus reduzido a uma estreita franja de terra, a um pequeno número de homens, a uma relatividade personalista.
À medida que esse povo se estabelece em Canaã e se institui como tribo fixa, condensa mais em si este deus individual.
Faz-se cada vez mais obscuro o conceito espiritual dos hebreus, apesar do reinado de Davi e do Templo de Salomão. Quanto mais vai progredindo o esplendor terreno, mais se estende o materialismo entre eles.
Porém, a dor e os profetas despertaram este povo para manter, através das Raças, a herança da religião semita.
No cativeiro da Babilônia, longe de Jerusalém, longe dos esplendores da Palestina e da grandiosa solenidade de seu templo destruído, voltaram a pensar na verdadeira imensidão de Deus e a prestar ouvidos às palavras de vida eterna de seus profetas.
De volta a Jerusalém - por vontade de Ciro, o grande rei da Pérsia - restabeleceram o culto mais puro. Esdras reúne as perdidas e esparramadas leis do povo, amplia e estabelece definitivamente a Torah.
A vida espiritual floresce e, filosofias e homens de religião proclamam a existência do Espírito depois da morte.
Os saduceus, posteriores, são os materialistas, enquanto que os fariseus são os espiritualistas de Israel.
Não só consideram a letra morta da lei. Eles estudam sua parte esotérica e oculta. E quando os cristãos nascentes quiseram assenhorear-se dos livros sagrados dos hebreus, estes não tiveram inconvenientes em cedê-los, dando assim, aos cristãos a letra morta e ocultando a parte esotérica, que teve um belo reflexo no Talmud.


Ensinança 15: Os Romanos

Os racenos - que com o correr dos séculos se chamariam etruscos - foi um povo de extraordinária civilização, como ainda hoje o demonstram os restos de monumentos descobertos nas escavações daquelas cidades perdidas.
Porém outros povos, de origem semita e, em particular, aquelas tribos que depois se chamaram Ligures, invadiram a península itálica, destruindo seus antigos moradores e impondo suas leis e religião, de origem egípcia e divina.
Começa desde então o culto aos antepassados e a transformação do herói e do chefe morto da tribo, em deus.
A origem dos antigos romanos é completamente mitológica e está baseada nas crenças de todas as antigas religiões árias: um deus feito homem.
Rea Sílvia, sacerdotisa do culto do fogo ou solar, desposa secretamente o deus Marte e é mãe de Rômulo e Remo. As duas crianças estão constituídas por uma manifestação divina e humana. Abandonados no rio, recolhe-os um pastor e os amamenta uma loba, símbolo da descida das almas puras aos mundos inferiores, para conquistá-los.
Rômulo, depois de haver matado seu irmão, fundou um povoado de foragidos que implantaram um reino, à força de braço e de esforço.
Por isso, como a dos assírios, sua religião se baseia na força, no poder, na guerra, na ordem, na lei, no militarismo.
A suprema religião dos romanos é a coragem, a vitória no combate e o engrandecimento de seu povo.
O único deus, o único sacerdote, é o rei que os governa ou o ditador ou o imperador. Não têm outro deus além daquele aquele orgulho indômito que nunca os detém nem os deixa repousar.
A águia deve haver sido a primeira imagem religiosa dos romanos porque, como ela, quiseram sempre levantar mais alto vôo.
Depois de fazerem-se grandes e de estenderem seus domínios extraordinariamente com o contato com os gregos, que tinham inato o sentido da religião e da mitologia, escolheram deuses.
Os romanos nunca tiveram deuses próprios e sim os copiados do Olimpo Helênico: Júpiter, rei do céu, é o Zeus de Atenas; Vênus é Afrodite; Marte é Ares; Apolo é Febo; Vulcano é Hefaísto; e assim sucessivamente.
Porém, com o culto e com a imitação dos deuses gregos, decaiu o conceito do culto familiar, do culto primitivo e foi assim socavada a grandeza de Roma.
O povo romano foi, em particular, ou muito supersticioso ou muito céptico, e era tal seu poder e esplendor, que atraía para si todos os cultos das demais religiões existentes.
No tempo do império eram inumeráveis as seitas que existiam em Roma, às vezes com muito descrédito e diminuição dos deuses próprios e de seu culto. Era de se esperar, por conseguinte, uma reação como a que ocorreu no tempo dos cristãos.
O império romano havia tolerado tudo e havia admitido todos os deuses em seu panteão. Porém, não podia renunciar a divinizar o homem que o governava pois, sobre o poder quase divino dos soldados que o dirigiam, estava o sustento e a armação de todo o império. Daí a perseguição violenta que se desencadeou contra os cristãos, que negavam essa divindade básica do império.
Nem em ciência nem em filosofia os romanos foram ricos porque adaptavam as filosofias dos gregos e as ciências estrangeiras, estimando a guerra como supremo interesse e único anelo do homem.
Pode-se dividir o período religioso romano em três etapas:
1ª: Aquela do culto natural e familiar do povo guerreiro, que foi a de máximo florescimento.
2ª: O período de adoção dos deuses gregos, que foi o de fixação do império.
3ª: O período cristão, que foi de rápida decadência para o grande império das águias.


 Ensinança 16: Os Mongóis

As origens da civilização da China (Chun-Chin) se perdem entre as brumas dos tempos védicos, pois vedas foram as tribos que se estabeleceram sobre o penhasco de Chung-Yang, vencendo seus primitivos habitantes, assimilando-se e adaptando-se aos mesmos.
Este país, que se estende desde o Tibete até o mar Amarelo, guardou melhor do que ninguém, o conceito de uma religião divina, já que, à semelhança dos egípcios, vê no imperador o ser supremo. Este governa os homens e os deuses. O panteão dos deuses chineses está sujeito, em sua categoria, às ordens do imperador. Daí o nome deste reino: Celeste Império.
O imperador mais antigo e real - já que as dinastias anteriores são unicamente mitos e lendas - foi Yu, da dinastia dos Hia.
Ele levantou cidades, organizou exércitos, combateu seus inimigos e saiu sempre vitorioso de suas empresas.
Desde então, datam os anais chineses, que são códigos perfeitos na ordem social, moral e econômica.
Porém, quem transforma a grandeza imperial da China em religião é Confúcio.
Transforma a ordem militar, em filosofia prática; obediência ao rei, em devoção filial, como deve o filho ao pai, o homem a Deus. Estabelece uma disciplina que há de transformar a dor humana em uma felicidade contínua. Mas, para que isto seja possível, é necessário que o dirigente, o chefe, seja perfeito e ajuste sua vida a uma estrita moral.
O Livro dos Anais, escrito por ele, transformou-se em código, em texto religioso, que é ainda, guia da alta aristocracia chinesa.
Porém, a religião de Confúcio não se ocupa da vida depois da morte, pois é meramente materialista. Toda sua finalidade consiste em proporcionar ao homem uma vida mais venturosa e cômoda.
O filósofo, o grande Iniciado chinês da metafísica, é Lao-Tsé. Ele ensina aos homens a ciência da alma. Diz que tudo o que vemos é manifestação de um princípio sublime, oculto e fundamental, e que a felicidade verdadeira é buscar aquela verdade única que pode reintegrar o ser a seu estado primitivo.
Yan, o princípio masculino e Yin, o princípio feminino, são as duas forças energéticas que mantêm o Universo.
Lao-Tsé deixou na China um número tal de discípulos, que formaram um verdadeiro exército e uma religião que ainda hoje subsiste, chamada Taoísmo. Tao significa caminho, a religião, porém, com o tempo, a religião taoísta perdeu os primitivos conceitos de espiritualidade pura e se transformou em uma religião mágica. O sacerdote taoísta é aquele que afasta os maus espíritos, consagra as almas dos mortos familiares, fabrica amuletos, relíquias e o licor extraído do pêssego, que é como o elixir da vida, um estimulante para rejuvenescer.
Porém, a religião que mais se difundiu na China foi o Budismo, embora hoje predomine o Xintoísmo, que é uma síntese das três e, no entanto, é independente,  baseando-se no culto ao fogo. O imperador professa essa religião porque é a síntese das outras três; a aristocracia segue as leis de Confúcio; os sacerdotes e os sábios, as de Lao-Tsé; o povo é budista.
O Budismo vai tão estreitamente ligado à figura de seu fundador, que é impossível falar dela sem recordá-lo.
Em Kapilavastu, pequeno reino do Punjab, nasceu o príncipe Sidharta. Sua mãe, Devaki Maya, morre ao dá-lo à luz e ele fica aos cuidados do rei, seu pai e dos sábios do reino. Cresce sem conhecer as misérias do mundo, entre as comodidades de seu palácio. Jovem de vinte anos, toma por esposa uma princesa vizinha, sendo logo pai de um menino.
Porém, sobre a fronte do formoso príncipe paira uma nuvem de dúvida infinita: o desejo de conhecer a vida.
Por isso, sai um dia de seu palácio e, ao ver que os homens sofrem, envelhecem e morrem, decide abandonar sua coroa e sua família para buscar o segredo da felicidade eterna.
De príncipe, converte-se em sanyasin que, mendigando seu pão, percorre os caminhos poeirentos em busca do Arcano.
Segue o caminho do estudo e do conhecimento, prova os exercícios yoguis tântricos; reduz pela penitência seu corpo a um esqueleto; percorre as provas do amor místico; porém não encontra o segredo.
É então quando, sob a sagrada árvore de Bo, recebe a suprema iniciação e descobre o porquê do sofrimento do homem: o apego é a causa da dor da vida, da morte e do voltar a nascer. Quando o ser já não tem desejos, quando a renunciação é absoluta, não sofre mais, não vem mais à Terra e encontra a eterna felicidade, reintegrando-se ao Não Absoluto.
Desde esse dia começa sua missão na Terra: ensinar aos homens, a senda da felicidade, a reta senda.
Como uma reação produzida nas consciências religiosas, acossadas pelos muitos símbolos, cerimônias e leis, levanta-se poderoso, o simples budismo, arrastando a multidão.
Por onde Buda passa, surgem adeptos aos milhares.
Dizia que os homens eram todos iguais e com isso, dava um golpe mortal no hinduísmo, tão aferrado à divisão em castas. Dizia que Deus é o substratum de todas as coisas e com isso derrubava e matava de um golpe os deuses milenares. Dizia que a obra reta é a única que o homem deve executar, destruindo assim outra crença fundamental da antiga religião, que baseava o fruto da vida futura mais no auxílio divino do que na reta conduta.
Como cume de perfeição, Buda colocava o celibato. Por isso, seguiam-no colunas de monges que haviam abandonado tudo no mundo para ouvir e praticar sua palavra. Um dia, seu próprio filho chegaria a ele para pedir-lhe para ser admitido em sua Comunidade.
Não se pode imaginar o ódio que suscitou a doutrina do Buda entre os brahmanes. Porém, com o ódio, nasceu o desejo de rivalizar com ele. Foi como uma contra-reforma hinduísta.
Surgiram homens, entre as diferentes seitas hinduístas, que compreenderam que não se podia combater um homem tão esclarecido nem uma doutrina tão útil, a não ser com as mesmas armas. Compreenderam a necessidade de voltar à fonte primitiva de sua religião, de beber nas páginas dos Vedas, as verdades eternas que haviam esquecido para aplicá-las outra vez e professá-las em seus templos e cerimônias. Em uma palavra: o budismo despertou a consciência da Índia, trouxe a palavra de liberdade aos homens que até então haviam-se sentido escravos, e estimulou a reabilitação dos Vedas primitivos.
Mas não foi na Índia onde o budismo haveria de fixar-se.
Morto Buda, octogenário, nos braços de seu discípulo Ananda, começaram as lutas outra vez; e não terminaram até que, duas gerações depois, os chátrias, guiados pelos brahmanes, destruíram todos os budistas da Índia e arrasaram essa religião em todo seu solo.
Porém, o sangue dos mártires é sempre semente de novos triunfos: a religião de Buda não havia morrido. Só havia sido transplantada a outras terras mais férteis e mais necessitadas de seu auxílio espiritual.

INDICE:

Ensinança 1: O Manancial da Religiões
Ensinança 2: Os Vedas
Ensinança 3: O Brahmanismo
Ensinança 4: O Egito
Ensinança 5: Deuses Egípcios
Ensinança 6: Ordenamento das Religiões
Ensinança 7: Os Caldeus
Ensinança 8: Os Assírios
Ensinança 9: Os Persas
Ensinança 10: Os Sargônidas
Ensinança 11: Os Gregos
Ensinança 12: Os Índios
Ensinança 13: Os Gauleses
Ensinança 14: Os Hebreus
Ensinança 15: Os Romanos
Ensinança 16: Os Mongóis

 

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