Ensinança 1: O Caminhar da Alma
Transcrever-se-ão aqui Ensinanças Simbólicas que uma antiga Escola Esotérica deixou para seus adeptos e que foram traduzidas de um idioma antigo por alguns amantes da Sabedoria.
Esta Simbologia descreve o Caminho que a alma humana empreende desde os planos inferiores até alcançar sua liberdade espiritual.
Este Caminho se divide em sete partes. Os planos inferiores são indicados pelo Abismo, o Bosque Tenebroso e o Agitado Lago. Enquanto que os planos superiores estão expressos pelos Caminhos que levam ao Cume do Monte, ao Jardim das Provas e ao Templo de Ouro, imagens dos mundos mentais do sentimento, da compreensão e do saber.
O Espírito, ou melhor, o Estado Espiritual, é simbolizado pelo Cume Sagrado, situado além das chamas inextinguíveis, ou seja, além de todo estado mental. Cume Sagrado que guarda a Tumba da Divina Mãe.
A alma humana é descrita, em sua evolução ascendente, através de três tipos de homens com aspectos diferentes e que, não obstante, é um só. Pois o homem muda continuamente de um estado para outro, sendo fundamentalmente o mesmo ser.
O homem que é arrastado pela paixão é chamado o Viandante. Quando se torna mais seguro de si mesmo e sabe dominar seus instintos, é chamado o Peregrino. E quando chega à liberdade espiritual é denominado IHS.
A Mãe Divina, que é a manifestação do Eterno, é imaginada e descrita com diversos aspectos de mulher, de acordo com o grau de manifestação que expressa.
Ela é a Dama Negra ou Babel quando manifesta a matéria pesada e grosseira.
Quando expressa o sentimento, é chamada Anhunit.
Quando é dirigida pela razão, transforma-se em Philo.
Quando é iluminada pela Mente Superior e intuição, é Beatrix.
Quando é a expressão pura do Espírito, é Ahehia.
Mas, quando o Espírito e a matéria alcançam a harmonia perfeita, é chamada a Divina Mãe Adormecida: EHS.
Quando a alma humana sente o chamado a uma vida mais perfeita, no momento culminante em que decide tomar a Senda, é retida pela pressão que a natureza humana exerce sobre ela.
A Dama Negra está ali, sempre vigilante e sempre temerosa de perder sua presa: é a Grande Inimiga e a Dona do Umbral. E, com ela, corpo a corpo, terá que lutar o Viandante, se quiser franquear o centro do Pequeno Anel, dentro do qual ela é Rainha e ele, súdito.
Quando o Viandante quer abandonar o Pequeno Anel, a Dama Negra levanta um horrível torvelinho que o cega e desalenta, queima suas carnes com o enxofre das abrasadoras paixões e, qual serpente tentadora, levanta terrivelmente em sua memória, as lembranças dos passados prazeres e das lamentações, para que não os abandone.
Como, então, o homem abandonará o Abismo? Como poderá retirar as escórias que o ligam à terra, já que chegou àquela encruzilhada na qual intui que algo imenso e desconhecido existe, além dos sentidos físicos?
É a Hora das horas e, por um decisivo instante, as potências criadoras, latentes nas profundezas do ser erguem-se como um relâmpago, iluminando a alma e indicando-lhe o Caminho a percorrer para a conquista Espiritual.
Desde então, volta o Viandante a seu estado habitual, mas já não poderá ser o que era.
A Luz Divina, que por um segundo entreviu, deixou um estigma indelével em sua alma anelante de progresso. Ele já não poderá ambicionar o que antes tanto cobiçava. E fugindo dos bens mundanos, ver-se-á impulsionado a seguir adiante pela nova Senda.
Não importa se é dura a Caminhada, terrível o Abismo, escarpado o Caminho, espesso o Bosque e longa a viagem ao Cume. O amor o guiará, por ele cruzará o grande reino de Anhunit, a bela. E a razão lhe servirá de ajuda e de guia até que o Viandante se transforme em Peregrino.
Quando a alma chega a este ponto, penetra na Gruta Profunda, onde está guardado o Livro de Todos os Tempos que encerra o segredo do destino dos homens e não foi lido jamais por mortal algum, não Iniciado.
O discípulo poderá desentranhar ali seu passado, voltar a vivê-lo com mais consciente realidade e, desde ali submergir nas águas puras do Conhecimento. A própria Beatrix o mergulhará na Fonte onde só podem entrar os aspirantes à Sabedoria.
Mas ainda não terminou a luta. Já não é a noite dos sentidos e da Razão, mas a escuríssima noite da Prova do Espírito.
Ditosos aqueles que, na hora amarga em que estão suspensos no espaço entre o céu e a terra, sabem abandonar-se ao Sono Místico, nos braços da Fé, porque despertarão no Templo de Ouro!
O Peregrino deverá imolar até o último resíduo pessoal, em Suprema Renunciação, para ser digno da Mãe Divina.
Antes de identificar-se indestrutivelmente com Ela, deverá sacrificar até mesmo a idéia de sua distinção como ser e, morto tudo, renunciando aos frutos da própria Sabedoria, há de encontrar-se com sua Bem-amada Esposa.
Depois destes Supremos Desposórios, o Peregrino, transformado em Deus, vive no Eterno e é IHS.
A Mãe Divina e IHS são Um.
Ensinança 2: A Dama Negra
No dia 8 da Lua de Fevereiro, na volta dos Peixes, estando no Templo do Sol, o Grande Sacerdote sentou-se sobre a pedra de EHS, olhou a imensidade das águas desde onde avançavam a barca, o barqueiro e a tinalha de Aquário, rompeu depois o cordão prateado de sete nós, à altura do sexto nó e levantou-se com o Fogo na mão direita para abrir com um golpe de seus fortes ombros a porta chamada do Forte Libertador. E falou:
“Escuta à meia-noite, ó Viandante!, o canto das esferas celestes.
Na Tumba subterrânea, onde dorme Aquela que conhece o número, a medida e o arcano da existência, está escrita a história do Universo em místicos sinais.
Quem poderá decifrá-los?”
Ouve-se um grito desesperado.
“Veste tua túnica de linho e cobre teu rosto com o branco véu, ó Filho da Chama!, se não quiseres morrer.
É a alma da Mãe que chama seus Filhos, desde a Mansão da Morte”.
Vinte e oito sacerdotisas desfilam lentamente ao grito da conhecida voz.
“Observa acima a negra pedra caída do céu que fecha hermeticamente a Tumba da Divina Mãe Adormecida e olha as letras de ouro que falam.”
Sobre a Montanha de Fogo, no Templo das Chamas Inextinguíveis, Ela dorme. Por amor se sacrificou e o amor a libertará. Um círculo e uma cruz coroam as alturas: a Divindade imolada para a humanidade e o ser humano, por sua vez, feito Deus.
Um raio resplandecente desceu desde as alturas: é Foá. O suspiro de EHS fez estremecer as profundidades do Abismo.
Os dois Guardiães do Cume estão já dispostos para indicar o Caminho.
Mas, sobre a borda do Abismo de todas as misérias, a Dama Negra se levantou para impedir a passagem do Viandante.
Ensinança 3: O Princípio do Caminho
A Terra ainda está sob o signo zodiacal de Peixes e a Humanidade experimenta continuamente seu influxo. Os homens ainda vivem numa era de pares de opostos, de altos e baixos, de coletividades ou personalidades absolutas e, se bem que se vislumbre a nova Raça de Aquário que começará pelos anos 1972-1977, ela ainda não se afirmou sobre a Terra.
Desde que o signo de Peixes se iniciou, o dia 8 da Lua de Fevereiro é aquele que maior magnetismo descarrega sobre o planeta, por sua conjunção zodiacal. Por conseguinte, este dia é muito apropriado para começar todo trabalho psíquico e empreender estudos metafísicos que requeiram certo magnetismo para colaborar com a vontade humana.
Esta nova Raça de Aquário, no entanto, já apareceu, com seu novo signo, com sua nova personalidade e mentalidade. Indubitavelmente, a barca, o barqueiro e a tinalha de Aquário avançam com velocidade.
Porém, é necessário, antes que esta nova humanidade se afirme, que muitos seres do velho signo desapareçam para que se rompa definitivamente o cordão prateado de sete nós, à altura do sexto nó e que reine sobre o planeta a sexta sub-Raça.
Com cruentos esforços, o homem tem que libertar-se da carga de seus instintos, para chegar à liberdade do Espírito. Ele, por si só, tijolo por tijolo, deverá construir seu Templo interior, para edificar ali um altar à alma libertada pela verdade que, até então, somente conheceu através dos símbolos e das imagens.
O Grande Sacerdote, sentado sobre a pedra, é imagem deste definitivo triunfo espiritual, já que a alma, gloriosa e libertada, quando chega a este estado tão sublime, não transcende ao estado indiferenciado, mas permanece sobre o Umbral da Eternidade. Esperando - para reintegrar-se ao Eterno - que todos os seres alcancem a perfeição que ela já possui.
A mente, através de múltiplas etapas evolutivas, por uma Divina Lei de Conseqüências, pela graça infusa que adquire, depois de esforços e lutas, compreende o valor da Realização e ainda consegue vislumbrar que esse estado anímico superior não é a finalidade de seu destino.
A Tumba da Divina Mãe Adormecida revela à sua consciência alerta um estado muito superior e indiferenciado.
A alma sabe que, passadas as rondas, depois que todos os seres forem libertados, fundir-se-á no Espírito Eterno Indiferenciado, naquela potência negativa e absoluta que está além do domínio da mente. Por isso, desde o exílio, entoa já, apenas põe os pés na Senda, o Hino da Liberação.
Ensinança 4: O Abismo
“Levanta-te, ó Conquistador da Chama, para empreender teu caminho. A Divina Mãe te espera.
Sai da cova de morte e desespero, e corta com mão firme o duro cordão umbilical que te ata à podre placenta de tua torpeza e bestialidade.
Segue o rastro luminoso, antes que desapareça de tua vista na densidade das trevas.
Não esqueças o som que percebeste antes que o confundas entre os tumultos do Abismo. Fixa os olhos nas línguas de fogo longínquas, antes que te ceguem os fogos das abrasadoras paixões.
Não temas os monstros que se interponham à tua passagem, pois não vêem. Mas segue engatinhando pela escarpa, pois próxima está a borda que rodeia o Abismo, assim como as rochas imutáveis e imperturbáveis rodeiam as movediças ondas do oceano.
Não esqueças! Uma só vez ser-te-á proporcionada esta preciosa ocasião.
Se não a aproveitares, a ilusão terá que nascer em ti outra vez, amadurecer com dor, dar frutos de sangue vivo, até que, mediante a morte, voltes a vislumbrar outra vez a luz, ouvir o suspiroso chamado e ver acender-se para ti o Fogo Guiador.
Por que te deténs? Que ouves agora? Que te assusta?
É o rugido terrível que lança, desde as entranhas da terra, a besta abandonada, a dos 666 poderes.
Não te voltes para olhar! Não te balances sobre a borda do precipício. Cairias seguramente nele, envolto no pavoroso redemoinho que agita ritmicamente o afanoso respirar de tua Inimiga.
Amanhã sim! Voltarás para matá-la definitivamente, depois que Ela, despertada por teu beijo vitorioso, haja te confiado a espada de duplo fio da inquebrantável vontade.
Abandona também tuas vestes feitas com as recordações do desterro. Submerge-te nas saudáveis águas do Eterno, no lago tranqüilo e hospitaleiro do esquecimento. Veste uma nova túnica branca e sem costuras, ampla e singela como a Fé simples, a Esperança segura e o Amor tolerante.
Não deixes, antes de empreender a viagem, de friccionar os pés com o óleo perfumado e suave da paciência e da resignação, para enfrentar os obstáculos da longa jornada.
Esperam-te outras águas melhores, outro traje não feito por mão de homem, outro bálsamo para ungir-te Rei.”
Ensinança 5: Os Mundos Inferiores
O Abismo é a imagem da descida da alma aos mundos inferiores, humanos e intermediários, e de seu regresso aos mundos superiores para conseguir o conhecimento, já que o conhecimento é a chave da liberdade.
Cristo, depois de Sua morte, está depositado três dias no sepulcro, símbolo também destes três mundos. Desce aos infernos, liberta os moradores do limbo e remonta ao céu.
Dante, em sua “Divina Comédia”, para alcançar a Suprema Sabedoria, deverá andar pelo inferno, cruzar o purgatório e subir ao céu.
O adepto espiritual também tem que rodear o Abismo das paixões, empreender a viagem ao Cume do Monte e conquistar o prêmio da Divina Mãe.
A mente, tesouro maravilhoso para a manifestação da Vida Divina, é obstáculo para a Divindade em Si.
Então, o Conquistador da Chama é aquele que domina completamente a Substância mental, único meio para alcançar a Iniciação.
O discípulo vislumbra, em momentos de alta inspiração e êxtase, os espaços grandiosos da liberdade espiritual. Mas, como não é dono de si mesmo, tem que voltar a submergir-se na vida para conhecê-la melhor e dominá-la.
Tem que vencer a bestialidade e os instintos, e empreender lentamente a caminhada rumo à Liberação.
Ensinança 6: Vel e Aphel
Na Gruta dos Juízos está guardado o Livro de Todos os Tempos que mortal algum jamais pode ler.
É um Livro que nem a água danifica, nem o fogo queima, nem pode o tempo apagar seus caracteres.
Vigiam a entrada da Gruta, quatro Cavalheiros bem apetrechados com flamejantes espadas, elmos alados, couraças prateadas e duros escudos.
Mas IHS, o Filho da Chama, penetrou ali.
Por muito tempo não voltará o Viandante a vislumbrar o fogo da Mãe Divina.
No cruzamento da passagem de Abhayagiri, nas montanhas de Sumeru, levanta-se uma Porta de Ferro.
Três feras terríveis custodiam sua entrada.
Aquele que não quiser ser devorado por elas terá que ajustar a cintura com o Cordão Sagrado, descalçar-se e quebrar o Bastão de Aveleira.
Soará então, para ele, o sino do Vihara e a porta se abrirá ao toque da mão do Peregrino.
No quarto dia, encontrou-se o Viandante à beira do caminho que se bifurca.
Um se chama Vel e o outro Aphel.
O primeiro sobe rapidamente pela escarpa, custodiado por uma Águia de Ouro, até o Cume do Monte.
O segundo, semeado de cortantes pedrinhas multicoloridas, desce até a borda do Abismo e ascende depois, lentamente, em caracol, pela pendente, também até o cume.
É indispensável escolher um ou outro Caminho.
Ensinança 7: Os Dois Caminhos
O momento decisivo no Caminho Espiritual corresponde aos Dois Caminhos.
A primeira parte do mesmo refere-se à vida purgativa e corresponde à vida mundana e terrestre.
A segunda se refere à vida iluminativa e corresponde ao mundo contemplativo.
A terceira se refere à vida unitiva e corresponde à vida espiritual.
Se se analisa a vida dos grandes seres - e não somente a deles, mas também a vida de todos os homens - se os vê cruzar estes três passos antes de iniciar a obra decisiva de sua existência.
A primeira parte descreve então, a análise interna da alma quando pensa abandonar uma coisa velha e adotar uma nova.
A Gruta dos Juízos simboliza a parte inferior do mundo mental. E o Livro de Todos os Tempos, o curso das existências passadas que o ser não conhece, mas que intui e que unicamente pode ser lido por IHS, a Alma Libertada.
Os quatro Cavalheiros que vigiam a entrada se referem aos grupos de Iniciados que controlam as almas terrestres - porque o número quatro é símbolo da vida material.
O discípulo, pela vida interna e disciplinada, começa a caminhada que o fará conhecer seu estado real, fazendo-o apto para conquistar o porvir.
A segunda parte se refere à vida religiosa.
Há almas que, para fazer estas experiências, necessitam várias vidas. Outras as fazem muito rapidamente.
Os disciplinados anos de escola e de estudo preparam os bons facultativos. Um ou vários anos de rigoroso noviciado é exigido como preparação para ser membro das diversas Ordens Religiosas.
A Porta de Ferro simboliza a dureza da vida disciplinada.
A passagem de Abhayagiri, na montanha de Sumeru, é um lugar onde existe um antigo Mosteiro.
As três feras que custodiam a entrada é imagem dos três vícios que é indispensável dominar para fazer vida perfeita: luxúria, soberba e avareza.
Ajustar à cintura o Cordão Sagrado é símbolo de castidade.
As mulheres alegres helênicas não podiam usar cinto para poderem ser assim reconhecidas.
Descalçar-se é símbolo da alma que renuncia a si mesma para viver em tudo e em todos.
Quebrar o Bastão de Aveleira indica o quebrantamento da vontade passional e humana.
A palavra Vihara, em sânscrito, significa mosteiro.
A terceira parte simboliza a eleição e decisão definitiva.
Por dois caminhos se chega à União Divina: pela Abstração ou pelo Saber.
O primeiro caminho é Vel e é o mais maravilhoso. Está custodiado por uma Águia de Ouro, símbolo do mais alto e sublime.
O lema das almas que caminham por ele é a Suprema Renunciação: dar tudo, não saber nada, ir ao mais alto, retirando o último véu da ilusão.
O outro caminho é o do Saber. Chama-se Aphel. É longo, tortuoso e difícil.
Está semeado de cortantes pedrinhas multicoloridas que denotam a vacuidade das ciências humanas. Desce até a borda do Abismo porque as almas que o percorrem têm que conhecer o mal, sem desejá-lo nem querê-lo. É o inferno de Dante.
Ascende lentamente em caracol porque a alma há de conhecer todas as filosofias, todas as ciências, todas as religiões, todas as aspirações humanas, porque deve conhecer todos os segredos da razão.
Chega também até o cume porque o conhecimento múltiplo, guiado pela reta intenção, conduz ao saber e à liberdade.
Ensinança 8: O Estandarte
A noite se aproxima rapidamente.
“Caminha, caminha Peregrino!”
O céu se cobriu de nuvens. Trovões e relâmpagos anunciam a iminente tempestade. Todas as árvores do bosque, sacudidas pelo vendaval, repetem o sardônico riso da tirana Babel.
Onde estão as luzes de Bohas e Jakin?
O lago de Ixdoubar, escuro, profundo e embravecido, estende-se aos pés do Viandante. Uma luz vermelha ilumina as águas: é o reflexo luminoso do manto carmesim de Anhunit, aquela que leva o Estandarte da Mãe, a qual se adianta, devagar sobre o barco de Hanou, conduzido pelo cisne Tamuz.
E Anhunit entregou ao homem duas Chaves Divinas: uma de aço e outra de platina.
Com elas pode IHS abrir e fechar as portas do inferno e do céu, da dor e do amor.
“Chegaste já ao Grande Átrio da Sabedoria.
Deslumbrante é aqui a luz, maravilhoso o véu azulado e maravilhosas as Estrelas de Ouro.
Cuidado Peregrino! Ver e não tocar.
Aqui tua alma pode cegar-se, presa do laço de Philo, a fria deusa da separatividade.
Sobre o Cume da Bem-aventurança te espera a Grande Realização.
Entraste, Peregrino, no Jardim da Alma.
Cada flor esconde uma serpente enroscada. Cada planta tem, para ti, um veneno preparado.
No reino de Philo, o único que podes saborear é o Silêncio. Porém não deves perder de vista o Estandarte da Mãe.”
Ensinança 9: As Duas Chaves
O caminho iniciático é para os fortes, os valorosos, os dominadores e os intrépidos.
A solidão e o silêncio não é o fim da Grande Obra e sim uma preparação para ir para cima. Por isso, uma vez mais, o discípulo abandona o aprazível retiro para aprender a andar sozinho e a conquistar por si mesmo a vitória dos graus superiores.
Antes, nos momentos de prova, de obscuridade e tentação, tinha quem lhe estendesse a mão. Porém, agora está sozinho: só com sua mente e seu coração, só com seus pensamentos e suas sensações, os quais terá que conquistar, subjugar e dominar.
Ele já não é o pobre Viandante e sim o consciente Peregrino.
Aquela que leva o Estandarte da Mãe é Anhunit, porque o amor é o princípio e o fim do Caminho. Ainda o amor mais vulgar e grosseiro é sempre uma imagem em miniatura do Grande Amor Universal que move os astros e todas as coisas.
O Lago de Ixdoubar representa o subconsciente, o depósito grosseiro das experiências emotivas, o qual encerra as experiências passadas e os hábitos adquiridos.
O barco de Hanou é imagem do corpo físico e o cisne Tamuz que o guia é imagem do Espírito. E se a matéria é guiada pelo Espírito, as grosseiras sensações se transmutam em nobres e sublimes emotividades.
Anhunit, símbolo da parte melhor do coração, imagem de uma refinada sensibilidade, orientada para os mundos superiores, veste-se toda de vermelho, porque o vermelho é a cor que corresponde ao amor, à paixão e ao desejo.
As duas chaves que Anhunit entrega ao homem simbolizam os pares de opostos. O amor, segundo como se o maneje, pode levar desde à renunciação e ao sacrifício mais sublime até ao ódio e ao egoísmo mais profundos. Se o homem sabe manejar seus pares de opostos é, verdadeiramente, dono do céu e do inferno, do amor e da dor.
Porém, as sensações hão de ser vigiadas, analisadas e esmiuçadas pela fria razão. A severa análise, a cortante lógica tomam as afetividades, analisam-nas como um cirurgião disseca um cadáver, para conhecê-las e estudá-las. Porém, observem os estudantes que aqui se chama à mente, átrio da sabedoria. Quer dizer que a razão é um portal e não a finalidade da sabedoria.
Inumeráveis são as vítimas que caem aqui, deslumbradas pela lei maravilhosa da deusa Razão. Philo dá o conhecimento exterior das coisas. Porém, para conhecer, é necessário estudar a parte obscura, o reverso da medalha e a fonte espiritual que está oculta por trás de todos os mistérios e fenômenos da vida.
Por isso, este passo iniciático é perigosíssimo. O discípulo pode cair na dúvida, na incredulidade, no materialismo, no sofisma.
Verdadeiramente, o que se aprende aqui são coisas maravilhosas e verdadeiras. Mas, verdades e não a Verdade. Estas verdades são as flores que escondem a serpente.
Aquele que quer chegar deve seguir adiante. Uma vez mais deverá conhecer - depois de haver conhecido tantas coisas - a Única Verdade.
Tudo é Uno. Tudo dimana de uma mesma fonte. Para essa fonte, o discípulo há de dirigir seus passos. E os dirigirá se souber passar incólume pelo Jardim de Philo, saboreando o silêncio que é a parte superior e espiritual da alma e levando o Estandarte da Mãe que é o amor que não se deixa esmagar pela razão.
Ensinança 10: O Templo de Ouro
Um é o Templo.
A Mãe Divina também é Uma e é Duas: EHS e Ahehia.
Também é Três: o Viandante, o Peregrino e IHS. Mas, no dia da Grande Alquimia, será Um.
Quatro são os Santos Guardiães e Quatro são os dias necessários para encontrá-los. Mas o número supremo é: ¥ (infinito) .
Perdido no Bosque que rodeia a Grande Montanha, fatigado e triste, o Viandante adormeceu para sonhar.
“Sejam os sonhos teu guia!”, gritou-lhe a voz do Grande Sacerdote.
Sonhou que ele, buscando a Senda da Sagrada Montanha por caminhos infinitos, obscuros e fatigantes, havia envelhecido.
Levava ainda consigo a carga de muitos símbolos das experiências feitas: cruzes, amuletos, hábitos envelhecidos, a bolsa de pão do pobre, os livros sagrados de muitas religiões, envelhecidos também. Relíquias todas de uma vida de renunciação e sofrimento.
Mas, subitamente, por mãos desconhecidas, todos aqueles seus tesouros lhe foram roubados. Cruzou velozmente as campinas buscando o perdido e pediu esmola com mão trêmula.
Abandonou o hábito escuro das religiões, para vestir outro de três cores: vermelho, azul e amarelo.
Seguramente, a mente havia unido sua sorte ao Peregrino da terra.
Ei-lo aqui outra vez, jovem e forte, buscando sua Amada.
Após lutas e dores, cruzou o Círculo de Fogo e entrou no Templo de Ahehia, morada da Eterna.
Já está por consumar-se a realização. Mas, ai! - o Templo está vazio e o Tabernáculo abandonado! Levaram o Corpo Místico de Nossa Senhora!
IHS chora e soluça. E a dor lhe dá filhos. As lágrimas cobrem seu rosto e os soluços fazem ranger os ossos de seu corpo estendido no solo.
Tudo foi inútil! Tudo está perdido!
As sacerdotisas, vestidas de branco e negro, as duas cores do Espírito, vão até ele: é necessário extirpar a raiz do desejo. É necessário alcançar a Suprema Renunciação.
Nenhum alento deverá manchar a brancura de EHS.
As sacerdotisas lhe cobrem a cabeça com um lenço quadrado, branco.
Ó! Felicidade sem nome!
Glória à excelsa mulher!
Levanta-te, Cavalheiro!
A Imagem Puríssima, resplandecente e gloriosa, aparece sobre o altar do Supremo Sacrifício e desce até IHS lentamente.
Tudo cala.
Numa suave e branca neblina etérea, tudo desapareceu, o Templo, os Santos Guardiães...
Ele pergunta: “Onde estavas Tu, Amada minha, enquanto Te buscava ao longo de tantas centúrias?”
Ela responde: “Estava Eu escondida em teu próprio coração”.
Ensinança 11 : Visão Divina
A Mãe Divina do Universo, antes que o aspirante comece a Grande Obra, recreia seu Espírito com um vislumbre total do caminho a percorrer.
O Templo é Um porque o Espírito, princípio básico do Absoluto, não tem variação nem definição, nem qualidades, nem separações. Mas a Mãe Divina, que é parte manifesta do Universo, são duas: EHS e Ahehia.
O ser humano está expresso com três formas diferentes: é chamado Viandante quando o guia o instinto. Peregrino quando luta pela conquista da mente. E é IHS quando conquistou a vida espiritual.
Diz-se que estes três serão Um porque verdadeiramente não há, no começo, variação fundamental e sim aparente, nos princípios diferentes do homem.
O dia da Grande Alquimia é o momento da Suprema Realização, aquele momento em que o ser reconhece que ele e o Universo são Um.
Os Quatro Guardiães são imagens dos princípios inferiores do homem: corpo físico, astral, energético e instintivo. Os quatro dias necessários para encontrá-los são imagens das quatro primeiras provas, necessárias para ir adiante no Desenvolvimento Espiritual, simbolizadas pelos quatro elementos: terra, água, ar e fogo.
Dessa forma, estes quatro princípios inferiores são imagens dos quatro princípios superiores e espirituais: Mente compreensiva, Mente intuitiva, Espírito em si e Espírito Universal. Por isso, o número supremo é ¥ (infinito).
A alma humana, caminhando pela senda de muitas vidas e muitas mortes, adquire experiências e experiências. Mas, da mesma forma como o saber a liberta da dor por um lado, por outro lado, ata-a ao conhecido.
Eis aqui a aspiração suprema: possuir a essência da experiência sem apegar-se ao experimentado. Deixar, de uma vez, de levar a carga de muitos símbolos, hábitos envelhecidos, livros sagrados, a bolsa de pão do pobre que sempre são coisas que vêm de fora para dentro.
É tão difícil a renunciação, sem a qual não se pode chegar à liberação, que é indispensável, uma e outra vez, que a dor arrebate os objetos amados para desapegar, mediante a violência, o ser do objeto.
De que serve o bastão àquele que já está são de suas pernas e pode caminhar sem ajuda? De que servem os ritos religiosos àquele que realizou misticamente o Místico Divino Amor? De que servem as leis da moralidade àquele que já aprendeu a ser bom?
As cores vermelha, azul e amarela é imagem da mente instintiva, racional e intuitiva.
Aquele que chega ao Templo da Mãe é aquele que dominou completamente sua mente. Mas, ainda ali, espera-o a prova suprema: a União Perfeita do Espírito individual com o Espírito Cósmico - IHS e EHS. Isto não pode acontecer sem a suprema renunciação, a renunciação à separatividade do eu e do tu.
Ainda os Grandes Mestres que chegaram a esse ponto supremo não se lançam à Eternidade Incondicionada, mas voltam a sofrer e a experimentar a vida. Voltam a chorar e a dor lhes dá filhos, os filhos espirituais que seguiram os Grandes Mestres.
Mas, quando estas almas seletas estão dispostas à renunciação total e à extirpação completa do desejo, só então desaparecem o Templo, a individualidade, os Santos Guardiães e os princípios inferiores, e podem realizar a perfeita União Divina.
Bem o diz a Mãe Divina: “Estava Eu escondida em teu próprio coração”. Pois, em estado latente, está no coração do homem aquele princípio básico e maravilhoso que um dia deverá unificá-lo com o Eterno.
Ensinança 12: O Véu de Ahehia
Uma Mulher vestida de ouro, cavalgando um Dragão, coroada de estrelas, mostrou-se ao Peregrino.
Mostrou-lhe uma fonte e submergiu-o nela.
E o Peregrino soube, depois de sair da água, que Ela era Beatrix e que lhe havia revelado o segredo de todas as coisas que é o Véu de Ahehia.
E foi morto o Dragão. E o Peregrino banhado em seu sangue para que descesse ao lugar da Morte.
E estremeceu-se a Terra. E abriu-se a Montanha.
Onde está IHS?
Morto está. Envolto no Véu de Ahehia, por três rodas descenderá à tumba para reunir-se com sua Eterna Amada.
Ensinança 13: A Sabedoria da Mãe
O Véu de Ahehia é imagem da vida como resultado, é o efeito manifestado de uma causa oculta. Tudo no Universo é imagem da Mãe Divina: desde os corpos siderais até o menor grãozinho de areia.
Porém, a causa primária, a fonte da vida e da existência, é o que permanece oculto, velado.
Descobrir o segredo único, básico, fundamental da vida é haver descoberto o Segredo Eterno, é haver levantado o Véu de Ahehia.
Todas as religiões antigas simbolizam a Mãe Divina com forma de mulher e velada. A forma de mulher é a manifestação espiritual de Deus e o véu que a recobre, a manifestação material de Deus que se mostra com toda a beleza e materialidade da vida, mantendo sempre velado o poder que a impulsou à existência.
O sábio sabe, perfeita e detalhadamente, o processo do desenvolvimento, crescimento, florescimento e frutificação da espiga de trigo. Mas, qual é o sábio no mundo que poderia imitar e formar uma semente de trigo?
O véu sempre foi símbolo de sabedoria. Não sabedoria humana, mas divina.
Os primitivos Papas da Igreja Cristã - quando estava em vigor exclusivamente a vida espiritual na referida Igreja - usavam uma capucha como sinal de sabedoria e dignidade. Mas, quando os pontífices romanos perderam o prístino fervor e desejaram mais os bens materiais que os espirituais, deixaram a branca capucha para coroar-se com uma tiara de ouro e prata.
Antigamente, os grandes sábios da Índia tinham a cabeça coberta para indicar que se haviam dedicado ao estudo da Sabedoria Divina.
Assim como o Véu de Ahehia é imagem da Sabedoria Espiritual e fundamental, Beatrix é imagem da sabedoria substancial. Veste-se, Beatrix, de ouro porque a cor amarela corresponde à Mente Superior. E está coroada de estrelas porque conhece todo o criado, todas as expressões da vida e as suas mudanças.
Está sentada sobre um Dragão, para simbolizar que tem o domínio do mundo e conhece todos os segredos materiais, já que o Dragão é símbolo da sabedoria humana. Tão certo é isto que, nos textos antigos, os sábios eram chamados de “filhos do Dragão”.
Todos podem chegar a possuir a sabedoria de Beatrix. Mas, para que seja revelado o segredo de todas as coisas e que se possa conhecer o Véu de Ahehia ou Sabedoria Espiritual e Divina, é necessário que Ela submerja o aspirante na Fonte Eterna.
A fonte, manancial eterno da sabedoria, ensina que o homem, por seus próprios meios, pode alcançar a sabedoria de Beatrix. Mas para alcançar a sabedoria de Ahehia deverá suspender todos os sentidos e chegar a conhecê-la por êxtase e renunciação.
Que acontece com o homem quando é submerso na água e lhe falta ar para respirar? Todos os seus sentidos se suspendem e deseja unicamente uma coisa: ar.
A Sabedoria Divina é também suspensão de tudo o que se sabe para conhecer a “Única Verdade”, única expressão, o único segredo da vida.
O Dragão morre, é morto, porque aquele que chegou à realização já não necessita de meios nem caminhos para chegar a Ela. Ele mesmo é a Senda. Sem consciência, sem lembrar-se, mantém todo o poder do que antes conhecera. Por isso, o Peregrino se banha no sangue do Dragão.
Descer ao lugar da morte expressa as três provas pelas quais há de passar o candidato antes da União Divina: a prova física, a prova mental e a prova espiritual.
Nestas provas, só se pode participar estando como mortos porque a União Divina é morte para os homens.
As três rodas descendentes são as três etapas destas provas que permitirão a IHS unir-se com sua Eterna Amada.
Ensinança 14: A Ressurreição de EHS
IHS ressuscitou da morte e foi-lhe colocada uma túnica branca, sem costuras, chamada Albas.
E levaram-lhe as três prometidas esposas.
Mas Ele rompeu o anel e disse:
“Não. Não. Não.”
Então, surgiu de seu peito, do duodécuplo centro, o Elefante Branco, levando a Velada Noiva.
E ele disse: “Eis aqui meu horto fechado, irmã e esposa minha”.
E EHS, ressuscitada, mostrou-se em todo seu esplendor.
E foram consumadas as Bodas.
As duas chaves, o cetro e o anel te correspondem, ó IHS!
Os três trajes - vermelho, azul e amarelo - te foram dados.
Veste agora a Túnica Inconsútil.
EHS e IHS são Um.
IHS! Eternamente vives!
Ensinança 15: As Bodas Místicas
IHS é o homem libertado, o homem que já não necessita da atividade que pode reintegrar-se ao estado potencial do Universo.
Isto é simbolizado pela túnica branca sem costuras.
O nome “Albas” indica que o ser se restitui ao ponto de onde partiu ou surgiu: a Alba da Manifestação Eterna.
As três prometidas esposas são os três estados de EHS acima descritos: o domínio da matéria, da mente e do Espírito.
Romper o anel é libertar-se. E os três “não” correspondem à negação afirmativa do Deus Absoluto.
Se se diz que Deus é a Mente Universal, a Energia Universal ou a Substância Universal, isto O limita. Unicamente a negação pode afirmar Deus.
Deus é o que É.
O ser O conhece por sua expansão em direção a Ele e Nele, e não por associação.
O duodécuplo centro se refere ao plexo etéreo, que corresponde, no corpo físico, ao plexo cardíaco e ao coração.
Este centro é, como já se disse, a perfeita imagem do Universo, o lugar sagrado onde sempre está presente o divino potencial.
É conveniente recordar a imagem do Sagrado Coração de Jesus que mostra Seu Coração como se quisesse dizer: todo o segredo do amor que move o Universo e restitui o Universo a este estado primário, está aqui.
Quando o homem se reconhece a si mesmo e compreende que não há diferença entre ele e o Absoluto, todos os véus das formas universais desaparecem e ele está identificado com Aquilo.
O Elefante Branco é imagem da potencialidade geradora que colaborou na liberação do ser. É símbolo de uma imaculada concepção do ser, o qual nasce da diferenciação em direção ao Absoluto.
Quando se quer representar a limitação da Divindade e sua descida à matéria, também é simbolizada com um Elefante Branco.
Um elefante branco fez a Devaki, a mãe de Buda, mãe do excelso ser.
A velada noiva simboliza o confim eterno, a última ilusão, o último véu a correr: simboliza a EHS.
Pela Manifestação Divina, pela Mãe Divina, começa o Devenir. Por Ela, volta-se ao Eterno.
Os exegetas cristãos jamais souberam interpretar essa passagem bíblica: “Eis aqui meu horto fechado, irmã e esposa minha”. Alguns acreditaram que esta era uma imagem tirada dos Faraós, que costumavam casar seus filhos entre si para perpetuar a dinastia.
Mas isto tem outro significado, muito espiritual e simples ao mesmo tempo: representa a Divindade e a Humanidade que se enlaçam entre si. E, a uma tão Divina União não se pode chamar mais do que com o nome de uma casta esposa, de um horto jamais aberto por mãos profanas.
E EHS mostrou-se em todo seu esplendor.
O esplendor de EHS é o relâmpago, o fulgor da última ilusão que resume em si toda a história, desde que o ser saiu do seio de Deus até o momento em que está por reintegrar-se a Ele.
Antes de lançar-se ao Abismo Eterno, IHS olha todo seu passado, resume todas as experiências feitas, para deixar ali, na margem, uma semente sua. A qual voltará a colher quando novamente surja do Eterno para começar outra Ronda de manifestação.
Bodas dignas de Espírito a Espírito.
O ritmo dual do Cosmo está simbolizado pelas duas chaves, os dois pares de opostos que acompanham o desenvolvimento do trabalho universal.
O cetro é imagem do movimento contínuo, do poder constante da criação da vida e da relaxação da mesma. Enquanto que o anel é imagem das limitadas formas, desde a maior até a menor.
Os três trajes é símbolo da matéria cósmica que sustenta o Universo com suas diferenciações mentais, energéticas e físicas.
E a Túnica Inconsútil representa o Espírito Divino que vivifica todas as coisas.
Ensinança 16: História da Simbologia
Desde que no mundo se levantou o primeiro altar a uma divindade, nasceram com ele a imagem e o símbolo.
Os Grandes Iniciados da Raça Ária apresentaram uma forma ou imagem aos homens a quem queriam instruir nas verdades eternas. De religião em religião, de filosofia em filosofia, de seita em seita, as imagens simbólicas chegaram até a quarta dinastia do Egito que imortalizou estes símbolos divinos com as figuras do Tarot.
O homem, o Cristo vivo, o Redentor - em uma palavra, a Humanidade que procura voltar à Divindade - é representado pelo Sacerdote de brancas vestes, de pé sobre um barco no meio do mar. Enquanto que a Divindade Absoluta está representada pelo Ocaso: um sol que se afunda no oceano.
A Mãe Divina, a casta Ísis, a Fecunda Virgem, é representada por uma mulher que está entre duas colunas do Templo e com um livro fechado entre suas mãos, imóvel sob o véu que cobre seu rosto.
E assim sucessivamente.
É fácil reconhecer na figura do Grande Sacerdote, o Sacerdote de brancas vestes do Tarot - em suma, a Humanidade, parada sobre a porta da Eternidade.
E a imagem de Ahehia, a Mãe Velada que vigia a tumba de EHS, a Pedra Sagrada, imagem da sabedoria, ereta entre os dois pilares de Bohas e Jakin, é a mesma imagem de Ísis, o segundo arcano do Tarot.
Estas mesmas imagens foram trasladadas do Egito para a Grécia e da Grécia para Roma. Em todas as figuras gregas e romanas transluzem, com outros nomes, os mesmos símbolos humanos e os mesmos significados divinos.
O cristianismo tampouco se salvou - apesar de proclamar uma religião absolutamente monoteísta - de venerar imagens como símbolos da Divindade. E a imagem hierática de Cristo que leva em suas mãos o mundo e veste a branca túnica, tem o mesmo significado que o Grande Sacerdote e o Sacerdote egípcio.
Também é fácil reconhecer na Imaculada Conceição - a mulher vestida de branco que pisa a cabeça da serpente, cavalga sobre a lua e tem doze estrelas por coroa - a Divina Vênus, que nasce da espuma do mar; a mulher egípcia, que vence os quatro animais e ergue sua cabeça no céu estrelado para simbolizar o triunfo do Espírito sobre a matéria. A imagem de Beatrix, a vencedora do Dragão.
O povo, em seu obscurantismo, sempre, subconscientemente, venerou estas imagens. E, graças a isso, puderam passar como jogo inocente, desde a época medieval e chegar até os dias de hoje.
Ensinança 1: O Caminhar da Alma
Ensinança 2: A Dama Negra
Ensinança 3: O Princípio do Caminho
Ensinança 4: O Abismo
Ensinança 5: Os Mundos Inferiores
Ensinança 6: Vel e Aphel
Ensinança 7: Os Dois Caminhos
Ensinança 8: O Estandarte
Ensinança 9: As Duas Chaves
Ensinança 10: O Templo de Ouro
Ensinança 11 : Visão Divina
Ensinança 12: O Véu de Ahehia
Ensinança 13: A Sabedoria da Mãe
Ensinança 14: A Ressurreição de EHS
Ensinança 15: As Bodas Místicas
Ensinança 16: História da Simbologia