INDICE:

Ensinança 1: O Manancial das Religiões
Ensinança 2: Os Vedas
Ensinança 3: O Hinduísmo
Ensinança 4: O Egito
Ensinança 5: Deuses Egípcios
Ensinança 6: Dez Grandes Religiões
Ensinança 7: Os Magos Caldeus
Ensinança 8: A Religião Iraniana
Ensinança 9: A Deusa Assíria da Guerra
Ensinança 10: O Sol do Irã
Ensinança 11: Os Sargônidas
Ensinança 12: Os Hebreus
Ensinança 13: A Religião de Moisés
Ensinança 14: Os Gregos
Ensinança 15: Deuses Gregos
Ensinança 16: Artes e Filosofias
Ensinança 17: Os Romanos
Ensinança 18: O Império Celeste

Ensinança 19: O Budismo
Ensinança 20: O Budismo Amarelo

Ensinança 21: Os Germanos
Ensinança 22: Os Gauleses

Ensinança 23: Os Jainistas
Ensinança 24: Os Sikhis Militares
Ensinança 25: O Cristianismo
Ensinança 26: O Islamismo
Ensinança 27: A Religião da Selva Africana
Ensinança 28: O Culto Solar dos Incas
Ensinança 29: As Antigas Religiões Mexicanas


Ensinança 1: O Manancial das Religiões

Os povos da Raça Atlante haviam recebido diretamente de seus Grandes Instrutores, as verdades de suas religiões. Essas verdades, fortalecidas pelo poder psíquico de percepção próprio dessa Raça, eram de caráter completamente divino.
Estas religiões lindavam com o mundo da consciência superior e não utilizavam símbolos naturais. Eram de um monoteísmo seleto.
Mas, quando esta Raça começou a decair e a degenerar, as práticas religiosas foram suplantadas por atos de poder psíquico e de magia negra.
Ao se diferenciarem os ário-semitas dos atlantes, mantiveram um longínquo vislumbre dessas divinas religiões, ainda que completamente oculto sob o peso de muitas centúrias e da razão, nova prerrogativa da nascente Raça.
Os atlantes, submersos nas profundidades do mar - nas quais afundou seu continente - levaram consigo sua divina religião.
Mas, novos Iniciados e novas Idéias Mãe fizeram sua aparição e, em conseqüência, foi implantada uma nova religião que acompanhou a nova Raça Ária e que foi base de todas as suas religiões posteriores.
Os ário-semitas, depois da grande luta sustentada contra seus adversários negros (se bem que eles também fossem negros - com diferente estrutura física), lançaram-se à conquista do novo continente que, qual terra prometida, virgem, havia emergido das águas para eles.
Os primitivos homens, em imensas caravanas, guiados por seus Divinos Instrutores, abandonaram as velhas costas para buscar terras novas e emigraram para o centro da Ásia e da Europa.
Encontraram uma terra fértil, maravilhosa, mas terrivelmente dura de conquistar. O clima nocivo e equatorial ao qual estavam acostumados era suplantado ali por outro, áspero e frio.
A preguiça cedia lugar à necessidade e, depois de uma mortandade terrível, os habitantes do novo continente aprenderam a lutar pouco a pouco com sua natureza para procurar alimento e auxílio.
A natureza era dura de vencer. Mas, ao ser subjugada, dava maravilhosos resultados e revelava seus segredos. Por isso, os homens primitivos a divinizaram, a ela e a suas forças manifestas.
Estes homens já não eram os ário-semitas. Eles se haviam transformado em uma Raça característica: ários puros.
Sua tez se tornou branca como a neve que sobre eles caía, seus olhos adquiriram um tom azulado e acinzentado como a neblina que constantemente os envolvia; e seus cabelos se coloriram de vermelho e loiro.
A religião nova que surgiu, baseada no culto da natureza, era puramente humana e fálica e foi o fundamento do politeísmo.
Mas veio um dia em que os ários voltaram à terra de onde vieram, encontraram seus negros predecessores, os ário-semitas, os quais, com um rudimentar monoteísmo, conservavam a religião divina dos atlantes - e os venceram.
Destas duas correntes, de uma religião divina esquecida e de outra, natural e humana (nascente), formou-se o arcabouço de todas as religiões vindouras.
As religiões árias então, nascem da recordação de um estado divino perdido e do conhecimento de uma força natural, posta ao alcance do homem.
As palavras dos primeiros Divinos Instrutores se fundem, cristalizam-se com a experiência material dos povos. A recordação do divino é materializada com uma imagem, com o culto aos antepassados. E, deste manancial onde Deus e o homem se encontram - onde o círculo e a cruz se unem - brota a água cristalina que inundará o mundo e os tempos, que terá diversos nomes, que voltará a juntar-se um dia no oceano do homem feito Deus.
Em todas as religiões árias, predomine nelas o monoteísmo ou o politeísmo, encontram-se sempre estas mesmas bases fundamentais. O culto, ao começar, é simples e claro como o amanhecer - como em todo amanhecer, a quietude humana se transforma na serenidade divina com cantos e hinos. Estes são transmitidos de pais a filhos, de um povo a outro e, com o passar do tempo, transformam-se em textos sagrados ou em idiomas fundamentais.
A tradição transforma as singelas elevações da alma em cerimônias e cultos. E os cultos reclamam as vestes, os símbolos e os mistérios.
Todas as religiões árias seguem as mesmas rotas e o mesmo caminho: são espirituais e puras ao começar; fazem-se fortes e potentes ao seguir o seu caminho para chegar ao apogeu; quando a mente e o espírito da religião se unem, as religiões também se unificam. Depois decrescem, fazem-se intelectuais e sábias, dogmáticas e rígidas, frias e obscuras. E terminam em uma organização sectarista, conservadora das próprias divindades.
Tem que ser assim, irremediavelmente. Uma mescla de Espírito e matéria não pode ser mais que uma luta entre o Espírito e a matéria. Quando o Espírito domina, o materialismo é vencido; mas quando a força material se sobrepõe a ele, este se oculta detrás de espessos véus.
Por trás das formas dogmáticas e práticas de todas as religiões, está um princípio real e divino.
Aquele que sabe encontrar esse princípio único conhece todas as religiões, participa de todas elas e encontrou o segredo, o manancial único e primeiro das mesmas.


Ensinança 2: Os Vedas

Há milhares de anos uma grande coluna de ários cruzou os Himalaia e, encaminhando-se para o norte da Índia atual, estabeleceu ali sua morada.
Guiava-os o Manu Vaivasvata, um Iniciado Solar de Primeira Categoria, e dez sábios chamados Richis. Seus nomes eram respectivamente: Marichi, Atti, Pulastya, Pulaka, Angrias, Kardama, Dasksha, Vashishiha, Brighu e Narada.
Fixaram-se ali, na terra de Uttura Kuru, país encerrado em um círculo de altas montanhas, que poderia ser a atual Cachemira.
Estes ários hindus, de tez branca, de pés convexos, possuidores já do quinto sentido - primeira sub-Raça da grande Raça Ária - deixaram a seus descendentes a história de sua magnífica religião, redigida nos Vedas milenares.
Os Vedas, palavra que quer dizer “ciência pura”, é um conjunto de hinos e cânticos que aqueles antigos povos costumavam elevar a seus deuses. Hinos que, no princípio, não estavam escritos, mas eram transmitidos oralmente de geração em geração.
Os Vedas se dividiram em quatro grupos: 1° Rig; 2° Sutra; 3° Brâmanes; 4° Atharva.
Por estes livros sagrados, deduz-se que se conhecia já um princípio infinito e imenso, desde onde surgiam todas as coisas criadas: Aditi, o Infinito.
Por trás deste conceito universal, forma-se a idéia de um Deus criador, pessoal, forte, que encerra em si todo o poder do bem. Este é Indra, o segundo deus hindu que luta continuamente contra o mal e contra o espírito das trevas e das obscuridades: Vritra.
Indra é chamado pelos Vedas, “o único Deus que professa amor aos mortais, que os auxilia, que derrama a mãos cheias seus bens sobre eles”.
A Raça Ária, antes de se dividir em tribos - que foram as fundadoras das diferentes sub-Raças - possuía o idioma único: o Zenzar. Todas as sub-Raças têm, em suas vozes primitivas, em seus vocábulos básicos, uma única raiz e um único relato que lembra uma região onde habitaram anteriormente, fria, de neves e de longos invernos.
O idioma primitivo dos ários era o sânscrito que se transformou depois com o tempo, como todos os idiomas primitivos, em línguas sacerdotais e religiosas.
A língua sânscrita é para os hindus, a vibração eterna, Vak, que eles transformam em divindade.
Os versículos dos Vedas, quando são modulados segundo as antigas entonações, têm para eles uma vibração de especial poder, a qual se chama Mantra.
Agni, o fogo; Phritivi, a mãe da terra; Mitra, o sol, Varuna, as nuvens; Arimau, o lar familiar; em uma palavra, todas as manifestações da natureza, todos os costumes, as virtudes, o bem e o mal, são materializados e transmitidos à posteridade como divindades.
Diz-se que aqueles antigos e nômades povos de pastores foram se estabelecendo pouco a pouco, desde a Panchala - que quer dizer país dos cinco rios, hoje Punjab - até alcançar uma civilização de proporções fantásticas.
As leis de Manu, o mais antigo código hindu, descrevem quais foram as bases, a ordem desse povo e de sua religião.
Também se encontra na religião hindu, depois de um Deus infinito “Aditi”, depois de Deus criador “Indra” e de um princípio de luta entre o bem e o mal - “Indra” e “Vritra” - depois do culto às forças naturais e atmosféricas, o culto à Trindade, princípio que se encontra em todas as religiões árias. Este conceito é muito posterior aos Vedas e representa um Deus Uno, mas com três aspectos: o de Brahma, Vishnu e Shiva, que são imagens da mente cósmica, da energia primária e da substância indiferenciada, respectivamente.
Ver-se-ão, passo a passo, ao estudar nas diferentes religiões, estes princípios divinos e naturais, com um ou outro nome, sempre se renovando, sempre os mesmos.
A religião ária é una, natural e divina. Mas, as diferentes Raças lhe deram diversos nomes.


Ensinança 3: O Hinduísmo


Sobre os Vedas, os ários basearam todas as suas religiões, suas filosofias, leis, letras e artes.
Os Upanishads, os Sutras, que constituem a moral e a filosofia do hinduísmo, não são mais que amplos comentários dos textos primitivos, baseados em sua religião.
Cresce o povo ário, faz-se forte e potente, até que o desejo de poderio fomenta contendas intestinas e guerras terríveis.
Nos Puranas, descreve-se a guerra entre os deuses e os elementos; no Ramayana, descreve-se a guerra dos ários guiados pela Divina Encarnação, Rama, contra os atlantes. No Mahabharata, está descrita a guerra dos hindus entre eles. É nesta epopéia que aparece Krishna, o oitavo avatar de Vishnu, guiando Arjuna à vitória.
A conversa mantida entre estes dois, descrita no Bhagavad-Gita, é ainda hoje a base espiritual de muitos devotos da Índia e aqueles que seguem essa religião são chamados Vaichnavitas.
No final do Mahabharata, aparece Shiva, o Deus do destino e da destruição e Kali, sua esposa. Estes deuses adquiriram desde então, grande incremento e serão aqueles que mais templos terão na Índia, gerando essa prole de iogues e tântricos, místicos e exercitantes dos poderes psíquicos, que ninguém no mundo poderá superar. Ainda Yaghannart, o rei do mundo, que passeia uma vez por ano sobre seu carro milenar, é imagem do deus Shiva.
Os exercícios dos iogues estão especialmente descritos na Yoga de Patanjali, no Shivagama, no Chakra Nirupana. Este amor dos hindus por sua religião e pelas práticas espirituais, torna-os aptos a que suas religiões se multipliquem em infinidades de seitas, as quais seria impossível nomear. Todas elas impulsionam ao estudo das coisas internas e abstratas.
A filosofia tem bases poderosas, nascidas da religião hindu.
A Vedanta pura que afirma que tudo fora do Imanifestado é Maya.
A Vedanta Advaita que, admitindo como única realidade o absoluto, tolera não obstante, um princípio criador, Purusha (o Espírito) e um princípio vital e substancial, Prakriti (a Matéria).
Por trás destas filosofias e teologias, há uma infinidade de pandits (sábios) e brahmacharin (monges); de sanyasin (místicos) que renunciam a todas as coisas; de Iogues Iniciados, que renovam, mantêm, purificam e depuram continuamente a única religião primitiva dos Vedas: Chaitanya-Sankaracharia e, ultimamente, Ram-Mohum-Roy (o fundador do Brahmochamay), Ramakrishna e Vivekananda (o fundador da Missão Ramakrishna) e o poeta filósofo Tagore.


Ensinança 4: O Egito

O antigo Egito se estendia para além do lado noroeste da África até uma ilha completamente submersa atualmente. As primeiras cinco dinastias, cuja memória se perde nas centúrias, pertenciam integralmente à Raça Atlante e eram, por isso, de origem semita.
Vencidos estes antigos atlantes pela nova Raça - os primitivos ário-semitas negros - foi o Egito o berço da segunda sub-Raça ário-semita, que povoou a parte sul do Egito atual, depois que o velho Egito atlante foi sepultado no oceano.
A antiga lenda egípcia lembra este grande dilúvio quando assegura que o rei Menes desviou o curso do rio Nilo para edificar na nova margem, a cidade de Menfis.
 Por isso, a religião egípcia foi a que mais relações e semelhanças teve com a sabedoria atlante e com os segredos divinos e iniciáticos do continente perdido.
As ciências do Egito, que construíram obras que ainda assombram o mundo, foram perdidas e ocultas porque pertenciam à Escola Sacerdotal dos Egípcios Atlantes, as quais haviam aprendido por herança dos egípcios faraônicos.
O costume de pôr o faraó acima dos sacerdotes, ao contrário do que fizeram os brâmanes hindus, demonstra quão arraigada estava no povo a recordação dos Grandes Reis primitivos do tempo da grande luta, que eram, ao mesmo tempo, Sacerdotes Videntes e Reis Iniciados.
A religião egípcia se fundamenta essencialmente sobre este conceito: um reino humano e poderoso, imagem do Reino Divino e Superior.
O faraó, o rei, o dirigente absoluto de todos os habitantes do grande território, é o poder único, a voz primeira, uma verdadeira imagem de Deus. Dispõe da vida e da morte. É o rei verdadeiro, protetor de sua gente. É o sacerdote único, intermediário entre a terra e o céu. Não há outro sobre ele, não há outro mais que ele.
 Ele não só tinha à sua disposição o exército, mas também todo o colégio sacerdotal. Ou melhor, o exército era a força humana do faraó e a casta sacerdotal sua força divina.
Um faraó não era somente o Marte da guerra, mas o Supremo Oráculo do Templo.
Nesta imagem do Rei Iniciado do Egito está condensado todo o poder desta Raça que cruzará os milênios, impávida e altiva, sem ser derrotada - até que haja cumprido sua missão e aprendido toda a experiência que lhe era necessária.
A vastidão do reino egípcio não era causa para que não fosse bem regulamentado e dirigido. Este povo, que via em seu faraó a expressão de um Deus, não deixou por isso de divinizar a natureza e as forças que dela emanam. E, como era um povo nitidamente camponês e agricultor, divinizou a terra e seus frutos, o sol e as estrelas e, sobretudo, o caudaloso Nilo, o grande rio que lhes podia proporcionar abundante colheita ou abandoná-los sem pão.
Este rio foi tão divinizado que se reputava sacrilégio tentar averiguar o lugar de seu nascimento, pois a lenda rezava que o manancial dele estava no céu, no seio da Divindade.
Este povo simples e trabalhador - que não tinha mais religião que os impulsos da alma e as manifestações naturais que o rodeavam, e que não tinha mais potestade que a de seu rei - lutou intensamente contra os ários que queriam arrebatar seu solo e contra os ário-semitas que saíram de seu seio e se independentizaram, como o foram os israelitas e os assírios.
Além disso, em seus alvores, esta Raça teve que lutar contra os últimos egípcios atlantes que se opunham violentamente à formação deste novo tipo de homem. Guiada por seus Divinos Instrutores, a primeira dinastia faraônica pode depurar sua Raça e sua divina religião já que, ao redor dela, a qual dominava como forte árvore, brotaram as flores das formas da humana religião ária.
As dinastias dos faraós egípcios se dividem do seguinte modo:
I e II: Thinitas;
III a X: Menfitas;
XI a XX: Tebanas;
XXI a XXX: Saítas.


Ensinança 5: Deuses Egípcios

A recordação da divina religião atlante, fomentou entre os egípcios o culto aos deuses solares: Ra (o Sol), Atonu (o deus solar), Shour, Anuri Amon (deuses dos dias).
A lembrança dos Grandes Instrutores, dos Divinos Iniciados que haviam guiado esse povo, inspirou os deuses dos mortos: Sokaris, Osíris, Isis, Anubis e Neftis, com seus expoentes. Mas o culto da natureza, característico da nova Raça Ária, cria os deuses dos elementos: Gabu (a Terra), Nuit (o céu), Nu (a água primordial), Hapi (o Nilo).
Estes deuses elementais se transformam de geração em geração, mudam e vivem como os homens. São adorados em uma comarca e abandonados em outra, quase como se tivessem vida humana. Mas os deuses dos mortos são os que mais profundamente estiveram arraigados no coração dos egípcios desde seu grande Rei Iniciado, Menes.
Osíris, o Senhor da morte, recebe a alma com seus quarenta e dois juizes infernais, enquanto o coração do morto fala contra si mesmo ou a favor. Isis é sua esposa, imagem da Velada Mãe e é também símbolo da Lua, rainha da morte.
Osíris é o bem, mas luta constantemente contra Sit-Tifon, imagem do mal. Osíris é vencido por Sit-Tifon, é despedaçado e seus membros lançados ao Nilo. Mas sua esposa Isis, dolorosamente busca esses mutilados membros na água, junta-os e chora sobre o cadáver do Deus morto e sacrificado pelo bem.
Desse corpo mutilado surgirá o libertador; nasce um casto menino, Horus, que vencerá definitivamente Sit-Tifon.
No antigo Egito, quando se comemorava os mistérios de Osíris, faziam-se grandes festas, velava-se o corpo do Deus morto, revestia-se a imagem de Isis com negros véus. Mas, quando Ele ressuscitava em Horus, tudo era festa e alegria. Menciona-se esta cerimônia para que se compreenda de onde foram copiados os mistérios cristãos, a dor da Paixão e a Dolorosa, e o regozijo da Ressurreição e do Nascimento.
Os deuses solares não eram considerados supremos em todas as regiões, mas cada região tinha seu deus predominante.
Em Denderah, adorava-se Hathor; em Sais, Nit; no Kab, Nekhabit; e em Elefantina. Harmakis.
Os deuses do Egito tiveram templos maravilhosos, em Menfis, em Tebas, em Elefantina, edificados todos eles sobre as ribeiras do Nilo. Ainda podem ser vistas as ruínas de Karnac, Denderah, Edfu e Philæ.
Onde se vê a magnificência da recordação religiosa do Egito é na esfinge de Gisé, nas pirâmides milenares, que são ao mesmo tempo tumbas funerárias, templos de veneração aos antepassados, câmaras iniciáticas e livros de pedra, sobre os quais está escrita a ciência do Universo.
Hermes Trismegisto, o três vezes sábio, é a imagem divina sobre a Terra, de um Deus.
Em todas as religiões árias, encontra-se este homem Único entre todos, que é venerado pela posteridade como uma Divina Encarnação.
O conceito da Trindade não falta na religião egípcia, mas sempre com o aspecto da constituição de uma família divina.
Osíris e Isis engendram Horus; Ftah, deus masculino e Sokhit, deusa feminina, dão vida a Nefertunus.
Sobre todas as tumbas deste antigo povo, encontram-se estas três cabeças divinas entrelaçadas.
Os grandes livros desta religião, cuidadosamente guardados pelos sacerdotes, de centúria em centúria, possuidores de todos os segredos da sabedoria atlante, foram completamente destruídos pelos sacerdotes para que não fossem entregues aos profanos. Algum texto oral transcrito existia na Biblioteca de Alexandria, mas as chamas destruíram para sempre esse tesouro. Unicamente se conhece algum fragmento, mal transmitido, do Livro dos Mortos e do Grande Kaibalion.
Os egípcios tinham uma idéia exata da existência do corpo astral e o chamavam, o duplo do homem ou Ka. Disto advieram o grande culto que tiveram aos mortos e sua arte de embalsamar tão belamente que ninguém soube copiar. Eles procuravam conservar a aparência do corpo físico para que o ser, ao voltar a renascer, tomasse o mesmo aspecto da vida anterior.
Diziam que o Ka ou corpo duplo era uma imagem sutil, reprodução da física, que envolvia a alma - que eles chamavam Khu - e que emitia sutis radiações e fosforescências.


Ensinança 6: Dez Grandes Religiões

Foi explicado, nas lições anteriores, que duas grandes religiões fundamentais se haviam formado nos primórdios da Raça Ária. Os ários puros fundaram uma religião humana que, em contato com os ário-semitas, transformou-se em humano-divina. Os ário-semitas que não se haviam afastado muito das margens da terra perdida, mantiveram uma religião divina que, ao contato com os ários da primeira sub-Raça, transformou-se em divino-humana.
Têm-se então duas religiões fundamentais: a ário-védica e a ário-semita egípcia. Uma e outra, alternativamente, venceram-se, superaram-se, assimilaram-se, desprestigiaram-se. Mas, a finalidade foi que triunfasse a religião védica e que se perdesse a religião egípcia.
Os ário-ários fundaram uma religião humana que se transformou em divina. Enquanto que os ário-semitas desapareceram com o Egito, depois de haverem entregue aos homens brancos o tesouro de sua divina religião.
Estava escrito, era seu carma, que os homens da nova Raça - da razão - triunfariam e que os outros seriam derrotados.
Ficaram vestígios destas religiões divinas nos Templos do Sol (Cuzco), nas religiões selvagens e perdidas da América - que desapareceram como castelos feitos de cartas à aparição de um punhado de espanhóis que não eram os vencedores pelo poder, e sim os vencedores pelo direito do carma.
As duas grandes correntes védicas e egípcias foram as fundadoras das dez grandes religiões do mundo antigo até o advento do cristianismo.
Os ário-vedas deram vida aos caldeus, persas, gregos, gauleses e romanos.
Os ário-semitas deram vida aos assírios, sargônidas, israelitas, chineses e budistas.
Estas dez grandes religiões plasmaram a Idéia Mãe de toda a Raça Ária: a luta entre o Espírito e a matéria, a oscilação dos pares de opostos, a intensa luta entre uma razão humana e uma intuição divina.
Os caldeus, os persas e os gregos eram de tez clara, grandes propulsores da vida e da civilização pelo esforço próprio. Constituem-se em um vislumbre do que o homem poderá alcançar com o simples impulso de sua vontade e discernimento.
Os gauleses, enxame de ários esquecidos nas regiões tórridas do centro da Europa, tiveram a missão de conservar a religião da natureza, o mais pura possível.
Os romanos - formados pelo refinamento grego e empurrados pela onda de bárbaros do norte - formaram entre estas duas correntes a religião mais forte de nossa Raça, pois sobre eles foram fundados o cristianismo e toda a atual civilização.
Os assírios e os sargônidas, em suas origens, eram de tez escura e transmitiram com seu extraordinário desenvolvimento, mais intuitivo que racional, a divina religião dos egípcios.
Os israelitas, ramo saído também dos egípcios atlantes, têm a missão de manter, com sua religião, o conceito de um Deus único e pessoal, perpetuando-se durante todo o transcurso da Raça Ária, como símbolo vivo da origem da mesma.
Os chineses, de ascendência lemuriana, foram absorvidos pela religião atlante. Esta foi transmitida através do aparente materialismo das altas ensinanças de Confúcio e Lao-Tsé.
Os budistas, se bem que nascidos em pleno seio hinduísta, são uma caracterização das antigas religiões egípcias. Por esse motivo, o ódio mortal e encarniçado que sempre existiu entre hinduístas e budistas.
Sobre estas dez grandes religiões, fundou-se o mundo antigo, desenvolveram-se as quatro primeiras sub-Raças da Raça Ária, até que voltaram a desmoronar-se, a confundir-se e a reencarnar no nascente cristianismo e nas novas religiões.


Ensinança 7: Os Magos Caldeus

Como dois imensos rios que se encontram e se juntam, a antiga religião divina dos atlantes e a nova religião dos vedas se uniram e floresceram na nascente Raça Ária.
Já se viu como os ários abandonaram as mesetas e estepes da Ásia setentrional, emigrando em grandes caravanas para o sul.
A nordeste da África, estendia-se uma terra inóspita e quase inabitada, limitada pelos mares Negro, Mediterrâneo, Cáspio, o Oceano Índico e as montanhas do Cáucaso.
Como imensa massa de sal, a finíssima areia do deserto era a única dona do território. Mas, no limite oriental deste deserto, estabeleceu-se a nova raça que foi depois conhecida com o nome de Meda.
Dois grandes rios, o Eufrates e o Tigre, sulcavam este deserto, aliviando os novos habitantes e ajudando em sua tarefa fundadora. Os brancos homens haviam encontrado ali umas tribos nômades de negros semitas. Destruíram-nos ou dominaram-nos, mas sempre sem misturar-se com eles. Aprenderam destes descendentes de atlantes, a história de sua divina religião e de suas grandezas perdidas.
Mais adiante, a história da destruição da Atlântida será escrita nos anais caldeus na lenda do “Deus Belo”. Pela maldade dos homens, Deus decide destruí-los e encarrega Xisusthros de que construa uma arca e guarde nela todo ser bom e que navegue para a terra de Nicir, terra prometida de salvação.
Os hebreus copiaram dessa história, o relato bíblico do dilúvio universal.
Titã e Ner, gigantes caldeus, são também vislumbres do conhecimento que tinham da gigantesca Raça Atlante.
A luta dos primitivos caldeus contra a rebelde natureza e contra a incomodidade do terreno que habitavam, e a recordação do culto natural de seus antepassados ários, fizeram com que divinizassem os elementos e fenômenos naturais. Mas o culto mais arraigado desse povo, que alcançaria um grau elevadíssimo de civilização, é aquele da existência da vida depois da morte, da reencarnação e da influência dos seres bons e maus sobre a Terra e sobre os homens.
Por isso, o primitivo sacerdote caldeu é o encantador que, com perfeita vocalização, afasta os espíritos inferiores e invoca a proteção dos bons.
Este estudo profundo das artes mágicas faz dos sacerdotes e Iniciados caldeus grandes químicos e grandes conhecedores do aspecto oculto da natureza. Como aprenderam que toda influência humana está sujeita à influência estelar e sideral, foram astrônomos consumados. Tão certo é isto que os templos caldeus podem ser considerados como grandes observatórios.
Os antigos templos eram retangulares e se chamavam ziggourat, com três, quatro ou sete andares sobrepostos. Estavam construídos sobre grandes colinas artificiais e o andar superior, de forma semiesférica, era um perfeito aparelho telescópico fundido em prata e ouro. Ali estava a câmara secreta da deusa Ishtar, à qual não podiam entrar mais que os Grandes Sacerdotes Iniciados ou os Iluminados que houvessem alcançado a clarividência mental.
Os povos caldeus, que primitivamente se constituíam em clãs para a disciplina de sua organização, alcançaram bem depressa um grande poder e civilização. Não possuíam pedras nem mármores como os egípcios, mas souberam escrever sua história sobre imensas massas de barro, história esta que chegou até os dias atuais.
Também adoravam um Deus Único, Zi Ana (Deus criador), Zi Kia (o Deus humanizado), o redentor feito homem, chamado o Grande e Sublime Peixe.
Observe-se aqui a similitude com Cristo, que traz uma religião que tem por símbolo um peixe, da mesma forma que a Encarnação Divina dos caldeus. Enlil é o aspecto mau de Deus, rei dos lugares tenebrosos, dos infernos e do mal.
Os caldeus também conheceram o conceito religioso da Trindade, já que dignificaram Anu, Bel e Ea, como um Deus só, com três cabeças.


Ensinança 8: A Religião Iraniana

À medida que iam se sucedendo as civilizações árias, uma após outra, iam mudando, modificando-se e transformando-se as religiões.
Na bacia do Tigre, na Ásia Central, havia se levantado um povo forte e indômito, o assírio, que logo cresceu e desenvolveu uma potente civilização.
As cidades populosas e perdidas de Assur, Nínive e Calé lembram a grandeza desse povo. Imitando o povo egípcio, seu grande inimigo - ao qual venceu e pelo qual foi vencido por sua vez - divinizou o aspecto da natureza, da deusa pomba, a grande rainha Semíramis. Enquanto que, na adoração do aspecto masculino de Deus, este foi simbolizado pelo Fogo Sagrado que ardia constantemente nos templos.
Os sargônidas, os medas e os persas adoraram os dois aspectos: o fogo como Deus e a natureza divinizada como Deusa.
 Mas, havia de surgir uma nova religião, uma religião que divinizasse e exaltasse mais o conceito divino, desembaraçando-o da grande quantidade de ídolos, estátuas e cultos variados em que havia caído.
A divina religião atlante estava esmagada sob as estátuas monstruosas de numerosos deuses. E a pura e natural religião dos primitivos ários havia sido suplantada por formas grosseiras.
Assur, o deus alado, que sai do disco solar, cuja imagem os gregos copiaram para seu deus Hermes, havia perdido toda significação harmoniosa da humanidade enlaçada com a Divindade.
Em uma vasta meseta da Ásia, circunscrita pelos rios Indus, Tigre e o mar Cáspio, formava-se um novo ramo da Raça Ária, mescla de persas, de medas e de assírios: a raça iraniana ou pérsica.
Nos alvores de sua civilização, para restaurar e harmonizar o culto religioso, desceu entre eles um Grande Iniciado: Zaratustra. Este grande ser destruiu a idolatria e levantou o estandarte do Grande Deus, o Deus único, o Verbo solar: Ahuramazda.
Desde então, o culto solar, símbolo da religião divina dos atlantes, brilhará outra vez sobre todos os estandartes, sobre todos os tronos, sobre todos os altares.
Em sua juventude, Zaratustra é levado por Vohumano, deus tutelar da raça, a uma montanha onde Ahuramazda lhe entrega o Avesta, código sagrado da nova religião. Também Moisés, legislador do povo judeu, recebe de Jehová, sobre um monte, as tábuas da Lei.
Até no que diz respeito à morte, esta nova religião se despoja das muitas formas, já que expõe seus mortos sobre altas torres, para que as aves de rapina comam as carnes dos cadáveres e os ossos sejam calcinados ao sol.
A religião iraniana estabeleceu os dois princípios fundamentais, do bem e do mal. O bem há de ser premiado nesta e na outra vida. O mal há de ser castigado nesta vida, pela lei; e na outra, pela pena e pelo castigo divinos.
A religião iraniana abre um parêntese novo entre as religiões árias que haviam perdido sua primitiva harmonia, baseando-se no culto monoteísta e politeísta ao mesmo tempo. Se depois, com o correr do tempo e como todas as religiões, ela também se materializou e adorou deuses diversos, todas as religiões sucessivas jamais perderam o verdadeiro conceito da religião da Raça, que é uma recordação divina encerrada em uma forma humana.
O círculo e a cruz aparecem por toda parte: o Ank Sagrado da Mãe Divina brilha no céu de todas as religiões da Raça Ária.


Ensinança 9: A Deusa Assíria da Guerra

Estreitado entre os poderosos impérios caldeu e egípcio, havia surgido um novo povo: os assírios.
Os caldeus, os assírios, os fenícios, os sírios, os sargônidas e os persas constituem a terceira sub-Raça Ária chamada irânia.
A Raça Ária se divide nas seguintes sub-Raças:
Raça Raiz Ária
1ª sub-Raça           Ário-Ária
2ª sub-Raça           Ário-Semita
3ª sub-Raça           Ário-Irânia
4ª sub-Raça           Ário-Celta
5ª sub-Raça           Ário-Teutônica
6ª sub-Raça           Ário-Americana (por aparecer)
O povo assírio estava selecionado entre os caldeus ário-semitas e destinado a formar uma religião védica, por excelência. Havia se formado forte, indômito e lutador, já que era destino da Assíria manter-se independente, à custa de guerras contínuas, pois rodeavam-no potências inimigas.
É lógico então que a religião assíria seja, por excelência, guerreira e a personificação dos poderes da guerra, do combate e da vitória.
O rei dos assírios, Assur, é um Iniciado ário, que guia esse povo à conquista de uma nova civilização: a civilização pela força.
Os assírios, ao saberem-se fortes, não foram cruéis com os vencidos, para aprender seus ensinamentos, assimilar seus bons costumes e entrefundir os valores construtivos.
Assur, o rei Iniciado, transforma-se em Cidade Santa e a Cidade Santa se transforma no santuário vivo, que o tem por supremo culto.
A grande biblioteca de Assur foi testemunha deste valor progressista dos assírios. Estavam ali reunidos documentos da antiga civilização atlante, da história dos primitivos assírios e o livro da profecia e da construção da grande pirâmide de Quéops. Desta biblioteca ficam remanescentes - de suas tabuinhas e escrituras sobre papel impermeável - no Museu Britânico.
Como a Assíria é a religião do combate, seu Deus construtor é o grande rei vencedor, construtor do reino assírio: Nino, o vencedor. O aspecto feminino da Divindade está representado por Semíramis, a filha divina de Derketo de Ascalón.
Semíramis foi abandonada ao nascer e foi recolhida por um pastor chamado Simas que a criou amorosamente e a instruiu na arte da guerra. Casada com Cannes, seguiu-o nos combates. Nino se enamorou dela, arrebatou-a do esposo e associou-a ao império. Desde então, ela cruzou a vida sobre um resplandecente cavalo de batalha, indo de vitória em vitória, fundando templos, vencendo inimigos, enriquecendo de tesouros de arte a grande Nínive. Depois, seu filho Nínias conspirou contra ela e, quando ela o soube, ferida pela dor, transformou-se em uma branca pomba que desapareceu no céu.
O culto primitivo dos assírios era o mesmo que o dos caldeus. Adoravam o Deus Belo e lhe ofereciam sacrifícios. Mas depois, formaram um culto próprio, divinizando seus reis ou transformando esses deuses estrangeiros em deuses nacionais.
Desta antiga religião não fica, hoje em dia, resto algum no mundo. Mas sua história de grandeza religiosa, de um Deus Uno e Trino, de um castigo e de um prêmio depois da morte, está escrita em todas as religiões que a sucederam.
Quando o povo assírio decresceu e começou sua decadência, os cultos primitivos puros e fortes - que imploravam a vitória antes do combate ou celebravam o triunfo depois da batalha com ritos simples e primitivos - foram sendo suplantados por cerimônias luxuosas e sacrifícios humanos.


Ensinança 10: O Sol do Irã


Desde as margens do Oxus e do Laxartes situadas próximo à mística meseta do Pamir, os iranianos desciam para Bactriana e Nizaya. Dessa multidão de tribos nômades surgiram os impérios Meda e Persa.
Como um sonho, chegaram até os dias presentes os relatos das grandes cidades dessas nações: Ecbatana e Persépolis.
Inútil é discutir sobre a origem ária desses povos, pois é demasiado visível sua semelhança na literatura e na linguagem.
O Zend-Avesta é uma imagem dos Vedas. Seu idioma primitivo é do tipo Zenzar sânscrito e estava relatado no Avesta, livro que se perdeu completamente, pois o Zend-Avesta não era senão um comentário do texto primitivo (Zend: comentário).
O conceito religioso dos persas era natural e divino. Tudo emanava do eterno, o chamado Zervani-Akerena. O Imanifestado se expressava em um deus manifestado: Ormuzd ou Ahuramazda. Havia também um deus do mal: Ahriman.
O conceito que tinham da vida não era nem de bem absoluto nem de mal absoluto, porque regia para eles o mais alto sentido dos pares de opostos. Ormuzd nem sempre é aquele que triunfa, a não ser periodicamente: existe a idade do bem e a idade do mal. Uma coisa contrabalança a outra. Mas o grande deus dos persas é Mitra, imagem da energia cósmica.
Ormuzd, Ahriman e Mitra, formam a Trindade sagrada. O bem e o mal passam, mas a energia divina permanece eternamente.
Este conceito de adoração ao Sol, faz que a imagem solar brilhe sobre os palácios e os estandartes dos persas. Todo o Irã é o país do deus sol.
Como resultado desta ardente veneração, surge a adoração ao fogo.
Nesses templos resplandecentes de ouro, o fogo é o único símbolo, a única imagem. Pelas chamas do altar, os sacerdotes predizem o futuro e através do fogo chega a eles a voz dos deuses. Moisés recordaria isto quando Deus lhe falava desde a sarça ardente.
O grande profeta do Irã foi Zaratustra, a Divina Encarnação aparecida há quatro mil anos para renovar o povo persa decaído. Não se deve confundir este profeta com Zoroastro que foi o Iniciado que trouxe os primitivos irânios de Bactriana à meseta do Irã.
Toda a religião persa é cosmogônica e astronômica, em seu símbolo e em sua forma. O sol é a morada das almas bem-aventuradas, mas para ascender até ele, as almas deverão passar por sete portas, imagem dos planetas; mas também, imagem das etapas iniciáticas que devem ser escaladas para chegar à liberação ou estado de Iniciado Solar.
Nenhuma prova fica da grande civilização nem do grande adiantamento dos persas, já que a história conhece algo sobre ela, unicamente a partir da dinastia dos sassânidas.
Os persas tinham também em Persépolis uma fantástica biblioteca e um museu com exemplares dos tempos mais remotos dos ários, que foram destruídos de forma vandálica pelos gregos, sob o mando de Alexandre.
A religião persa desapareceu totalmente do Irã, mas na Índia existe o mazdeísmo, que é uma imagem daquela antiga religião, a segunda depois do hinduísmo, que chegou até nossos dias. Ainda hoje, o sacerdote mazdeísta ou parsi acende o fogo sagrado sem tocá-lo: coloca no alto, sobre dois paus de sândalo, o lume para que se acenda. Em alguns templos, permanece sem acender-se, esperando durante anos, um raio do céu que o acenda.
Antigamente, os sacerdotes persas que dominavam perfeitamente os elementais, atraíam sobre o altar um raio do céu para que o acendesse.
O culto ao fogo - desde os persas e os ários primitivos, adoradores de Agni - passou a todas as religiões e este símbolo do natural e do divino chegará com elas até o final da Raça.


Ensinança 11: Os Sargônidas


Também se costuma chamar a segunda grande época assírio-semita deste povo iraniano, de Assíria. No entanto, existe uma grande diferença entre estas duas épocas e entre um e outro povo.
Já se viu que os assírios eram de ascendência ário-semita e haviam assimilado os povos negros, primitivos, submetidos a eles.
Cresceram e se fizeram poderosos e sábios, mas veio também para eles o tempo da decadência.
Já não adoravam o Deus único. Os sacerdotes já não eram os mensageiros entre o Altíssimo e os homens. Os potentes templos, depósitos de energia guerreira, já não eram mais que galerias de estátuas de deuses de toda forma e dimensão. Os reis já não eram os justos descendentes do mitológico rei Nino, mas se abandonavam aos vícios e à indolência.
Enquanto isso, as províncias semitas - sujeitas aos assírios - haviam-se tornado fortes, abandonando os costumes pagãos e desejando voltar ao culto do único e verdadeiro Deus.
Deus criou um homem guerreiro, indômito, de grande valor e fortaleza, de nome Sargão e de origem semita.
Ele instigou seus irmãos de raça contra os reis reinantes. Levantou-se em guerra e venceu pouco a pouco os dominadores, ficando como senhor e rei de todo o território assírio.
Por isso, era chamado “Sargão, o usurpador” e com ele começa a época dos assírios sargônidas, de origem semita.
Este homem renovou o povo e as cidades (fundando novas), esmagou as províncias rebeldes, destruiu os ídolos e restabeleceu o culto a Deus, venerado em Espírito e verdade.
Toda sua vida, até que foi assassinado, foi de guerra e reforma. Venceu a barreira que o Egito e o Elman punham à Assíria e fez seu reino imensamente grande.
 Depois da conquista da Caldéia e de haver saqueado pela segunda vez a Babilônia, edificou templos de sete escalinatas, nos quais se venerava a árvore sagrada, imagem das sete manifestações eternas e copiada dos mistérios da deusa Ishtar e do deus Belo da Babilônia.
Antigos fragmentos de barro representam o rei Sargão, de pé, diante da árvore sagrada, com a cabeça inclinada como se a estivesse adorando.
A árvore sagrada era imagem, de acordo com os sacerdotes sargônidas, de Deus manifestado.
A primeira parte, composta de três ramos, representava a manifestação inferior ou animal; a segunda parte, ramos de cor vermelha, representavam a vida do homem; outros ramos de cor azul celeste, representavam a existência dos mundos intermediários, onde moravam os antepassados guerreiros.
Os outros ramos superiores, de cor amarela, representavam a morada dos anjos ou espíritos superiores. O quinto, o sexto e o sétimo ramos eram imagem do Deus Trino e Invisível.
Esta forte raça semita foi a que mais tarde deixaria seus ensinamentos, seus símbolos e suas escrituras aos moabitas e aos hebreus, por intermédio dos quais chegariam até nossos dias.


Ensinança 12: Os Hebreus

Durante o primeiro período da sub-Raça irânia predominaram os puros ários no governo e na direção dos povos, como se viu na Caldéia e na Assíria. Mas a partir do segundo período da sub-Raça irânia, adquiriram preponderância outra vez, os semitas de cor acobreada, como se observa nos sargônidas, fenícios, arameus, moabitas e hebreus.
Os semitas não abandonariam o domínio do mundo, especialmente no que se refere à matéria religiosa e espiritual, até o crescimento e desenvolvimento da sub-Raça céltica, a qual deu povos tão valorosos e admiráveis - puramente ários - como os gregos, itálicos e gauleses.
Muitos semitas haviam se estabelecido em diversos lugares da Ásia e haviam se transformado de tribos errantes, em povos fortes como os fenícios, os arameus e, em menor escala, os moabitas.
Mas outros rejeitavam esta vida sedentária e preferiam o deserto à cidade, a tenda à cômoda casa, o pão ázimo dos fornos naturais aos saborosos manjares.
Entre os demais povos, ainda os semitas, costumava-se esmiuçar a Divindade, dando-lhe diversos aspectos e formas.
Mas, estes puros filhos da areia e das rotas intermináveis não tinham em sua mente simples a não ser um único conceito de Deus: Eloh, o Espírito, o Invisível, a Força Desconhecida, o que não podiam definir.
Estes nômades teraquitas se dividiram em diversas tribos, talvez as doze tribos de Israel. Mas os que adquiriram preponderância sobre os demais foram os de Ben-Israel e de Ben-Jacob.
Esses nômades, que os assírios e os caldeus chamavam hibrim, que quer dizer hebreus - ou seja, os que  vêm de além-rio - tinham um altíssimo culto à conservação da própria raça e à pureza do sangue.
Eles eram os descendentes dos semitas atlantes, eram aqueles que, por centúrias e centúrias, tiveram que lutar para manter intacto o sangue que teria que ser transmitido às gerações posteriores para formar o novo tipo de homem.
Tiveram a missão ancestral de manter no mundo o tipo físico da nova raça que haviam herdado de seus ascendentes atlantes.
Esta força de manutenção da raça se manifestava como uma intolerância absoluta a mesclar seu sangue com aqueles que não fossem de sua tribo.
Este conceito subconsciente dos hebreus - de conservação da raça - transmitiu-se através do tempo, até hoje e muitos padecimentos tiveram que suportar e suportarão ainda por seguir o instinto da raça.
A religião dos primitivos hebreus era completamente simples e ampla.
Enquanto as caravanas e os camelos iam lentamente cruzando os caminhos que levavam para o Eufrates ou os caminhos da Síria ou do Líbano, elevavam suas preces ao Todo Poderoso, com lentas canções rítmicas, análogas ao Iasar dos israelitas e ao Kitab-el-Aghani dos árabes.
Todas as tardes paravam e acampavam próximo a um oásis, e antes de seguir lentamente sua marcha, levantavam uma pedra comemorativa chamada “Iad”. Ou quando não encontravam uma grande pedra, juntavam montões de pedras, que os árabes do deserto, ainda hoje, chamam de El Galgail.
O vento que levantava dunas enormes e assobiava por dias e noites através de suas tendas; o raio que feria implacavelmente seu gado, tão amorosamente guiado; a lua que traçava seus caminhos com uma franja de luz projetada sobre a areia; o céu estrelado e o sol abrasador eram para eles o “Eloh”.
Em vez de dividir estes elementos, de dar-lhes diversos nomes e atributos, fizeram com que se assimilassem entre si, juntaram-nos em uma única expressão de poder sobrenatural, “Elohim”, que era, ao mesmo tempo, o Deus Uno e os poderes de Deus, juntos em Um.
Esta simplicidade de culto que os primitivos egípcios, caldeus e assírios haviam praticado – e que foram perdendo paulatinamente com o tempo e com o progresso - havia lançado as bases do conceito monoteísta, tal qual perdura ainda no mundo.
Jeová é nome dado a Deus em tempos posteriores, quando esse Deus Uno se fez mais material e mais unido aos destinos do povo israelita.
Os hebreus não tinham mitologia alguma, pois a simplicidade de seu culto não a admitia. Tampouco admitia um culto propriamente dito, pois levavam consigo, no Terafin ou arca portátil, o óleo que costumavam derramar sobre as pedras recordatórias.
Os hebreus somente tiveram cultos e templos depois dos cativeiros do Egito e da Babilônia, depois que se estabeleceram na Palestina.


Ensinança 13: A Religião de Moisés


Os atlantes possuíam uma religião divina que, considerando o Absoluto como fonte de todas as coisas e única realidade, desprezava considerar a vida física e a finitude do homem depois da morte.
Mas este conceito, nas últimas sub-Raças atlantes, em plena decadência, transformou-se em um materialismo total.
Os semitas, herdeiros dessa religião, tinham o mesmo conceito sobre o homem. Deus é o Todo, o Absoluto, Aquele que não se pode nomear. Aquele que abarca todas as coisas. Mas o homem é passageiro.
Diferentemente dos ários que crêem em uma vida depois da morte, que crêem nos “Pitris”, protetores invisíveis da raça, os semitas e em particular os hebreus, não crêem que o homem subsista no além. Basta-lhes ter uma vida venerável e respeitada; basta-lhes que seu nome seja pronunciado com veneração depois da morte e que a lembrança do patriarca seja perpetuada em sua raça.
No além não há mais que o nada, o silêncio eterno, o que o homem não tem direito de investigar. Alguns homens escolhidos, no mais extraordinário dos casos, serão arrebatados, ainda com vida, para o reino de Deus, para viver junto a Ele.
As tribos nômades dos hebreus, ou melhor, algumas delas, haviam-se estabelecido no baixo Egito e tanto se enraizaram ali, que tomaram nome próprio, já que eram denominadas Ben-Josef. Adquiriram predomínio sobre os Ben-Israel e os Ben-Jacob, e os atraíram para si, dominando-os depois e mantendo sobre eles um predomínio aristocrático.
Mas as freqüentes invasões nômades haviam debilitado o Egito e os faraós, e freqüentes revoluções internas eram suscitadas por estes estrangeiros nas províncias faraônicas.
Um jovem inscrito no serviço do culto egípcio - ou Levi - chamado Moisés levantou os hebreus contra os faraós e, à cabeça deste povo, induziu-os a fugir para o deserto de Canaã.
O povo hebreu nada adotou do culto egípcio, já que na Judéia sempre foi considerado reprovável tudo o que recordasse o Egito: o bezerro de ouro, a serpente de bronze e outros ídolos. O único que mantiveram foi o sacerdócio egípcio, copiado dos Levi.
Todo o culto hebreu, como já se viu, está baseado nos cultos da Caldéia e da Assíria. No entanto, o puro culto primitivo dos Elohim - que havia culminado na bela figura patriarcal de Abraão, era unicamente monoteísmo racial. Yahve, o Iehova dos judeus, não é já o Deus Eterno que tudo abraça, mas é o deus peculiar do novo povo, um deus reduzido a uma estreita faixa de terra, a um pequeno número de homens, a uma relatividade personalista.
À medida que este povo se estabeleceu em Canaã e se institui como tribo fixa, condensou mais em si este deus individual.
Fez-se cada vez mais obscuro o conceito espiritual dos hebreus, apesar do reinado de David e do Templo de Salomão. Quanto mais o esplendor terreno foi progredindo, mais se estendeu o materialismo entre eles.
Mas a dor e os profetas despertaram este povo para manter, através das raças, a herança da religião semita.
No cativeiro da Babilônia, longe de Jerusalém, longe dos esplendores da Palestina e da grandiosa solenidade de seu Templo destruído, voltaram a pensar na imensidade verdadeira de Deus e a prestar ouvidos às palavras de vida eterna de seus profetas.
Tendo voltado a Jerusalém por vontade de Ciro - o grande rei da Pérsia - restabeleceram o culto mais puro. Esdras reúne as perdidas e espalhadas leis do povo, amplia e estabelece definitivamente a Torah.
A vida espiritual floresce. Filosofias e homens de religião proclamam a existência do Espírito depois da morte.
Os saduceus posteriores são os materialistas, enquanto que os fariseus são os espiritualistas de Israel.
Não somente consideram a letra morta da lei. Eles estudam sua parte esotérica e oculta. E, quando os cristãos nascentes quiseram apossar-se dos livros sagrados dos hebreus, estes não tiveram inconvenientes em cedê-los, dando-lhes assim a letra morta e ocultando a parte esotérica que teve um belo reflexo no Talmude.


Ensinança 14: Os Gregos


Nas ilhas Egéias crescia um povo bárbaro, descendente dos puros ários, que haveria de ser o broto da sub-Raça celta e fundador da Grécia.
Parece que o destino deixou na mais profunda obscuridade e abandono os povos que haveriam de ser fundadores de grandes raças e de dinastias gloriosas.
Estes povos semi-selvagens não conheciam a escrita, as artes, nem sistema social, pois viviam completamente em contato com a natureza, praticando uma religião puramente humana e externa, resto da primitiva religião ária.
Todas as forças da natureza, todas as manifestações da vida, transformam-se para eles em divindade. Este povo não tem conceito de um Deus Único nem de um rei todo poderoso sobre a Terra, como tiveram os semitas e os egípcios com seu faraó. Constituem-se em clãs e nunca foi maior a Grécia do que quando foi governada como república.
Com estas tribos egéias, jônicas e dóricas, forma-se a nova Grécia.
Suas mais antigas lembranças estão relatadas em duas epopéias nacionais: a Ilíada, que descreve a destruição de Tróia. E a Odisséia, que canta as aventuras de Ulisses.
Grandes cidades surgem ao redor dos templos das diferentes divindades e são, ao mesmo tempo, cabeças religiosas e legislativas destes povos. Entre elas: Atenas, Esparta, Corinto, Tebas, Samos e Mileto.
Com seu avanço, a Grécia se estende até a parte meridional da Itália, chamada Magna Grécia.
Seu deus, Zeus, filho de Rea, inspira-lhes aquele sentimento de força que obriga a vencer a todo custo. Deméter, a deusa da terra e da fertilidade, assegura-lhes o fruto do trabalho bem executado. Afrodite, a deusa do amor, nascida das brancas espumas do mar, concede-lhes o direito ao prazer e à vida. E o Olimpo, monte da Macedônia, transforma-se no paraíso, onde moram seus muitos deuses e onde a juventude e a felicidade são perenes.
Depois de vencidos os persas, fazem-se cada vez mais fortes e maiores, e nos tempos de Alexandre, filho do rei Felipe da Macedônia, o esplendor dos celtas está em seu apogeu. Alexandre fundou uma cidade no Egito que será a sede do novo império dos Ptolomeus. Serão fundados ali o museu e a biblioteca - maiores e mais ricos em documentos eruditos e em história - que a humanidade já viu. À medida que a Grécia vai se engrandecendo, vai adquirindo conhecimento da unidade de Deus. A religião humana e a divina sempre se encontram. Delas sairão os maiores filósofos: primeiro, Sócrates, o qual por acreditar em um Deus Único, foi condenado à morte, e depois seu discípulo Platão que tão maravilhosamente afirmou a existência de um ente supremo e explicou o significado oculto das diferentes divindades gregas. A estes, seguiram-se Aristóteles, Xenofontes e muitos outros.
Mas, o resumo glorioso da sabedoria grega está em Pitágoras. Ele explica o sentido vedantino da eternidade e o aspecto criador do Universo com uma exatidão matemática.
Nenhuma religião expressa a pureza e a simplicidade do culto primitivo dos ários, como o faz a grega. As forças naturais que vão adquirindo corpo pouco a pouco - transformando-se em pessoas vivas e em divindades - são de uma beleza tal, que milhares de anos depois de haverem desaparecido os gregos e sua religião, seguem vivendo nos tratados de suas filosofias, estudados até hoje, e nos testemunhos artísticos que imortalizaram aquelas lendas.


Ensinança 15: Deuses Gregos


 Na antiga Grécia começa o verdadeiro culto de deuses, imagens e cerimônias, no período chamado Micênico. Mas os ídolos gregos não têm seu apogeu senão na idade helênica.
A idade helênica está constituída pelas dinastias dos eólios, jônicos e dóricos. A união destas três forças enriquece a antiga Grécia em religião, poesia, escultura e música, pois o culto helênico é um resultado das belas artes - não sendo as belas artes um resultado do culto, como em outras religiões.
Toda força, todo impulso, todo ato de valentia, une as artes e cria um deus.
Pode-se observar isto no nascimento da mitologia dos povos. Cronos e os antigos Titãs é a civilização incipiente, a cultura em seu começo, pois deste povo ignorante e forte, surge Zeus, o grande deus. Já é um deus símbolo de força, de ordem, de vitória, de uma lei constituída para o progresso e o engrandecimento dos gregos.
No Olimpo onde ele reina, reúne ao seu redor todas as divindades: do ar, do mar, da terra, do céu e do inferno. Ele é o absoluto que encerra em seu punho invulnerável, em sua vontade inquebrantável, todas as forças humanas e divinas, imagem do que os helênicos sonhavam ser, um povo único que dominasse todos os outros e os tivesse sob seu domínio pela persuasão, pela força, por todas as artes.
O império da Grécia, como se vê, ainda não morreu no mundo.
Zeus divide seu reino celestial com seus irmãos Posseidon e Ares. Hera, esposa e irmã do deus, é símbolo do poder potencial e manifesto. Uma multidão de filhos ajuda os severos deuses a reinar.
Palas Atena é a deusa da força e da guerra. Protege Atenas e os estudiosos, já que nasceu de um pensamento inspirado de Zeus.
Febo, deus da luz solar, símbolo da energia vital do astro rei, adornado de beleza e de graça, levando a seta e a lira, fere os desejosos do saber e os encanta com a inspiração da poesia, da música e das belas artes.
Ártemis é a irmã do sol, símbolo da noite clara, da lua, das campinas, dos caçadores. Protege e regula a vida fisiológica da mulher.
Hermes, símbolo de Cristo, símbolo do filho de Deus, é venerado como mensageiro dos deuses. Protege a juventude, promessa futura do povo e, por último, salva as almas e as guia à mansão da paz.
Hefaístos é o deus do fogo. Ninguém como ele tem a habilidade de trabalhar os metais, símbolo do fogo místico e da corrente vital geradora dos seres, imagem da Kundalini indiana. Sem ele, sem o grande poder, Afrodite, a deusa da beleza, do amor e da geração, não poderia dar vida aos homens. Hefaístos é seu único, seu legítimo consorte, apesar de que ela tenha outros amantes, porque o poder gerador é Um em seu aspecto fundamental.
Ares é o deus da guerra violenta, antipatizado pelos demais deuses. Hestias é a protetora do lar, é o anjo da guarda, o manso São José dos católicos.
Posseidon, imagem da matéria instintiva, é o soberano das águas e do mar, das tempestades e dos terremotos. Leva na mão um tridente, símbolo do poder dos elementais ou do triângulo inferior: mente instintiva, energia original e matéria bruta.
Deméter, irmã de Zeus, é a mãe da terra. Viria a ser o espírito da terra que dá vida à natureza, faz florescer as árvores, fecunda as colheitas e enriquece as videiras.
Mas, o deus do vinho, como símbolo de bacanal, de esquecimento, de gozo astral, é Dionísio ou Baco.
Não são estes os únicos deuses do Olimpo helênico, pois seguem-lhes uma quantidade de deuses menores como são as três Parcas, símbolo das deusas do carma, as nove Musas e as três Cárites, símbolo da graça e da beleza.
Os gregos divinizaram também os heróis, mas o verdadeiro culto se esforçava em encontrar o Deus Único por trás de todos os aspectos de cada divindade.
Xenófanes, o grande filósofo, deplorava o conceito do vulgo de adorar o símbolo externo dos deuses e esquecer o Deus Uno, Aquele que não tem nem corpo nem forma, que é pura essência.
A poesia muito ajudou a enriquecer o culto com os cantos nupciais, funerários e épicos.
Já desde antes que o divino Homero escrevesse sua Odisséia, são lembrados os nomes de grandes poetas como: Lino, Himeneu, Múseo, Orfeu e Anfión.
Todas as artes, como já foi dito, foram criadoras e colaboradoras do culto.


Ensinança 16: Artes e Filosofias

Nenhum povo chegou, nas artes e na filosofia, tão alto quanto o grego, a tal ponto que será difícil superá-lo.
Esta civilização, nascida entre as colunas das sete ciências, tocou e aprofundou todos os conhecimentos, descobriu e sintetizou todas as belezas e deu um novo sentido à vida mediante a poesia, a literatura e a filosofia.
É impossível enumerar todos os artistas do período arcaico, pois são numerosíssimos; entre eles, pode-se lembrar Sólon, que além de poeta, ditou as leis de Atenas, e foi um dos sete sábios dessas épocas heróicas. Nem se pode esquecer Safo, a maravilhosa poetisa do amor, que cantou os prazeres da vida com tão delicados realces como muito poucos puderam fazê-lo depois dela.
Mas Píndaro foi o maior lírico da Grécia, cujas poesias chegaram fragmentariamente aos dias de hoje. Como eles, muitos: Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Epicarmo e Aristófanes.
Tampouco se deve esquecer Esopo, o autor das obras satíricas nem Heródoto, o historiador.
Mas, o que mais enriquece o saber grego é essa legião de homens estudiosos e amantes da verdade: os filósofos.
Com Xenófanes, começa aquela coluna de sábios maravilhosos. Já naquele tempo, este escrevia altamente sobre a origem do Universo e sobre o conceito da Divindade.
Mas no período ático é quando brotam os filósofos como flores.
O mais antigo é Tales de Mileto que baseou sua filosofia no estudo da física, da geometria e da astronomia. Considerava a água como o princípio originário de todas as coisas naturais.
À sua escola pertencem Anaximandro e Anaxímenes (ambos oriundos de Mileto) que consideravam o Universo, além de sua composição física, como resultado de um elemento mais sutil, desconhecido, que chamavam “massa concreta infinita”.
Heráclito de Éfeso pertenceu também à escola física e atribuía aos elementos um espírito divino.
Tem-se por este tempo, Xenófanes, o filósofo monoteísta, que detestava as imagens e que poderia ser considerado um predecessor dos iconoclastas.
Mas a escola filosófica que alcançou mais alto relevo foi a itálica, dirigida por Pitágoras. Ele foi, antes de tudo, um grande matemático que aplicou os fundamentos da matemática e da álgebra ao Universo e às leis metafísicas. Foi um dos primeiros que expressaram a idéia da metempsicose ou reencarnação.
Leucipo de Eléia fundou uma filosofia atômica, sustentando que a alma do homem é um resultado causal e energético da agrupação atômica celular.
Empédocles quer sintetizar o Espírito com a matéria. Por isso, imagina o Universo como duas grandes correntes que, ao confundirem-se entre si, criam a manifestação da vida.
O primeiro a dividir os elementos e a agrupá-los foi Anaxágoras. Também o fez Hipócrates, o filósofo médico.
Porém, as filosofias gregas haviam decaído e haviam-se materializado cada vez mais, até chegar à sofística e sua escola.
Foi então que surgiu Sócrates, o grande filósofo do Espírito.
Sua obra foi completada por seu discípulo Platão, fundador da escola acadêmica, o qual deixou um número muito grande de obras escritas, nas quais se vê claramente seu profundo sentido espiritualista e esotérico.
Desde então, começam os filósofos a voar pelos espaços da mente e a procurar as sutis questões das coisas imponderáveis.
Aristóteles é o filósofo das idéias, da mente, das concepções espirituais, do sentido estático da vida, fundador da escola peripatética.
Enquanto estas escolas espirituais iam sendo difundidas, outras duas escolas haviam nascido em Atenas: a epicúrea e a estóica.
Epicuro, fundador da primeira, ensinava a seus discípulos que os deuses não se ocupam dos assuntos humanos e que o homem nasceu para gozar sabiamente dos prazeres da vida, satisfazendo com reto equilíbrio seus desejos, rejeitando a dor e a angústia. Dizia também que não se deve temer a morte, pois não é mais que uma dissolução do corpo.
A escola estóica foi fundada por Zenon de Cippo e sustentava que a felicidade do homem consiste na virtude, em dominar por completo as paixões. Toda a moral cristã está baseada nesta escola, que considera a alma humana como uma parte e não como uma emanação da Divindade e que o supremo bem consiste em poder auxiliar os semelhantes.
Os últimos filósofos gregos, chamados “do período romano”, já muito influenciados pela grandeza de Roma, foram Jâmblico, Heliodoro, Dionísio e muitos outros. Entre eles, há alguns cristãos pertencentes à escola neoplatônica como Justino, Orígenes, Basílio e Eusébio.
É digno de ser mencionado, o grande filósofo de Alexandria, Amonio Saccas, fundador da escola esotérica neoplatônica e mestre da virgem Hipatia, aquela grande mulher alexandrina que foi lapidada por uma turba de cristãos ignorantes.
Basílides pertenceu também a esta escola e pode-se dizer que, com ela, pereceu aquela legião magnífica de filósofos gregos, fundadores de todas as escolas que ainda prevalecem no mundo.


Ensinança 17: Os Romanos

A Selva Negra estava habitada por uma tribo nômade de ários primitivos, os quais, atraídos pelo clima benigno das terras hespérias, desceram pelo atual Brenner até os paises vênetos e desde ali se internaram até o centro da antiga Satúrnia.
Fundaram ali uma florescente comunidade constituída em clãs, vivendo do pastoreio, da caça e da pesca.
Sua religião era como de todos os ários: puramente natural.
Adoravam os elementos e suas manifestações. Seus sacerdotes prediziam o futuro pelo vôo dos pássaros, pelo som do vento entre os ramos das árvores e pela forma das chamas do fogo sagrado.
Dali surgiu o poderoso povo dos racenos que, com o correr dos séculos, chamar-se-iam etruscos, povo de extraordinária civilização, como ainda hoje o demonstram os restos de monumentos, descobertos nas escavações daquelas cidades perdidas.
Mas outros povos, de origem semita e, em particular, aquelas tribos que depois se chamaram ligures, invadiram a Península Itálica, destruindo seus antigos moradores e impondo suas leis e religião, de origem egípcia e divina.
Começa desde então, o culto aos antepassados e a transformação do herói e do chefe morto da tribo, em deus.
A origem dos antigos romanos é completamente mitológica e está baseada nas crenças de todas as antigas religiões árias: um deus feito homem.
Rea Silvia, sacerdotisa do culto do fogo ou solar, desposa secretamente o deus Marte e é mãe de Rômulo e Remo. Os dois meninos estão constituídos por uma manifestação humana e divina. Abandonados no rio, recolhe-os um pastor e os amamenta uma loba, símbolo este da descida das almas puras aos mundos inferiores para conquistá-los.
Rômulo, depois de haver matado seu irmão, fundou uma povoação de foragidos, que implantaram um reino, à força de braço e de esforço.
Por isso, como os assírios, sua religião se baseia na força, no poder, na guerra, na ordem, na lei, no militarismo.
A suprema religião dos romanos é o valor, a vitória no combate e o engrandecimento de seu povo.
O único Deus, o único sacerdote é o rei que os governa ou o ditador ou o imperador. Não têm outro deus mais que aquele orgulho indômito que nunca os detém nem os deixa repousar.
A águia deve haver sido a primeira imagem religiosa dos romanos, porque como ela, quiseram levantar o vôo sempre mais alto.
Depois de se fazerem grandes e de estenderem seus domínios extraordinariamente, ao terem contato com os gregos (que tinham o sentido inato da religião e da mitologia), escolheram deuses.
Os romanos nunca tiveram deuses próprios e sim raptados e copiados do Olimpo helênico. Júpiter, rei do céu, é o Zeus de Atenas; Vênus é Afrodite; Marte é Ares; Apolo é Febo; Vulcano é Hefaístos; e assim sucessivamente.
Mas, com o culto e a imitação dos deuses gregos, decaiu o conceito do culto familiar, do culto primitivo e assim foi socavada a grandeza de Roma.
O povo romano foi, em particular, ou muito supersticioso ou muito cético. E como era tal seu poder e esplendor, atraía para si todos os cultos das demais religiões existentes.
No tempo do império, eram inumeráveis as seitas que existiam em Roma, às vezes com muito descrédito e diminuição dos deuses próprios e de seu culto. Por conseguinte, era de se esperar uma reação, como a que ocorreu em tempo dos cristãos.
O império romano havia tolerado tudo e havia admitido todos os deuses em seu panteão. Mas, não podia renunciar a divinizar o homem que o governava porque, sobre o poder quase divino dos soldados que este dirigia, estava o apoio e a armação de todo o império. Daí a perseguição violenta que se desencadeou contra os cristãos que negavam essa divindade básica do império.
Nem em ciência nem em filosofia foram ricos os romanos porque adaptavam os filósofos gregos e as ciências estrangeiras, estimando a guerra como supremo interesse e único anelo do homem.
Pode-se dividir o período religioso romano em três etapas:
1a. Aquela do culto natural e familiar do povo guerreiro, que foi a de máximo florescimento.
2a. O período de adoção dos deuses gregos que foi de enraizamento do império.
3a.. O período cristão, que foi de rápida decadência para o grande império das águias.


Ensinança 18: O Império Celeste


Chung-Ku, o centro da Terra, o lugar inalterável, que as águas dos cismas continentais não arrancaram do todo, guardou como uma relíquia, um punhado de homens lêmures que se amoldaram ao clima dos novos continentes - vencidos e dominados pelos negros atlantes e ao mesmo tempo instruídos por eles. Ainda subsistem ao despontar a Raça Ária. Não morrem, mas se transformam e se amoldam. E assim, temos o homem amarelo, de pequena estatura, olhos alongados, de idiossincrasia característica, como uma relíquia vivente da perdida Raça Lemuriana, matizada dentro da Raça Ária.
As origens da civilização chinesa (Chun-Chin) perdem-se entre as brumas dos tempos védicos, pois vedas foram as tribos que se estabeleceram sobre a penha de Chung-Yang, vencendo seus primitivos habitantes, assimilando-os e se adaptando a eles.
Este país - que se estende desde o Tibete até o Mar Amarelo - guardou melhor que nenhum o conceito de uma religião divina, já que, à semelhança dos egípcios, vê no imperador o ser supremo. Ele governa os homens e os deuses. O panteão dos deuses chineses está sujeito, em sua categoria, às ordens do imperador. Por isso, o nome deste reino: Império Celeste.
O imperador mais antigo e real - já que as dinastias anteriores são unicamente mitos e lendas - foi Yu, da dinastia dos Hia.
Ele erige cidades, organiza exércitos, combate seus inimigos e sempre sai vitorioso de suas empresas.
Desde então datam os anais chineses, que são códigos perfeitos na ordem social, moral e econômica.
Pode-se localizar esta dinastia há quinhentos mil anos antes de Jesus Cristo. Seus antecessores engrandeceram seus domínios e rodearam suas terras de uma imensa muralha que ainda subsiste como relíquia da grandeza chinesa.
Mas quem transforma a grandeza imperial chinesa em religião é Confúcio.
Transforma a ordem militar em filosofia prática, a obediência ao rei em devoção filial, como deve o filho ao pai, o homem a Deus. Estabelece uma disciplina que transformará a dor humana em uma felicidade continuada. Mas, para que isto seja possível, é necessário que o dirigente, o chefe, seja perfeito e que ajuste sua vida a uma estrita moral.
O Livro dos Anais, escrito por ele, transformou-se em código, em texto religioso que ainda é guia da alta aristocracia chinesa.
Mas a religião de Confúcio não se ocupa da vida depois da morte, pois é meramente materialista. Toda sua finalidade consiste em proporcionar ao homem uma vida mais venturosa e cômoda.
O filósofo, o grande iniciado chinês da metafísica, é Lao-Tsé. Ele ensina aos homens a ciência da alma. Diz que tudo o que vemos é a manifestação de um princípio sublime, oculto e fundamental. E, que a felicidade verdadeira é buscar aquela verdade única que pode reintegrar o ser a seu estado primitivo.
Yan, o princípio masculino e Yin, o princípio feminino, são as duas forças energéticas que mantêm o Universo.
Lao-Tsé deixa na China tal número de discípulos, que estes formam um verdadeiro exército e uma religião que ainda hoje subsiste, chamada taoísmo. Tao significa senda, a religião. Mas, com o tempo, a religião taoísta perdeu os primitivos conceitos de espiritualidade pura e se transformou em uma religião mágica. O sacerdote taoísta é aquele que afasta os maus espíritos, consagra as almas dos mortos familiares, fabrica amuletos e relíquias, e o elixir da vida, um estimulante para rejuvenescer.
A religião que mais se difundiu na China foi o budismo. Porém, hoje predomina o xintoísmo que é uma síntese das outras três e que, no entanto, é independente, baseando-se no culto ao fogo. O imperador professa esta religião porque é a síntese das outras três. A aristocracia segue as leis de Confúcio; os sacerdotes e os sábios, as de Lao-Tsé; o povo é budista.
Acima de todas as religiões, tende o homem amarelo à conservação da sua, milenar, que é a mais perfeita síntese das duas grandes religiões: ária e atlante, entrelaçadas na verdadeira religião eterna: Império Celeste das almas.


Ensinança 19: O Budismo


A Índia havia degenerado sua religião de tal modo que se havia convertido em uma pura idolatria exterior.
As castas superiores tiranizavam o povo, infundindo-lhe terror religioso. Até as imagens dos deuses, de aspecto horrível, com cabeças de monstros e posturas macabras, não infundiam amor nem veneração, mas superstição e pânico.
Como depois de uma tormenta terrível se aquietam as águas e brilha o sol, assim, em meio à decadência hinduísta, surge no firmamento do mundo - qual sol resplandecente - a religião de Buda.
A religião ária dos hindus, demasiadamente impregnada de materialismo, ia ser suplantada por uma nova religião de caráter monoteísta.
É verdade que isto despertou o coração da antiga religião dos Vedas - a qual, vendo-se açoitada pela nova fé, procurou restabelecer-se em sua prístina forma. Mas, assim mesmo, deixou um sulco profundo no mundo das religiões universais.
O budismo vai tão estreitamente ligado à figura de seu fundador, que é impossível falar de um, sem lembrar do outro.
Em Kapilavastu, pequeno reino do Punjab, nasceu o príncipe Siddhartha, nona encarnação do Deus Vishnu. Sua mãe, Devaki Maya, morre ao dar à luz e ele fica ao cuidado do rei, seu pai e dos sábios do reino. Cresce sem conhecer as misérias do mundo, entre as comodidades de seu palácio. Jovem de vinte anos toma por esposa uma princesa vizinha, sendo logo pai de um menino.
Mas, sobre a fronte do belo príncipe flutua uma nuvem de dúvida infinita: o desejo de conhecer a vida tal qual é.
Por isso, oculto, sai um dia de seu palácio, e ao ver que os homens sofrem, envelhecem e morrem, decide abandonar sua coroa e sua família para buscar o segredo da felicidade eterna.
De príncipe, converte-se em sannyasin que, mendigando seu pão, percorre os caminhos poeirentos em busca do Arcano.
Segue o caminho do estudo e do conhecimento; prova os exercícios iogues tântricos; reduz seu corpo pela penitência, a um esqueleto; percorre as provas do amor místico; mas não encontra o segredo. É então que, sob a sagrada árvore de Bo recebe a suprema iniciação e descobre o porquê do sofrimento do homem: o apego é a causa da dor da vida, da morte e do voltar a renascer. Quando o ser já não tem desejos, quando a renunciação é absoluta, não sofre mais, não vem mais à Terra e encontra a eterna felicidade, reintegrando-se ao Não Absoluto.
Desde esse dia, começa sua missão na Terra: ensinar aos homens o caminho da felicidade, o reto caminho.
Como uma reação produzida nas consciências religiosas, acossadas pelos muitos símbolos, cerimônias e leis, levanta-se poderoso, o simples budismo, arrastando a multidão.
Por onde Buda passa, surgem os adeptos, aos milhares. E, como não seguir uma religião tão clara e simples?
Dizia que os homens eram todos iguais e, com isto, dava um golpe mortal no hinduísmo, tão preso à divisão em castas. Dizia que Deus é o substrato de todas as coisas e, com isso, derribava e matava de um golpe os deuses milenares. Dizia que a obra reta é a única que o homem deve executar, destruindo assim outra crença fundamental da antiga religião, a qual fundamentava o fruto da vida futura mais no auxílio divino do que na reta conduta.
Como cume de perfeição, Buda punha o celibato. Por isso, iam atrás dele colunas de monges que haviam abandonado tudo no mundo para ouvir e praticar sua palavra. Um dia, seu próprio filho chegaria a ele, para pedir-lhe ser admitido em sua comunidade.
Não se pode imaginar o ódio que suscitou a doutrina de Buda entre os brâmanes. Mas, com o ódio nasceu o desejo de rivalizar com ele. Foi como uma contra-reforma hinduísta.
Surgiram homens entre as diferentes seitas hinduístas, que compreenderam que não se podia combater homem tão esclarecido nem doutrina tão útil, a não ser com as mesmas armas. Compreenderam a necessidade de voltar à fonte primitiva de sua religião, de beber nas páginas dos Vedas as verdades eternas que haviam esquecido, para aplicá-las outra vez e professá-las em seus templos e cerimônias. Em uma palavra, o budismo despertou a consciência da Índia, trouxe a palavra de liberdade aos homens - que até então se haviam sentido escravos - e estimulou a reabilitação dos vedas primitivos.
Mas, não era na Índia onde deveria arraigar-se o budismo. Morto Buda, octogenário, nos braços de seu discípulo Ananda, começaram as lutas outra vez. E não terminaram até que, duas gerações depois, os chátrias, guiados pelos brâmanes, destruíram todos os budistas da Índia e arrasaram esta religião em todo o seu solo. Mas o sangue dos mártires é sempre semente de novos triunfos. A religião de Buda não havia morrido. Só havia sido transplantada a outras terras mais férteis e mais necessitadas de seu auxílio espiritual.

Ensinança 20: O Budismo Amarelo

Duzentos e cinquenta anos antes de Cristo, alguns missionários budistas se internaram na China para predicar a doutrina do Excelso.
Ali foram recebidos mui benevolamente e a nova doutrina se fundiu rapidamente às antigas religiões existentes.
Sobre a singela doutrina de Buda, levantou-se todo o edifício da nova religião, com seus dogmas, sua multidão de deuses, suas cerimônias e seus mosteiros, à cabeça dos quais estava o divino Siddhartha.
Infinidade de Iniciados do Fogo propagavam a religião budista, apresentando ao vulgo as ensinanças esotéricas sob os véus dos símbolos e das imagens.
Levantaram-se inumeráveis mosteiros e foram estes, berço de sábios, fiéis conservadores de textos antigos e de livros de ciência.
No coração da montanha, os monges cavavam sua cela e viviam ali como aves solitárias, alimentando-se unicamente da oração e da Sabedoria Eterna. Mas era necessário um centro, um lugar inacessível ao vulgo, onde pudessem os escolhidos guardar zelosamente os segredos da ciência da vida material e espiritual.
Por isso, escolheram as montanhas do Tibete, por serem as mais inacessíveis e escondidas aos olhos do homem. Ali, ninguém os veria nem chegaria até eles o rumor do mundo, nem o tambor de guerra, nem o choque das mudanças de civilização.
Assim se fundou Shamballa, a sublime cidade de Lhasa.
Infinidade de monges vivia ali guardando, em sua prístina pureza, a doutrina esotérica de Buda.
No Tibete, com seus monges místicos dedicados exclusivamente à contemplação e ao estudo, com seus sacerdotes seculares dedicados ao culto externo, formou-se um culto teocrático, dirigido pela potestade religiosa. Mas, como todas as coisas decrescem, também decresceu a vida espiritual do Tibete e os monges se abandonaram à prática da magia negra. Até que um excelso ser, Tutuguta, propôs-se reformá-la.
Sucederam-se lutas encarniçadas, épocas em que prevaleceu uma facção ou outra, até que triunfou o bem e foram derrotados os monges perversos.
Até hoje, o Tibete não mudou. Sempre mantém intangível sua religião. Os Lamas de casquetes amarelos são os conservadores da doutrina esotérica.
Um sublime ser os dirige: Dalai-Lama, que é tido como a própria expressão de Deus.
Helena Petrovna Blavatski relata em “Isis sem Véu” que assistiu, em um mosteiro budista, a transmigração do espírito de um velho Dalai-Lama ao corpo de um menino de dois anos.
Os Lamas de casquete vermelho são os que perderam a verdadeira doutrina e praticam a magia negra e a prestidigitação.
O ilustre médico americano, Bernard, regressando do Tibete, onde conseguiu viver durante três anos em contato com os lamas e com o povo tibetano, relata como aqueles monges, longe do mundo, afastados de toda civilização, mantiveram puro o conceito da religião. Como conhecem perfeitamente certas leis físicas, ainda ignoradas pelos sábios de nossos dias. Explica como praticam a levitação, a telepatia, as viagens a longa distância em corpo astral e como podem deter as batidas do coração e regular a circulação do sangue.
Como um oásis em meio do mundo, o Tibete, umbigo do mundo, centro de força de nosso planeta, manteve uma antiga religião, em seu prístino poder e beleza. 


Ensinança 21: Os Germanos

Como perdidos na imensidão das estepes de neve dos países nórdicos, na atual Escandinávia, vivia uma tribo de puros ários, sobreviventes da grande hecatombe da migração.
Eram homens de cabelos vermelhos, de olhar penetrante e metálico como o aço, de corpos altos e esbeltos, cujos gritos agudos como o vento, repercutiam na vastidão dos desertos glaciais.
Herdaram de seus pais ários, o culto à divina natureza que embelezavam com legendários e poéticos contornos.
Irmãos destes povos são os germanos do norte da Europa, que conservam o tipo, o culto e a vocação guerreira.
A epopéia destes povos está escrita na Edda Escandinava, seu livro sagrado. Não deve ser confundida com os Eddas que Snorri Sturleson escreveu no ano mil e duzentos.
Alfadur é o deus único nascido da luz boreal, sobre os céus luminosos. Thor ou Donar é o deus do poder; Odin é o deus da sabedoria; Freyr, o da bondade. Eles constituem a trindade escandinava.
Odin, com o passar do tempo, sobrepõe-se aos demais deuses. Transforma-se no potente Wotan, deus e senhor do céu e da terra, outro Júpiter que, com mão segura, dirige os destinos dos deuses, dos homens e dos demônios.
Seu inimigo é Surtur, o negro Satã da terra e dos abismos. Entre eles, está o espaço frio e implacável.
Friga é a esposa de Wotan, símbolo da fecundidade, da santidade do lar, da dignidade do matrimônio.
Seus filhos são os brilhantes Azas, os trinta e dois valorosos guerreiros defensores do Walhalla. Combatem contra Imes e seu povo, os gigantes do gelo.
Note-se a similitude desta simbologia com a de outros povos, na descrição da guerra entre os ários e atlantes.
Uma grande guerra se estabelece entre a terra e o céu, entre os gigantes e os deuses. Thor, o deus do relâmpago - primogênito de Odin - e Bera, deus do valor, lutam na grande guerra e destroem os imensos bonecos de gelo.
A Terra se converte em um rio de sangue, aparecendo sobre ela uma nova raça. Da cabeça cortada de Imes surge o primeiro par humano: Aske e Embla.
Do pensamento poderoso de Wotan nasceram nove brilhantes virgens, as clarividentes Walkírias. Elas anunciam o combate e conduzem o vencedor morto, o soldado caído, à morada feliz do Walhalla, sobre seus brancos cavalos. Vêem o destino dos homens e os dirigem sempre à vitória.
Sobre esta lenda tão cosmogônica, Wagner traçou sua maravilhosa trama musical do “Anel dos Nibelungos”.
Para os povos selvagens das frígidas selvas, o combate era o supremo culto religioso. Com ímpeto incontido, lançavam-se à refrega - porque sabiam que, depois da morte, seriam levados ao paraíso, sobre um branco e alado corcel, pelas deusas guerreiras.
O culto se efetuava em plena selva, sob o carvalho ou freixo sagrado. O carvalho estava dedicado aos antepassados e o freixo aos deuses.
Ali, a pitonisa selvagem, vestida de branco, à luz da lua cheia, invocava os deuses e decidia o dia e a hora do combate. Ela estava acima dos chefes do clã e sua palavra era absoluta e sagrada.
Às vezes, Furni, o lobo feroz, atado pelos deuses a uma terrível corrente, uivava entre trovões e relâmpagos clamando por sangue humano. Então, para aplacar a ira do terrível lobo, sacrificavam vítimas humanas.
Sobre o altar de pedra branca, a sacerdotisa abria o peito dos jovens soldados, escolhidos para o martírio.
Mas, este povo devia perecer, esta religião devia terminar, empurrados pelas águias romanas e pela cruz cristã.
Assim o predisseram seus livros sagrados quando profetizaram que Lake, o malvado, destruiria e venceria os deuses, que o Walhalla afundaria entre chamas, levando tudo ao estado de ruínas.
Esta imagem corresponde à reabsorção cósmica no dia do descanso universal, mas também se pode aplicar à queda destas puras crenças árias.


Ensinança 22: Os Gauleses

A quarta sub-Raça ária está formada pelos celtas. É muito difícil precisar a origem da mesma, pois é uma parte da primitiva Raça Ária que havia ficado incontaminada no centro da Europa.
Os celtas deram lugar aos gregos, macedônios e cartagineses. Povos bonitos, fortes, guerreiros, flexíveis e amantes da natureza.
A origem dos romanos é muito duvidosa porque os etruscos, antigos ressaibos dos iranianos, e os sabinos, habitantes do Lácio, eram de origem ário-semita. Mas na Sicília e ao longo da costa da Calábria viviam os povos itálicos, de pura raça celta que, com o tempo, enriqueceram suas terras e, mesclando-se com os outros povos, fundaram a casta romana. Por isso, os anais esotéricos inscrevem os romanos e sua religião entre os celtas.
Estes se estenderam ao longo da costa Atlântica da Espanha, invadiram a Gália, passando às Ilhas Britânicas.
De pura raça celta era o povo gaulês, cujas terras se estendiam desde a Itália setentrional até o Oceano e o Reno.
Os espessos bosques, as selvas virgens, os caudalosos rios, as passagens impraticáveis, os longos invernos, as numerosas feras, tornavam muito dificultosa a chegada de outros povos até ali. Os próprios gauleses, privados de contatos e obrigados a lutar duramente por sua existência e conservação, mantinham-se em estado semi-selvagem.
O clã, ou melhor, o conceito da família e a experiência do ancião era a suprema autoridade.
Como viviam do produto da caça e da pesca, adoravam as imagens daqueles animais, levando-as como amuletos, além das plumas, ossos, etc.
Plínio muito bem os descreve: de aspecto feroz, de olhares iracundos, defendendo-se com pedras e lanças toscamente lavradas. Seus gritos selvagens e guturais assustavam e punham em fuga o exército inimigo.
A casta sacerdotal ou druida foi a mais representativa dos gauleses. Eram consagrados desde pequenos à deusa da guerra. Viviam separados de seus pais, aos cuidados dos sacerdotes, sendo adestrados na arte da guerra e no manejo das armas.
Quando adultos, todo o povo os servia e reverenciava. Ao começar a primavera e transformar-se a neve em água, ou mais exatamente, depois da primeira lua cheia de março, chegava o ansiado tempo de combater.
Como deuses guerreiros, guiavam seu povo. As contendas eram travadas entre as próprias tribos ou conjuntamente contra os bárbaros da outra margem do Reno. Os romanos foram seus definitivos vencedores.
Não tinham mitologia própria. Adoravam a natureza, as árvores, as montanhas, os rios e sobretudo os antepassados.
Tinham uma casta de virgens dedicadas ao serviço do templo, adoradoras da Lua, à qual rendiam perene homenagem e culto.
Durante os plenilúnios saíam em longas filas, vestidas de branco, cantando hinos à Lua e implorando-lhe ajuda. A mais anciã e perita se transformava em pitonisa e predizia, pelas entranhas palpitantes dos pássaros recém-sacrificados, o porvir das tribos, o destino dos povos, a hora da guerra e os sinais de bênção ou maldição.
A lembrança desta religião e da cultura que com o tempo adquiriram, ficou oculta com o advento do cristianismo.
Mas, como nada morre e sim, tudo se renova, os próprios cristãos, que a haviam relegado ao esquecimento, trouxeram-na à luz no Renascimento, quando todas as religiões pagãs foram desenterradas, estudadas e amadas.
Foi no país dos gauleses onde floresceu a civilização das maravilhosas cidades chamadas hoje Paris, Lyon, Ambères, etc.
  

Ensinança 23: Os Jainistas

Não se pode precisar quando foi fundada a religião jainista, pois sua memória se perde nos primeiros séculos do hinduísmo, se bem que apareça formalmente constituída nos começos do budismo.
Alguns a confundiram com a religião brahmânica e outros a acreditaram um ramo perdido do budismo. Mas não é nem uma coisa nem a outra. Formou-se por si só, baseando-se nas ensinanças milenares dos Vedas.
Pode-se dizer que a fórmula principal do devoto jainista é: amar todos os seres viventes, respeitando os animais tanto quanto os homens.
Estes niilistas primitivos não provam bocado de carne, sendo pecado para um jainista ver que se maltrate um animal sem socorrê-lo.
Ainda hoje, na região meridional da Índia, onde vive a maioria dos jainistas, vêem-se numerosas clínicas veterinárias. Isso demonstra um adiantamento sobre as instituições modernas de auxílio aos seres irracionais.
A vida dos jainistas é severíssima; nenhum deles prova bebida alcoólica nem jamais fuma.
A crença fundamental desta religião consiste em uma essência incondicionada e outra manifesta, esta dirigida por vinte e quatro entidades espirituais: os Tirthankaras.
As leis da criação universal, da moral e da ética jainista estão afirmadas nos livros sagrados chamados Siddhanta e escritos em língua tâmil, seu idioma sagrado.
A alma humana, chamada “jiva”, sai do seio puríssimo de Deus, descendo à Terra e é atada, por ignorância, aos mundos sensíveis. Unicamente pode desatar-se dos laços materiais mediante a austeridade, a meditação e as boas obras. Por isso, abundam entre os jainistas os ascetas de ambos os sexos, que renunciam a todas as coisas para dedicar-se unicamente à vida espiritual.
Não falta a esta religião o auxílio divino, Edjina, o supremo vencedor, o IHES de nossa simbologia, imagem de Jesus, que desce periodicamente à Terra para auxiliar a humanidade e ajudá-la a libertar-se da prisão da carne.
Mas, a Divina Encarnação mais venerada entre os jainistas é Mahavira. Este preclaro ser viveu aproximadamente na época de Gautama, o Buda.
Era de nobre e rica família. Conheceu as comodidades e os prazeres da vida; mas quando começou a estudar os livros sagrados, adquiriu tanto amor à sabedoria que decidiu abandonar o mundo, afastando-se em um deserto.
Despojou-se de seus ricos trajes, trocando-os pelo saial do mendigo e assim permaneceu doze anos no exercício da austeridade e da meditação.
Começou então sua obra entre os homens. Reuniu os jainistas dispersos. Explicou-lhes a maravilha de suas doutrinas, conquistou-os com a pureza de sua vida, dando assim, um novo vigor à sua religião.
Recopilou todos os escritos sagrados, traduziu-os da língua primitiva à comum e os colocou ao alcance de todos.
Atualmente, se bem que os jainistas não contem mais que com dois milhões de almas e se encontrem unicamente na Índia, é esta uma religião conhecida e admirada por muitos, dada a extrema honorabilidade e pureza de costumes de seus componentes.
Criticou-se o exagerado formalismo dos jainistas porque têm aversão ao contato com as coisas impuras a tal extremo que só tomam água fervida e aspiram o ar de lugares contaminados de enfermidades através de um lenço de linho que usam sobre a boca. Acaso nossos modernos higienistas não fazem o mesmo?
Mas o que importa sempre em uma religião não são suas formas e ritos externos, e sim a essência de sua parte mais pura.


Ensinança 24: Os Sikhis Militares


Antes que alvorecesse na Europa o Renascimento, a Índia milenar, berço das mais antigas religiões e da pura Raça Ária, havia decaído de forma alarmante.
O budismo - aquela pura religião que alguns séculos antes despertara todas as consciências da Índia até a fonte do Eterno - havia sido desterrado a sangue e fogo do resto da Ásia. O fervor e a volta à religião dos vedas e às puras leis do Manu, que foi uma contra-reforma hinduísta suscitada pelo budismo, decaíram também. Os grandes rajás haviam abandonado o domínio espiritual para deixar-se transportar pela onda do mundo e, quando a Meia Lua invadiu o solo da Índia, não encontrou resistência.
Os hindus cederam tudo aos maometanos - e, como esmola, foi-lhes permitido viver em seu solo e seguir a religião de seus antepassados.
Com o correr do tempo haviam-se cristalizado na Índia ódios e rancores cada vez mais acentuados, sempre por questões religiosas, entre os filhos de Alá e os do sagrado Ganges.
Era necessária uma religião que suavizasse essas duas tendências, que procurasse harmonizar os dois credos, que tentasse unir os dois ideais tão discordantes.
Em 1469 nasceu um menino de família brâmane, que deveria ser fundador dos sikhis. Chamava-se Nanak e aos nove anos já sentia que sua missão era harmonizar todas as religiões da Índia.
Se o Deus Único dos maometanos era o verdadeiro, suas vestiduras eram as múltiplas formas adoradas pelos hindus. A unidade nada retirava da diversidade da forma.
Abandonou o cordão sagrado dos brâmanes para ir ao deserto meditar. Saindo do mesmo feito homem, predicou o credo da união entre os maometanos e os hindus. Mas, sem querer, surgiu uma nova religião, a dos sikhis.
Quando morreu no ano 1537, tinha inumeráveis discípulos e suas palavras haviam sido escritas e transmitidas em textos reputados sagrados.
Mas o mais característico dessa religião é sua organização militar. Cada sikhi é um soldado de Deus, que há de emprestar seu braço e sua espada pela defesa da fé e das terras que Deus lhe havia designado. Quem lhes deu este princípio militar foi Govinda, o décimo mestre sikhi, nascido em 1675 e morto em 1708.
Dessa época, data o máximo esplendor desta religião; tiveram então, cidades e reinos, combatendo ferozmente para defender sua herdade.
Mais tarde, foram derrotados por completo, mas se bem que perdessem seus domínios, permaneceram firmes em sua fé até o presente. Na atualidade, contam-se milhares na Índia os que professam a religião sikhi.
Um traço distintivo desta religião é sua estrutura iniciática, muito parecida à dos Cavalheiros da Sagrada Ordem do Fogo e das antigas ordens cavalheirescas cristãs.
Em verdade, vários Iniciados do Fogo viveram entre eles.
Têm também símbolos e imagens semelhantes aos das ordens nomeadas. A etapa iniciática está constituída por cinco graus em lugar de sete. Começam pelo juramento, têm um banquete místico e um Mestre máximo, e uma iniciação completamente secreta e esotérica.


Ensinança 25: O Cristianismo

O cristianismo marcou uma nova era, básica, completamente diferente das anteriores, que revolucionou o mundo e é ainda credo da civilização européia.
Todas as religiões nascidas das duas correntes, védica e egípcia, desembocam no mar do cristianismo. As que não desapareceram, subsistem em decadência. O cristianismo será a única religião vital do mundo, conquistadora da civilização.
A religião cristã nasceu, como todas as demais, no Oriente. Surgiu do judaísmo e foi transplantada aos povos ocidentais, onde frutificou.
Jesus, Iniciado Solar de quarta categoria, hebreu de nascimento, apareceu entre os homens nos alvores de nossa era.
De família humilde, Aquele que havia de ser a Encarnação Divina do sofrimento, aprendeu desde pequeno a lição da dor.
Ninguém sabe de onde bebeu a maravilhosa doutrina dos Evangelhos que transformaria os povos, pois os textos desconhecem sua vida desde os doze até os trinta anos.
Os ocultistas modernos dizem que viajou à Índia e que ali aprendeu sua divina doutrina; outros dizem que foi no antigo Egito; e os rosacruzes dizem que na seita dos essênios, antigos místicos hebreus que guardavam a sabedoria esotérica.
Mas ninguém pode saber com certeza, pois os anos de estudo de um Iniciado estão hermeticamente encerrados no círculo do Mestre e de seu discípulo.
Até então, os instrutores religiosos haviam olhado a humanidade, beneficiando-a somente desde seus tronos de ouro, desde seus templos brilhantes. Mas veio Jesus e, exemplo único, desceu até os homens, compartilhando suas misérias, vivendo entre eles, falando seu idioma. Quis beber a taça do martírio humano. Até sua morte dolorosa foi similar à dos homens miseráveis e abandonados.
Como não haveria de se enraizar uma religião que divinizava o sofrimento humano, mostrando seu Deus, Filho do Homem, cravado sobre a cruz?
No entanto, Jesus não fundou nenhuma religião. Unicamente lançou uma idéia, a da dor humana, compreendida, sublimada, divinizada.
O organizador da religião cristã foi Paulo de Tarso.
Os discípulos de Cristo, homens humildes e de escassa cultura, não queriam senão venerar a memória do Mestre e viver sua doutrina dentro do hebraísmo. Mesmo Jesus, em uma ocasião, havia dito: “Eu vim para salvar os filhos de Israel”. Não suspeitaram que seu ideal pudesse transcender o círculo hebreu.
Mas Paulo, homem inteligente, Iniciado Lunar de grande visão profética, vendo e compreendendo a maravilhosa doutrina dos Evangelhos, predicou-a aos gentios, homens de outras religiões. Organizou uma igreja, com leis e dogmas, e transportou o novo credo a Roma, a grande capital daquele tempo.
A religião de Cristo avançou impávida para o norte. Depois dos anos do martirológio, dos três séculos passados ocultos nas catacumbas, do longo batismo de sangue, saiu à luz do dia, marchando para a conquista dos bárbaros, dos novos povos em formação.
Visão ampla foi a dos primeiros dirigentes da igreja cristã ao deixarem para trás os sábios estancados do Oriente e irem para os bárbaros do norte, pois intuíam que o bárbaro de então seria o conquistador de amanhã e, portanto, o sustento da sua religião.


Ensinança 26: O Islamismo

Um conjunto de homens semi-selvagens, seminus, ários que não eram puros, haviam permanecido vigilantes durante milênios, na margem do continente perdido.
Haviam sido submersas sob as águas, as terras do céu de chumbo, dos templos e cidades de ouro maciço. Eles permaneceram ali, com as pupilas fixas e imóveis, vendo despenhar-se todo um passado e toda uma Raça, fiéis a seu destino de guardiões da religião perdida e de seu sangue, manancial de uma nova civilização.
Fugiu o mar, morreu a natureza, fez-se o deserto, queimou-os o sol cada vez mais candente e eles permaneceram. Viram seus companheiros emigrarem em longas caravanas para terras mais hospitaleiras, para solos mais firmes.
Voltaram como conquistadores os irmãos de ontem e se deixaram subjugar por eles. Internaram-se no deserto, aquele jardim maravilhoso de areia que guardava o tesouro do continente perdido, sepultado em parte sob o mar e em parte sob as areias.
Estes homens, já seja que os chamem semitas, iranianos, israelitas ou hebreus, sempre são um mesmo povo: os conservadores da religião atlante e o broto sanguíneo da nova Raça.
Quando alguns abandonaram a solidão mística do deserto para se converterem em um povo estável ou em nação, outros voltaram a ela.
No ano 440, os povos do deserto perderam o verdadeiro culto a seus antepassados, professando uma religião, mescla de fetichismo, cristianismo e idolatria.
Mas o sangue de Ismael corre por essas veias e na cidade de Meca nasce um homem da tribo dos coraixitas que há de levantar o espírito dos crentes para a fé em um Deus Único e Verdadeiro.
Com o nascimento de Maomé, em 570, começa uma nova era para os filhos do deserto. Este jovem órfão, criado por caridade na casa de seu tio Abu Talebuk, era de maneiras suaves, porte afeminado, de perene sorriso, levando consigo o sinal dos Divinos Iniciados.
Viu a decadência de seu povo, e em suas meditações e recolhimentos interiores, sonhou libertá-lo das cadeias do egoísmo, da luxúria, da idolatria e da vaidade.
Aos vinte e quatro anos se casa com Kadija, viúva rica muito mais velha que ele, vivendo com ela uma perfeita vida matrimonial. Tão certo é isto que em seu povo se o chamou o fidedigno.
Foram necessários longos anos de espera e meditação para queimar as escórias do homem, deixando unicamente a Divina Encarnação, o enviado do céu.
Comunicou suas visões e anelos à sua esposa e ela foi sua primeira discípula, quem primeiro repetiu as palavras: “Alá é Deus e Maomé seu profeta”.
Com Maomé não reza a profecia de Jesus: “Ninguém é profeta em sua terra”, porque conquistou seus primeiros discípulos entre parentes e amigos. Seu tio ancião, que lhe serviu de pai, não lhe quis reconhecer o divino mandato, mas não o contrariou, obrigando seu filho Ali, a que fosse seu primeiro discípulo homem.
Mas a luta começa. Ninguém quer deixar de adorar os deuses, o culto aos ídolos, a livre vida dos prazeres.
Maomé diz que não há mais que um Deus e este Deus não tem imagens, é Espírito e verdade. É como o vento do deserto, terrível e sem forma, que levanta as dunas e as transporta velozmente, assobiando, sem que ninguém possa vê-lo.
Quatro anjos obedecem aos mandatos deste Deus invisível, princípio de todas as coisas. Os justos viverão no seio de Alá, no divino jardim das Huris, ainda que ninguém seja semelhante a Ele.
Numa noite, tentaram matar o profeta, mas ele fugiu com um discípulo, refugiando-se em Medina. Enquanto fugiam, o discípulo angustiado disse ao Mestre: “estamos os dois sós e perseguidos”, ao que ele respondeu: “não somos dois, somos três, porque Deus está conosco”.
Com a chegada a Medina, começa a era do islamismo, chamada Hégira.
Quando os inimigos se lançaram contra ele, já contava Maomé com muitos discípulos e se defenderam à mão armada. Um novo lema entrou na religião de Maomé: “mata o infiel, se o infiel te impede de observar tua religião”.
Depois da morte do profeta - ocorrida no ano 632 - o islamismo alcançou proporções fantásticas. Conquistou com a espada em um punho, o Corão - seu livro sagrado - no outro, a Ásia, parte da Europa, ameaçando até os povos nórdicos.
Como em todas as grandes religiões, não faltam nesta os místicos, chamados sufis, que chegaram à União Divina pela renunciação e pelo êxtase. O estudo da matemática pertence quase exclusivamente a este povo e a alquimia adquire tal incremento que prepara o caminho para a química e para a física modernas.
Mas sobretudo, os árabes têm a missão de guardar puro esse conceito de um Deus pessoal Uno e de transmiti-lo de geração em geração, até que se apague a chama de nossa Raça Ária, que conhece e adora Deus através de todas as formas manifestas.


Ensinança 27: A Religião da Selva Africana

A crença dos negros africanos das selvas consiste em um fetichismo primitivo, culto tradicional degenerado dos antigos povos atlantes.
Os cafres acreditam em uma vida depois da morte e veneram constantemente seus antepassados, aos quais chamam Insicholaga ou Barinos.
Segundo alguns povos negros, os espíritos dos antepassados habitam nas cavernas, enquanto que outros acreditam que moram nas alturas, baseando-se essas crenças na conformação geográfica do país onde vivem. Estes espíritos visitam os vivos periodicamente e os ajudam ou prejudicam, segundo seja a inclinação e o adiantamento espiritual dos primeiros.
Segundo a mentalidade dos negros, o mundo astral onde moram os antepassados era de tamanho consideravelmente reduzido.
O culto consistia em se comunicar com os mortos e não era interrompido jamais. Servia de mediadora uma casta chamada de Isitongas. Estes seres, espécie de feiticeiros iniciados - que em geral padeciam de estranhas afecções nervosas que os predispunham ao exercício da magia - curavam todo tipo de enfermidades com ritos e práticas estranhas, pois atribuíam os males da saúde humana a causas maléficas, que era indispensável destruir.
A respeito, deve-se notar o fundo de verdade que encerravam tais sistemas curativos, porque a raiz da enfermidade reside, por certo, no estado mental do homem, antes que em seu corpo físico.
O Deus supremo dos negros era Uncholog o Grande Espírito; seguia-lhe Icante, o Grande Espírito das águas. As oferendas dedicadas a este deus eram lançadas à água, em vez de sê-lo ao fogo.
Mais frondosa, porém, é a mitologia zulu.
Unkulunkulu é o conservador da humanidade e da criação.
O fogo é muito respeitado entre os negros e é grave culpa deixá-lo extinguir-se. Sempre deve brilhar o fogo sagrado, no centro da tribo, guardado por jovens vestais negras.
Todo rito negro vai acompanhado dos Molemos, amuletos que levam em si o poder de resguardar seu dono de todo mal.
Os malgaxes reverenciavam Jachar, deus supremo, que não tinha altares nem recebia oferendas, pois ele bem sabia quais eram as necessidades dos homens.
A ele se opunha unicamente Angat, o mal, princípio representado em forma de réptil, a quem se oferendava carne humana.
Os fetiches kisos eram uma espécie de gnomos que dirigiam as forças da natureza.
Não deve ser esquecido tampouco o deus Marabá, depositário dos juramentos.
Em Guiné, os indígenas veneravam especialmente o deus do bom conselho, Agoyo, que residia na casa do grande sacerdote.
Entre os negros da costa ocidental da África, o espírito maligno se chamava Horei e acompanhava com mugidos uma solenidade a ele dedicada.
Para os negros da Costa do Ouro, o bom princípio era Bóson, deus de cor branca. É por isso que muitas vezes esses negros retiveram os primeiros brancos que os visitavam, considerando-os deuses.
Mas a maioria dos negros se entregou com frenesi à magia. O objeto divinatório era uma vasilha perfurada em três lugares. O som que a vasilha emitia era interpretado pelos sacerdotes como sinal de bom ou mau augúrio.


Ensinança 28: O Culto Solar dos Incas

Por uma estreita faixa de terra que escapou aos muitos sismos, vieram restos de tribos atlantes, emigrando para o centro do continente americano.
Este se estendia virgem e esplêndido em seu estado selvagem até o sudoeste, onde a Cordilheira dos Andes assomava suas cristas imaculadas, surgindo como nova Vênus da espuma do mar.
Estes restos atlantes fundaram ali, no coração da selva, florescentes colônias.
Dizem as tradições que quatro irmãos foram os fundadores de Cuzco, mas um deles matou os demais e os transformou em penhascos, convertendo-se ele próprio em penha depois de sua morte, para ser adorado.
O culto primitivo dos incas era o das pedras, sobre as quais depositavam suas oferendas e faziam seus sacrifícios. Isto confirma sua origem atlante. Com efeito, os atlantes veneravam o número quatro, símbolo da quarta Raça raiz e tinham como altar de veneração pedras superpostas, especialmente a sub-Raça atlante-semita.
Depois da grande catástrofe que submergiu o antigo continente atlante, novas tribos, das poucas que se salvaram, foram chegando.
Descendiam estas, das últimas sub-Raças atlantes que haviam conhecido, na grande cidade das portas de ouro, o puro culto da Divindade Solar.
Estabeleceram assim, os mesmos ritos sobre a penha de Huiracocha, deus essencial e princípio infinito. Acenderam o fogo sagrado do deus Pachacamac para que este elevasse perenemente sua chama ao deus solar, o grande Deus Inti.
Levantaram-se grandes templos, todos de ouro, pois o rito solar não admitia para seu serviço instrumentos nem adornos que não fossem do áureo metal.
Virgens vestidas de branco e adornadas com coroas de ouro, as quais somente um rei inca podia desposar, mantinham constantemente acesa a chama no santuário.
O aspecto masculino, simbolizado pelo Sol, era completado pelo culto feminino da deusa Mama-Quilla ou Coya, a Lua. A seus templos, que eram totalmente de prata, concorriam à noite os fiéis em longas filas para render-lhe cultos e reverenciá-la.
Os incas também adoravam outros deuses: Catequil, deus do trovão; Cuicha, o arco-íris, deus da paz; Chozco, deus do amor, similar a Vênus.
Este povo conhecia o princípio fundamental do Universo porque tinha idéia de um deus imanifestado, Piguerao, aquele que desaparece quando o Universo se manifesta, gêmeo de Atachucho, deus pessoal, nascido do ovo primitivo.
O primeiro casal, o Adão e Eva americanos, eram Manco-Capac e Mama Oello Huaco - ainda que nem todos acreditassem que estes houvessem sido os fundadores da raça humana, pois alguns estimavam como fundador da mesma o Inca Roca, descendente direto do Sol.


Ensinança 29: As Antigas Religiões Mexicanas

Muito parecidos em sua religião e costumes aos incas e também descendentes dos atlantes, são os astecas, miltecas e toltecas.
Ao contrário dos peles-vermelhas das Montanhas Rochosas que haviam conservado em alto grau os costumes de uma religião completamente espiritual, com hábitos patriarcais e veneráveis, estes índios da América Central eram materialistas, ferozes e sanguinários.
O Universo, para eles, havia sido criado por Citlantonac (o universo sutil), em união com Citlalique (o universo denso).
Lembravam em seus anais cosmogônicos, quatro idades: a idade da água, quando a terra habitada pelos gigantes havia sido inundada por um dilúvio.
A segunda idade, quando a terra onde os gigantes sobreviventes haviam-se refugiado foi destruída por movimentos sísmicos e grandes tremores de terra.
A terceira época, do ar, havia sido arrasada por ciclones.
Quanto à quarta época, do fogo, as imensas chamas devoraram os seres humanos e, deste fogo, nasceram e se elevaram ao céu, o Sol, a Lua e as estrelas, que povoam o firmamento.
Com a faca quebrada de Citlantonac formaram-se os deuses e de um osso de um deus morto, nasceram os homens.
A terra era venerada na deusa Amon, mas a preferida era Cinteolt. Esta é a que preside o crescimento do milho, a planta tradicional dos índios. Protege também a geração.
Representavam-na como uma bela mulher carregada de espigas e com uma criança nos braços. Imolavam-lhe vítimas humanas que deviam ser pessoas sem defeitos físicos, sadias e fortes. Estas eram postas sobre a pedra do sacrifício, abria-se-lhes o peito com uma faca afiada e o coração arrancado e, ainda palpitante, era consagrado à terrível deusa.
Impossível seria enumerar todos os deuses venerados por estes povos. Tosi era a mãe dos deuses, a avó dos homens, protetora dos magos e dos feiticeiros.
Mixcoatec era o deus das tempestades; Xiulteculti, o deus do fogo; Cihuatcoatl a deusa serpente, bondosa e amável, havia dado à luz antes que nenhuma outra mulher e amparava as mulheres no transe maternal.
Mas, o grande deus, o doce deus vestido de branco, é Quetzalcoatl, a serpente emplumada, aquele que fomenta a paz. Quando desceu entre os homens, proibiu os sacrifícios humanos e desterrou os maus.
Especialmente venerado pelos toltecas, seu símbolo era uma cruz. Cansado de estar entre os homens, quis regressar às regiões celestes, deixando Tula, a cidade máxima onde era venerado, na desolação.
Depois dele, reinou o deus Texcatlipoca, mau, vingativo e perverso, que voltou a semear a dor entre os homens.
Os índios foram desaparecendo rapidamente e ficaram sepultados para sempre sob as cidades perdidas, os tesouros e os testemunhos de sua antiga e divina religião.
Mas, como nada perece por completo, ficou ainda intacta, nas Montanhas Rochosas, uma antiga tribo de índios, descendentes puros da perdida Raça Atlante e das dinastias da águia.
Ainda hoje, repercute nas montanhas o eco profundo dos nomes venerados de Manitu, o deus eterno e de Masson, o filho do deus vivo. Ficaram ali como único símbolo da quarta Raça raiz, esperando o último dia, no qual todas as sementes serão reunidas para que floresça a sexta grande Raça, a Raça Raiz futura.


INDICE:

Ensinança 1: O Manancial das Religiões
Ensinança 2: Os Vedas
Ensinança 3: O Hinduísmo
Ensinança 4: O Egito
Ensinança 5: Deuses Egípcios
Ensinança 6: Dez Grandes Religiões
Ensinança 7: Os Magos Caldeus
Ensinança 8: A Religião Iraniana
Ensinança 9: A Deusa Assíria da Guerra
Ensinança 10: O Sol do Irã
Ensinança 11: Os Sargônidas
Ensinança 12: Os Hebreus
Ensinança 13: A Religião de Moisés
Ensinança 14: Os Gregos
Ensinança 15: Deuses Gregos
Ensinança 16: Artes e Filosofias
Ensinança 17: Os Romanos
Ensinança 18: O Império Celeste
Ensinança 19: O Budismo
Ensinança 20: O Budismo Amarelo

Ensinança 21: Os Germanos
Ensinança 22: Os Gauleses

Ensinança 23: Os Jainistas
Ensinança 24: Os Sikhis Militares
Ensinança 25: O Cristianismo
Ensinança 26: O Islamismo
Ensinança 27: A Religião da Selva Africana
Ensinança 28: O Culto Solar dos Incas
Ensinança 29: As Antigas Religiões Mexicanas

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