ÍNDICE:

Ensinança 1: A Revelação
Ensinança 2: As Definições
Ensinança 3: O Método
Ensinança 4: O Dogma
Ensinança 5: Os Mistérios Divinos

Ensinança 6: O Imanifestado
Ensinança 7: A Divindade Manifestada
Ensinança 8: As Provas Racionais da Existência de Deus
Ensinança 9: A Divindade Criadora
Ensinança 10: A Trindade
Ensinança 11: Lei de Contrariedade Analógica
Ensinança 12: A Divina Encarnação
Ensinança 13: A Sagrada Revelação da Idéia Mãe dos Ários 
Ensinança 14: A Tradição Iniciática
Ensinança 15: A Substância Primordial e os Sete Raios      
Ensinança 16: O Ired de Hes 



Ensinança 1: A Revelação
Por Revelação se entende as Escrituras Ortodoxas das grandes tradições fundamentais.
As grandes tradições fundamentais são aquelas que transmitem as Ensinanças das Raças Raízes.
Para que a Ensinança seja Escritura Ortodoxa, tem que se basear sobre a antigüidade e a afirmação.
As Escrituras Ortodoxas registram as Grandes Ensinanças e as transmitem à posteridade. Toda ensinança ulterior é heterodoxa.
A origem da Revelação é verdadeiramente divina, não humana, já que remonta ao tempo da aparição da Raça Raiz.
É temerário pretender conhecer em que tempo foram ditadas estas Ensinanças. Os estudiosos que discorrem sobre elas podem dar mostras de grande erudição, mas não baseada no fundamento da verdadeira sabedoria.
Tampouco se pode dizer quem foi o autor ou canal que transmitiu estas Ensinanças, pois pertenceu a um ciclo anterior ao atual, em que os seres eram diferentes, não somente ética e fisiologicamente, mas também energeticamente.
Se se considera a Revelação desde este ponto de vista, a cronologia tem muito pouca importância. Além disso, para ser tal, ela deve ter duas etapas fundamentais: a oral e a escrita.
Os Iniciados Solares receberam a Idéia Mãe diretamente de Deus e a transmitiram oralmente.
Outros Iniciados, em tempos posteriores, afirmaram-na e lhe deram forma escrita.
A Revelação é perpétua. 
É perpétuo tudo o que tem um valor real durante um ciclo completo de desenvolvimento da humanidade ou Raça Raiz. É perpétuo porque a Ensinança está constituída pela Idéia Mãe ao redor da qual se desenvolve toda a Raça.
A Revelação é infalível.
É infalível porque a iminência de Deus, dentro da Grande Lei de Predestinação Universal, analogicamente estabelece uma Lei de Predestinação Racial Cíclica.
A Revelação é o único expoente da Doutrina porque conhecendo Deus o campo magnético cíclico racial, dentro do qual o homem poderá desenvolver-se, indica-lhe os diversos meios para completar sua Lei de Possibilidade.
As Escrituras Ortodoxas são divinas, sagradas, não humanas, perpétuas, infalíveis e únicos expoentes da Doutrina.
Elas são o conhecimento por excelência das grandes tradições fundamentais e, ao mesmo tempo, é a origem de todos os ramos derivados.
Exemplo luminoso das Escrituras Ortodoxas são os Vedas.
O Concílio Tridentino, que reconheceu como tais as Ensinanças Ortodoxas contidas na Bíblia, diz muito claramente:
Unus Deus sit auctor, nec non traditione ipsas, tum ad fidem, tum ad mores pertinentes, tanquam vel oretemus a Christo, vel a Spiritu Sancto dictatas, et continua successiones in Ecclesia catholica conservatas.


Ensinança 2: As Definições


As definições fundamentais da Teologia são: que a Teologia é a Única Verdade; que a Teologia é um Saber Divino ensinado diretamente por Deus; e que a Teologia  tem por objetivo descobrir ao homem o Saber Divino e sua relação com Deus.
A Teologia é a Única Verdade porque é a totalidade de todas as Filosofias, o conjunto de todas as ciências, a Luz Infusa transmitida à intuição do homem para que este penetre nos mistérios da Existência Divina.
A Teologia é a totalidade da Filosofia porque toda idéia racional corretamente deduzida, há de levar a uma afirmação única e invariável.
É o conjunto de todas as ciências porque todo conhecimento emana de uma Lei Fundamental absolutamente única, absolutamente simples e absolutamente divina. É Luz Infusa porque o homem, por si só, humanamente, nunca poderia coordenar todas as suas idéias em uma idéia única, simples e divina.
A Teologia é um saber completo, humano e divino, transmitido diretamente por Deus, através da Lei de Possibilidade, à intuição do homem. Isto para que ele o aplique por sua vez, racionalmente, ao conhecimento de Deus, como princípio ativo do Universo Cognoscível, considerado em sua Existência Interior e Divina, simples e única, de acordo com o que É, mas nunca em seu aspecto Indiferenciado e Incognoscível. Como somente Deus é a Existência de Si mesmo, somente Ele pode ser Mestre de Teologia.
A Teologia tem por objetivo descobrir ao homem este Saber Divino, não em uma forma acidental e velada e sim em uma forma consecutiva e real, para que o homem se santifique, dignifique e alcance pelo êxtase, a plenitude da Visão Divina.
O estudante, pelo discurso razoado, coordenado, ilativo e as luzes infusas do Saber Divino, conhece paulatinamente a Teologia.
.O estudante demonstra seu conhecimento da Teologia através de uma personalidade original e própria, de um conhecimento sabia e claramente expresso e por afirmações geniais.
Sobre o Indiferenciado, o Teólogo não pode discorrer.
O mais correto em Teologia é seguir o exemplo dos Grandes Iniciados que sempre se negaram a disputar sobre a Existência Indiferenciada.


Ensinança 3: O Método

O estudante de Teologia há de valer-se do conhecimento das diversas filosofias. Discorrendo sobre elas, recordando, razoando, discrepando e discorrendo sobre as teses, predispõe-se a conhecer a Verdade ou Teologia.
Enquanto o estudante cumpre este trabalho, vale-se de todos os meios mentais que foram postos ao seu alcance para aproximar-se do fim proposto.
Ele é Viator:Viandante.
Aquele que persevera no estudo das filosofias e pratica as ciências delas emanadas e investiga os fenômenos naturais por elas ensinados, recebe - pela pureza de vida, pela aplicação constante e a oração continuada - a Luz Infusa que aclara sua intuição sobre as Verdades Eternas reveladas.
Recebe a Luz Infusa do Saber Divino ou Teologia e, mediante o discurso e os conceitos aprendidos da Filosofia, pode conhecer humanamente o significado dos diferentes pontos revelados.
Ele é Peregrinus: Peregrino
Porém, o estudante adiantado conhece estes pontos fundamentais da Teologia por êxtase ou Divina União.
O estudante, durante este estado, compreende também as Verdades Divinas não reveladas, mas somente indiretamente e em estado potencial. Isto é, se chega a compreender uma Verdade Divina, conhece também potencialmente todas as demais verdades, se bem que não as possa expressar nem transladar a seu campo mental.
Ele é IHS.
Os estudantes todos podem chegar ao estado de Peregrino, mas muito poucos ao estado de IHS, que é quase exclusivamente patrimônio dos Iniciados ou discípulos de Iniciados.
O conhecimento de Teologia sobre o estudo racional dos diversos pontos da Revelação e compreendido pela intuição, pela Luz Infusa, é Theologia ad. É um saber resultante de um conhecimento adquirido, unido à experiência própria e expressado de um determinado modo, com clareza.
O conhecimento de Teologia que se adquire por êxtase, é Theologia sine quod, que quer dizer conhecimento adquirido olhando Deus frente a frente, intimamente.


Ensinança 4: O Dogma


O Dogma é uma Verdade deduzida ou Mistério porque o homem, em geral, não pode chegar a compreender a Verdade, do mesmo modo que a compreendem os Grandes Iniciados e seus discípulos: Clare Visa in Deo.
Os Grandes Iniciados estabelecem o Dogma mediante o magistério da Teologia.
O Dogma, objetivamente, é uma frase obscura, invariável e determinada que sintetiza uma Verdade revelada.
A doutrina do Dogma explica e afirma a Verdade revelada e dogmatizada. É um ponto de partida indiscutível que, aclarado pela Luz Infusa da compreensão e pelo discurso dedutivo do razoamento, deduz outras verdades secundárias que estão potencialmente encerradas no sentido do Dogma.
O Dogma é uma verdade revelada, fixada em um sentido conceitual. Mas esta verdade pode ser aclarada, deduzida e ampliada. Ainda mais, dela podem surgir outras verdades, reveladas potencialmente ou ainda não reveladas até agora, mas cuja revelação estava potencialmente disposta na Mente Divina.
Para esse fim, o magistério da Teologia toma uma Verdade Revelada e, com o processo do trabalho teológico habitual, deduz dela outra verdade que estava implícita ou potencialmente encerrada no próprio Dogma.
O magistério da Teologia, partindo desde um ponto de vista racional diferente, pode ter diversas interpretações e idéias discrepantes que, ao serem definidas à luz do Saber Infuso pela Assembléia dos Grandes Iniciados, aclaram outra Verdade revelada e conhecida até agora.
Os estudantes de Teologia colaboram com os Grandes Iniciados no estabelecimento das definições secundárias do Dogma porque somente por Eles se estabelece o Dogma em si sobre a Terra. Pelas definições secundárias do Dogma se faz de uma definição confusa e obscura, uma definição diferente e real, mediante métodos ordenados e continuados. Faz-se um Dogma conceitual, um Dogma preciso.
A evolução do Dogma se efetua paulatinamente.
O Dogma é ditado e estabelecido pelos Grandes Iniciados.
O Dogma é ensinado e explicado pelos discípulos dos Grandes Iniciados.
O Dogma é transmitido ao povo pelos sacerdotes, com imagens, figuras, exemplos e frases sacramentais.
O Dogma se arraiga no povo por um sentimento estabelecido e carregado com o magnetismo da fé dos fiéis.
O Dogma se defende dos ataques dos incrédulos pela força do sentimento e magnetismo interior acumulado pela oferenda dos fiéis.


Ensinança 5: Os Mistérios Divinos


A razão natural, por si, pouco pode investigar sobre os Mistérios Divinos.
O homem tem de Deus um conhecimento nominal, mas sua razão, através do desejo constante e ardente de investigar sobre a natureza de Deus, pode ter, dentro de seu campo magnético mental, um conhecimento confuso. Nunca poderá a mente abarcar a totalidade do conhecimento divino e ainda quando a mente chegue a uma perfeição extraordinária, semelhante à de um anjo, terá um conhecimento de Deus infinitamente superior, mas não terá o conhecimento total.
O conhecimento de Deus chega à mente do homem de uma maneira muito vaga, mediante o razoamento natural, enquanto é Viator.
Depois, a razão recebe do conhecimento de Deus, uma intuição confusa quando é Peregrinus.
Em seguida, recebe um conhecimento de Deus beatífico ou intuição clara, como uma gota de água que reflete em si a totalidade da imagem do sol.
A especulação mental, no entanto, traz consigo, pela ilação consecutiva, uma segurança cada vez maior do conhecimento de Deus. Este é primeiro, racional; em seguida, intuitivamente confuso; e depois, beatífico; e este conhecimento, pelo dom da consciência individual, parece cada vez mais total, sem sê-lo em realidade.
Então, o sábio busca definições para explicar sua verdade e deduz de suas verdades contingentes, terceiras verdades que não são mais que verdades parciais. E, sobre estas, constrói sistemas completamente falsos, chegando às vezes a conclusões grotescas.
Os sábios de EHS preferiram - ante certos problemas - reverenciar os Mistérios de Deus e do Universo e ficar mudos, sem dar explicações forçadas.
Alguns definem: Deus e o Universo são uma só coisa. O Espírito está em todo o existente e conjuntamente com o existente, desenvolve-se e se aperfeiçoa.
Observe-se a falsidade desta proposição. Com efeito: como o Ser Perfeitíssimo pode ter necessidade de aperfeiçoar-se através de seu Universo?
O Ser Perfeitíssimo - que impregna todo o Universo de Si mesmo desde a eternidade - não necessita devenir através de um plano de evolução para ser tal.
Mistério sagrado que a mente do homem não pode conhecer.
Outros definem:
O Ser Eterno emana ou cria algo que é Ele mesmo e semelhante a Ele. Mas, em realidade, esta emanação ou criação é algo imperfeito, já que tem que evoluir continuamente para chegar à suprema perfeição e, do mesmo modo, este Universo, que será semelhante a Deus, nunca será Deus.
Também se observa a falsidade desta proposição: Deus, através deste conceito, fica assim eternamente separado de seu Universo e existiriam assim, eternamente, dois princípios, um mais perfeito e um menos perfeito.
Por que Deus emana ou cria o Universo?
Mistério sagrado que a mente do homem não pode compreender.
Outros definem:
O Eterno nunca devém em realidade, mas unicamente se  diferencia e essa diferenciação é ilusória. Mas se há um Absoluto e uma diferenciação, em que momento ocorre esta diferenciação? Além disso, ao estabelecer-se um ponto onde o Indiferenciado se faz diferenciado, também se estabelecem dois princípios.
Observa-se novamente uma falsidade. Se o Absoluto chega a uma determinação diferencial, em seguida se estabelecem dois aspectos Dele mesmo: um absoluto real e outro absoluto ilusório.
Quando, por que e como o Imanifestado se diferencia?
Mistério sagrado que a mente do homem não pode conhecer.
Sobre estas diversas proposições, o homem pode ampliar seu conhecimento intuitivo, mas não pode possuir, nem ideológica nem espiritualmente, toda a verdade.
Dois sábios discutiam sobre um assunto teológico e enquanto um falava com muita propriedade e clareza sobre um conceito, o outro calava, sem afirmar nem negar. Ambos chegaram à conclusão de que o trabalho teológico requer muitas explicações, definições, palavras claras e conceitos fundamentados - mas que as grandes situações e os grandes mistérios se resolvem com um grande silêncio.


Ensinança 6: O Imanifestado

O Imanifestado não admite nem definição nem negação. Porque negando-o ou afirmando-o, estabelecer-se-ia um princípio diferencial, ainda em seu aspecto absoluto, coisa que não pode ser.
O ser mais puro e angelical pode atrever-se a considerar a unidade indissolúvel da Manifestação Divina, a totalidade indestrutível do Espírito Universal e ainda, o Princípio Fundamental do Universo. Mas não o Imanifestado.
No entanto, o Imanifestado e a Manifestação não são dois Espíritos. Aquele que é, nunca deixa de ser o que Não É. Além disso, para o Imanifestado, dizer Não Ser e Ser, não tem sentido.
O Imanifestado então, não admite discurso, nem sentido, nem princípio, nem fim, nem vazio, nem plenitude, nem nada. Todas as causas da diferenciação e os atributos da Manifestação desaparecem instantaneamente ao nomear a palavra Imanifestado.
Se se quiser demonstrar o valor da Manifestação Divina, baseando tal afirmação sobre a palavra imanifestado, isto também não é possível. O  Imanifestado se demonstra com a Manifestação e isto é uma prova em Si mesma, do Imanifestado.
Como pode o Imanifestado compreender em Si a Manifestação?
Para o Imanifestado, a própria negação não tem sentido. Nem tem sentido a matéria, nem a energia, nem a mente. Tampouco o Espírito é distinguível ou indistinguível dentro do Imanifestado.
Parece lógico que haja uma divisão nítida entre o Imanifestado e a Manifestação. No entanto, não existe tal.
Este é um mistério sagrado e inexplicável. Seria a pior heresia querer demonstrar o porquê e quando se estabelece a diferenciação, realmente.
Nenhum grande Ser se atreveu a querer mencionar ou discorrer sobre o Imanifestado.
A própria palavra Imanifestado não é mais do que uma figura e não tem sentido algum nem semelhança com a verdade.
O estudante de Teologia há de cobrir-se aqui com seu branco véu e recordar que teria que morrer aquele que ouvisse nomear Deus por seu verdadeiro nome. Ele há de sentir um respeito profundo, silencioso e esmagador ante estas suposições figuradas de algo impossível de compreender totalmente.
O estudante há de acostumar-se a dissuadir os principiantes a investigar sobre estes problemas que Deus revela a quem quer e como quer.


Ensinança 7: A Divindade Manifestada

A Manifestação Divina é o Princípio Absoluto do Universo. É chamado comumente Deus ou EHS.
Deus é Sua própria essência e existência, e somente Ele se conhece a Si mesmo. Ego sum quia sum.
Deus é a raiz única e absoluta de toda a Criação Universal.
Se Deus é infinito, incognoscível, imóvel, sem causa, como pode originar o finito, o relativo, o cognoscível, o múltiplo e a causalidade? Poder-se-ia dizer que Deus, ainda em seu Universo, nunca deixa de ser o que é e que a Criação toda é ilusão. Mas, se a Criação é ilusão, também a ilusão é algo diferente do princípio que a originou.
Se Deus é um imenso conjunto, indissolúvel em essência e potência em seu Universo, então tudo é Deus. Aconteceria então que Ele mesmo deveria ser algo estático, não cambiante e o devenir não teria explicação possível.
Se Deus houvesse emanado, criado algo Dele mesmo, semelhante a Ele - algo que, no entanto, nunca pudesse voltar a ser Ele mesmo, por toda a eternidade – então Deus nunca poderia ser o princípio único e absoluto: pois sempre existiria algo fora Dele, semelhante a Ele, mas que não seria Ele mesmo.
Explica-se:
A Manifestação ou Deus é da mesma essência e existência do Eterno, mas não é Ele mesmo, aparentemente.
O Eterno Ser se oferece a Si mesmo de tal modo que parece outro, que parece duplo; mas isto é somente aparente. Enquanto dura esta aparência de dualidade ou diferenciação, Deus é Sua essência e existência. Seu Universo está todo impregnado delas, mas não é a essência e a existência em Si. Para explicar esta teoria é necessário aplicar ao Princípio Absoluto do Universo, com sua Criação universal, a lei de Contrariedade Analógica.
O que é a Lei de Contrariedade Analógica?
o ativo de uma parte maior é sempre o potencial de uma parte menor.
Sempre que um valor se deslocar de seu centro, irá adquirindo um valor positivo para o lugar ou campo magnético dentro do qual se estabelecer e perderá esse valor, com respeito ao ponto central desde onde se deslocou.
Pela Lei de Contrariedade Analógica, o Eterno, ao manifestar-se a Si mesmo (e enquanto durar tal movimento), aparece finito e condicionado. Mas, em seguida que cessa esse movimento, Ele é sempre o que nunca deixou de ser. Como o homem encerrado em um aposento, que desconhece o que ocorre fora do mesmo.
A Unidade Absoluta do Espírito está presente integralmente, em todas  as formas da existência. Mas não nas formas de existência depois que estas deixarem de ser tais, já que elas mesmas se restituíram ao Depósito Cósmico.
O Infinito é só aparentemente finito no Universo pela Lei de Contrariedade Analógica. Assim como uma bola lançada ao espaço, ao chocar contra um obstáculo, volta sobre sua trajetória, mas em sentido contrário.
Ficam assim estabelecidos os seguintes conceitos:
Deus é o Princípio Absoluto e subsiste em todo o Universo criado. A Criação não é Ele. Está toda impregnada Dele e não é Ele, a não ser por Lei de Contrariedade Analógica.


Ensinança 8: As Provas Racionais da Existência de Deus                       


É necessário crer em um Deus pessoal, Contrariedade Analógica do Impessoal.
Naturalmente, não se pode provar a priori a existência de Deus, pois somente se tem de Deus um conhecimento nominal.
Como Deus existe por Si mesmo, o homem nunca poderia, como já se observou, conhecer Sua existência essencial. Só pode ter uma intuição confusa ou clara, da mesma.
Também pode conhecer Deus por Sua existência de fato.
Desde a antigüidade, várias escolas de Teologia ofereceram como prova racional da existência de Deus, cinco proposições muito claras.
A primeira é: Deus é o Motor Universal.
Se o movimento não tem em si mesmo razão de ser, exige um primeiro motor. Todo movimento requer potencialmente um movimento superior e assim sucessivamente. Mas, como Deus existe por Si mesmo e não há impulso que O dirija, Ele é o Motor Universal e o Primeiro Motor.
A segunda é: Deus é a Causa Suprema.
As causas existentes ou não existentes, eficientes e  subordinadas manifestam-se no Universo através de um grande ritmo de causa e efeito. Deve haver pois, uma Causa Suprema, que possua em Si, fundamentalmente, as duas leis e que seja capaz de comunicar às causas subsequentes, a causalidade sucessiva.
A terceira é: Deus é a Própria Existência.
Se no Universo há seres que podem existir e deixar de existir, deve haver um Ser único, necessariamente existente por Si e que comunique aos demais seres a existência. Se Deus como existência faltasse por um só instante, toda a vida ficaria extinta. E se no Universo somente existissem seres comuns e não um único Ser necessariamente existente, a existência não teria razão de ser.
A quarta é: Deus é a Própria Unidade.
Todo composto é uma parte no conjunto simples de uma unidade. Quer dizer, se existe uma parte composta, deve haver uma unidade simples.
A quinta é: Deus é a Mente Cósmica.
Se toda forma, energia, pensamento tende para um fim determinado, por lei de coesão universal deve haver, necessariamente, uma Mente Superior e organizadora, uma Inteligência Suprema para onde converjam todos os esforços.
Algumas definições ajudarão a sintetizar e aclarar estas cinco proposições.
Deus é o próprio Ser, subsistente por Si e que, como Motor Primeiro e Universal, há de ser Ele mesmo Sua própria atividade.
Deus ou Causa Primeira, para ser Causa em Si, há de ter conhecimento de Sua própria Existência. Deus, o Ser necessariamente existente, implica em Si - como atributo essencial - que Sua existência não pode ter origem, a não ser Nele mesmo que é a própria existência.
O Ser Supremo e absolutamente simples dilui em Si, em uma perfeita harmonia, todos os compostos porque é a própria Perfeição.
Deus, ou Mente Cósmica, não pode endereçar Sua inteligência para Ele como algo diferente, mas a Mente há de ser Ele mesmo porque Ele é a Si mesmo, sempre atualmente conhecido.
Somente em Deus a existência e a essência são perfeitamente idênticas. O que faz que sejam aparentemente diferentes é uma relação acidental e aparente que desaparece em Deus em Si.
Este é o princípio supremo da distinção real entre Ele mesmo e o Universo.
Deus, como Essência e Existência fundamentalmente idênticas, é absolutamente simples e Sua distinção real com o Universo é que o Universo é composto.
Deus é Aquele que É e o que está fora Dele é Ele, só porque tem Sua Existência. Mas somente Deus é a existência de Si mesmo e somente Nele a Essência e a Existência são Uma.
Deus é ato puro em Si, ou melhor, potencialidade e atividade ao mesmo tempo. Mas no Universo é ato e potência, isto é, potencialidade e atividade sucessivamente.


Ensinança 9: A Divindade Criadora


Os Mestres de Teologia dividiram o conceito da Criação em duas grandes teorias, pois uns ensinam que o Universo criado coexiste com Deus e é eterno como Deus. Outros ensinam que o Universo foi criado por Deus, não desde a eternidade e sim in tempus, dentro do tempo.
Deus não criou o Universo ab æterno porque a Criação implica sempre, em si, um princípio. E como do Imanifestado não se pode conhecer nada, a existência do Universo, ab æterno, é impossível.
Uma criação existente ab æterno estaria em contraposição com o conceito do Imanifestado que não é nem criado nem incriado.
A Criação tampouco é determinada por um fator de tempo caprichoso porque tal conceito admitiria uma irreflexão na Criação. Além disso, seria algo diferente de Deus, desunido de Deus.
Então: a Criação é eterna, considerada como manifestação. Deus Incognoscível tem, em Si, potencialmente, todos os fatores determinantes da Criação. Esta é eterna então, potencialmente.
Mas, como expressão de Deus, não é eterna, está dentro de um lapso de duração: começa e termina. Como um imenso facho de luz, sai do seio de Deus e é restituída ao seio de Deus.
A Criação Divina do Universo é potencialmente eterna. Está dentro de Deus Incognoscível e está ativamente feita em um tempo determinado, por Deus Cognoscível.
Agora, Deus fez o Universo do nada ou Deus emanou de Si - com sua própria Substância Divina - este Universo?
Deus não pode haver tomado de Si Sua Própria Substância para fazer o Universo porque Sua Substância, eternamente simples, não admite compostos. Tampouco pode haver feito o Universo do nada, pois este nada admitiria um estado a priori existente e completamente diferente de Deus. As palavras ex nihilo, segundo o conceito aristotélico, expressam o imenso vazio de Deus ou seu estado potencial. E somente assim pode-se explicar esta eterna verdade teológica revelada.
Deus fez o Universo de Seu nada, do que a mente humana não pode compreender, daquele estado incognoscível que ela não pode alcançar e, com isso, criou um algo inteiramente livre, anteriormente incriado, genialmente novo e absolutamente único.
A Criação Divina é livre porque está feita com compostos derivantes de Deus que é a Divina Simplicidade.
É nova porque nunca preexistiu.
É única porque unicamente Aquele que possui em Si o conhecimento integral do existente, pode expressá-lo, mas ao mesmo tempo não é Ele mesmo, não é Sua própria Emanação e sim algo diferente, analogicamente expresso.
Para definir: Deus criou o Universo potencialmente ab æterno, mas no tempo estabelecido pela Divina Lei. Criou-o desde o Imenso Vazio Potencial de Si Mesmo, com Sua Própria Substância Diferenciada.
Periodicamente, Deus, através de Sua Manifestação, cria o Universo. Mas este Universo é sempre outro. Deus nunca cria o mesmo e nunca tudo o que foi criado deixa nem deixou jamais de existir.
Ab æterno era, in tempore fecit, ex nihilo omnia fecit.


Ensinança 10: A Trindade

Deus, em Sua Manifestação, é um Princípio Absoluto, Eterno, Incognoscível. Ao tentar explicar a Trindade Divina não se discorre sobre o como, nem quando, nem porque se efetua a diferenciação e o Imanifestado é Manifestado.
Sobre isto, não se deve discorrer.
A mente humana pelo discurso filosófico somente, à luz da intuição revelada, quer levantar um pouco o véu da Manifestação. O ato criativo de Deus é puro e real em Si. Por isso, o modo como se efetua é incognoscível para o homem, que é potência e ato. Porém, a mente humana pode chegar a vislumbrar o resultado aparente da Criação.
Hes, a Mãe Adormecida, o Princípio Incognoscível de Deus, desperta: despertar envolve o ato criativo. O Princípio Criador, ao reconhecer-se a Si mesmo, estabelece um conhecimento ativo de Si mesmo. Esse conhecimento infinito de Si mesmo, Hes refletida em Ahehia, é sustentado por toda a duração de um ciclo de Criação, por infinito e incriado amor. Este amor é Foá, vida do Universo.
As antigas escolas conheciam muito bem este conceito, mas não gostavam de discorrer nem ensinar demasiado sobre isto. Mas o cristianismo, ao fazer da Trindade a pedra angular de sua fé, ao enfocar sua atenção especialmente sobre este aspecto da Revelação, colocou este problema em contato com os estudantes e à disposição de seu conhecimento.
A luta contra o arianismo fez que esclarecidas inteligências aprofundassem este ponto da Revelação, chegando a resultados surpreendentes e exatos.
O resultado foi um claro conceito sobre a procedência, a relação e as pessoas da Divina Trindade.
O Pai é Deus Criador. O Pai é Criador não porque as outras duas pessoas da Trindade Cristã, o Filho e o Espírito Santo, não sejam igualmente criadoras, mas porque é o Princípio Incognoscível. E essa parte total de Si mesma, que conhece Sua própria existência, é o Filho. Por isso, o dogma católico reza que o Pai Criador engendrou o Filho, pura, divina e consubstancial expressão da Vontade e do Conhecimento eternos.
Segue o dogma dizendo que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho e não é engendrado, o que é correto.
Deus Criador se conheceu, engendrou a Si mesmo e, ao conhecer-se, amou-se: esse amor, Divino e Incriado, é o Espírito Santo.
O Ato da Criação e a procedência das Divinas Pessoas são simultâneos e inescrutáveis. As Três Divinas Pessoas são, ao mesmo tempo, eternamente Existentes, eternamente Criadoras, eternamente Fruto e  Subsistência da Criação.
Como este puro Ato de Deus é simples e real, não pode ser conhecido pela mente humana porque se a mente humana o conhecesse, existiriam dois Deus, dois Criadores, dois conhecimentos e dois amores. Não pode haver então mais de Três Pessoas em Deus: Ele, Si mesmo, a Relação entre Si.
As almas são individuais somente pela Lei de Contrariedade Analógica.
É surpreendente o resultado que trouxe às almas místicas cristãs este conhecimento trinitário, que foi uma grande mola de sua potencia interior. A alma - através destas definições da Criação Cósmica e da Manifestação Divina - viu Deus como algo vivo, palpitante e sempre existente, continuamente em contato com a alma do ser, por esta participação analógica da própria alma, que se acentua mais pelo conhecimento e o amor.
 A Alma Universal de Hes está realmente dentro dos seres, no coração do homem. Quando este procura conhecê-La, Ela desperta uma nova vida construtiva no ser, que o impulsiona a amar, a viver, a sentir algo que o aproxima cada vez mais desta Divina Trindade.
Deus mora na alma do homem, não somente como um princípio eterno, imenso, incomensurável, mas como conhecimento, vida e amor. A União da alma com Hes se faz assim, cada vez mais substancial, real e divina.
Este homem que fez de seu interior um Templo onde mora a Divina Mãe, emana de si, em seu exterior, uma força benéfica e superior à dos outros homens, não porque os outros não possuam potencialmente a mesma força, mas porque ele a desperta e ativa.
Sua obra, de humana se faz divina e, em contato com este maior conhecimento e amor, transmite as forças excelentes desta corrente trinitária à humanidade.


Ensinança 11: Lei de Contrariedade Analógica


Deus, em Si, é causa sem causa, Incognoscível.
Deus, como Criador, é a Divina Trindade, não cognoscível em suas causas, mas acessível em seus efeitos.
Deus Criador possui a Idéia Única e em sua Divina Inteligência, preexiste o conhecimento da finalidade da Criação Universal. Ele é princípio e fim, causa e efeito. E o Ato Puro da Criação está totalmente contido em Sua Mente Cósmica.
Na Mente Divina não pode existir nenhuma sombra que obscureça a realidade de Seu Pensamento Criador. Assim é que Deus, desde um princípio, estabelece a ordem sucessiva da Criação e seu fim único.
Se Deus, desde um princípio, tivesse estabelecido as alternativas e o fim do Universo, então o ser não estaria sujeito a seu livre arbítrio, mas unicamente a uma Lei de Predestinação. Mas, tal predestinação seria um ato determinado, invariável e sem compostos analógicos e um contraste com a Divina Perfeição que se manifesta no Universo através de múltiplas e diferentes expressões, aparentemente contraditórias, mas que busca a harmonia na variabilidade.
A predestinação é Lei de Predestinação Consecutiva: um conjunto harmônico de forças compostas, díspares entre si, completamente duais, que, no entanto, substancialmente, emanam de um Ser que é Único e Simples. Esta lei não é um determinismo absoluto, mas a ordenação de todo o criado para seu fim. É a execução progressiva e harmônica do Plano Divino de evolução.
A Divina Vontade é a lei única que predestina os seres, mas de forma consecutiva, ordenativa, harmônica e ainda livremente. Tudo está dentro desta Divina Lei que tudo ordena para o fim proposto com soberana previsão.
Desde este ponto de vista, não existe casualidade. E nem um fato que ocorra ao acaso. Tampouco um livre arbítrio, mas somente uma relação de causas secundárias que derivam de uma causa única.
No entanto, o ser é verdadeiramente livre, divinamente livre.
A Lei Arbitral de Possibilidades é tão real e existente como a Lei Primeira. Mas a mente humana, tão complexa, tão limitada, tão obscurecida por conceitos variáveis e falsos, unicamente pode compreender tal verdade por analogia.
A Lei de Contrariedade Analógica o explica.
Se o ser é semelhante a Deus - mas não é Deus mesmo - tem um campo de liberdade, livre arbítrio, o qual não é ilimitado, mas limitado.
Um homem não pode, por um ato de sua vontade e, repentinamente, fazer-se anjo, estrela ou pedra. Mas pode, dentro do campo humano e ainda dentro do campo magnético relacionado com sua idiossincrasia individual, dispor de seus elementos naturais para determinar seu fim real e não ilusório.
Neste sentido, o homem, com seu livre arbítrio, não contraria a Predestinação Divina, mas a secunda. É um elemento composto que busca o elemento simples.
 Nota-se em seres de evolução parecida - e semelhantes entre si - certa disparidade de possibilidades. Mas esta disparidade é indispensável e harmônica, pois não faz mais do que afirmar que a Manifestação Divina não se estabelece sobre uma única forma. Estabelece-se sobre múltiplas formas semelhantes entre si, mas não iguais. A unidade igual somente existe na própria raiz da Criação.
Por exemplo: dois seres de mesma evolução nascem na mesma hora, no mesmo lugar e nas mesmas condições. No entanto, entre os dois, sempre existe uma fração X que constitui a diferença. Por Lei de Criação Numérica expansiva, esta diferença, através do tempo, leva estes seres a campos diferentes de atividade.


Ensinança 12: A Divina Encarnação


Desde que os sábios de Hes compreenderam a imensidade e a grandeza da Criação, e a maravilhosa analogia entre o macrocosmos e o microcosmos - entre Deus e o homem - e viram que a finalidade do homem é aproximar-se de Deus, compreenderam também a necessidade de fazer com que a potência interior da alma se manifestasse para o exterior com todos os seus atributos para que fosse um meio para a divinização do homem.
O ser humano, se encerrar em si a potência da Criação, pode chegar a aproximar-se de Deus, integralmente. Mas, apesar da imperiosa necessidade do homem de unir-se a seu fim real, não pode alcançá-lo, devido ao estado desarmônico de suas qualidades interiores: a vida, o amor e o saber, em lugar de ser uma expressão simples da alma, convertem-se em forças opostas que guerreiam entre si.
Ainda os seres que chegam à mais alta e pura expressão do conhecimento interior de Deus, também constituem uma diferenciação - entre eles e seus irmãos que ainda não conseguiram esse estado. O amor, o saber e a vida, que são desacordes no homem, são em Deus uma só e harmônica expressão Dele mesmo, uma Divina Trindade. O ser compreende e também vive estes conhecimentos. Mas sempre de um modo abstrato.
É necessário que a Divina Trindade, abstrata, que mora na alma humana, se concretize nela. Para tal fim, é preciso que esta operação se produza plenamente em um ser extraordinário, semelhante aos homens, mas de natureza diferente, o qual pode lhe servir de modelo: uma Divina Encarnação.
Todos os Textos Revelados falam de um ser extraordinário, expressão direta da Divindade; de um Homem-Deus que seja um canal por onde cheguem as forças divinas à humanidade. Que possa constituir-se como imagem viva do homem perfeito, em quem os homens que buscam Deus possam depositar firmemente sua confiança e que lhes infunda a fé e a certeza necessárias para que, imitando-o, possam alcançar a salvação e a liberação interior.
A Divina Encarnação não pertence ao ciclo humano. Sua natureza, por ser divina, está fora do ritmo mental humano. Sua natureza mental é divina e humana: divina porque não pertence ao ciclo de vida do homem e é uma expressão perfeita e co-participante em sua totalidade, da Trindade. Ao mesmo tempo, é verdadeiramente humana porque é corporalmente da mesma natureza do homem.
O nascimento da Divina Encarnação não se efetua pelo processo natural comum, já que não pode ter mancha que o ate a uma lei de causa e efeito. Mas ao aceitar a natureza humana sem a mancha da atadura vulgar da geração, toma apesar de tudo, sobre si, toda a carga do carma dos homens.
O sacrifício expiatório da Divina Encarnação, que vem a se constituir em modelo dos homens, se constitui então e, sobretudo, da encarnação. O processo de sua vida entre os homens e ainda o de seu sacrifício de se entregar à morte como todos eles, é somente um participante deste solene sacrifício da encarnação.
A Trindade está integralmente ativa neste Ser. E Ele mesmo. Sua atividade é a mais alta expressão de vida, amor e conhecimento, e estimula direta e fortemente as almas dos homens para que façam suas reservas interiores, ao influxo desta força ativa redentora.
O Grande Iniciado que chegou a um altíssimo grau de perfeição, mas que, ainda tem uma mancha a apagar, é um exemplo, mas não a totalidade do exemplo. A Divina Encarnação, se não se a aceita como realmente é - divina e humana - não pode se constituir em um modelo integral da humanidade.
Na Teologia, o mistério da Divina Encarnação tem primordial importância e tem sido a força de todas as religiões e filosofias da Índia, onde foi amplamente desenvolvido e comentado. Seus maiores sábios se ocuparam amplamente das forças da Trimurti, da Divina Encarnação, devido às grandes lutas conceituais sobre este tema.


Ensinança 13: A Sagrada Revelação da Idéia Mãe dos Ários                       


A mente imperfeita do homem necessita de uma Revelação que lhe seja dada por uma mente superior, a qual o afirme na verdade revelada, para conhecer as leis divinas, já que ele não tem suficientes meios intrínsecos a seu alcance para conhecê-la claramente.
Como explicar ao inseto que vive sobre a pele do elefante que não houve cataclismo algum - como seguramente o imagina: que o elefante somente está se banhando no rio?
As Revelações conhecidas pelas Grandes Religiões são os fragmentos de uma Grande Revelação Única, dada aos homens nos alvores da Raça Ária, por um Deus-Homem, possuidor de uma mente divina, capaz de transmitir esta verdade indiscutível e fundamental.
Este postulado de uma Revelação Única, anterior a toda Revelação conhecida, é uma verdade que o estudante tem que ter presente continuamente se quiser possuir a essência da Teologia.
Esta verdade pode ser provada das seguintes formas:
O homem intui a verdade da Revelação Única estando em êxtase, já que todos os místicos afirmam a necessidade do homem de aproximar-se de Deus como único meio de alcançar a felicidade.
Os grandes místicos de todos os tempos e de todas as seitas afirmam que o gozo e a beatitude - da alma que alcança a União Divina - põem-na em condições de receber a Revelação diretamente: através de um supersentir intelectual que lhe transmite a essência e, às vezes, ainda o texto da Revelação Única.
O homem também pode alcançar o conhecimento da Revelação Única através das deduções e induções da razão.
Prova-o a uniformidade fundamental de todas as religiões, dos fatos comprovados da história e da formação psicológica dos diversos povos e raças.
Paleontologicamente, é provada a semelhança entre as crenças orientais e as de certos povos da África com a crença dos índios americanos que viviam separados por um imenso continente. Esta semelhança não é só religiosa, mas também etimológica, já que existe uma grande similitude entre os antigos idiomas americanos e os de certos povos do oriente: a similitude etimológica prova, portanto, a similitude do desenvolvimento psicológico.
Pode-se provar a uniformidade arcaica desta Revelação ainda através do sentir do homem, como se este sentir fosse uma Revelação Única, estampada na própria natureza do homem que o impulsiona a estabelecer sua relação e dependência com Deus. Isto através de um incentivo mais ou menos desenvolvido para algo bom e moral, como uma necessidade emocional, mental e até fisica para algo poderoso e desconhecido.
Uma verdadeira religião natural do homem, Única, que afirma uma única origem de Revelação Divina, dada a ele nos alvores da Raça e escrita em sua própria natureza.
Cafh crê firmemente nesta Revelação Arcaica e, além disso, assegura que ainda pode ser descoberta sua afirmação categórica e escrita, em algum lugar inexplorado e oculto da Terra. Não terminará a presente Raça Raiz sem que seja redescoberta, para que todas as Revelações que foram dadas durante o curso da Raça voltem a encontrar-se a si mesmas e possam retornar a essa grande União de almas e de credos, que há de ser o fim da Grande Obra Divina sobre a Terra.
O homem pode deduzir esta Revelação Única e desconhecida através das Grandes Revelações clássicas e tradicionais. Mas, se a Revelação é Única e Fundamental, como podem ser verdades as outras Revelações, já que diversas Revelações contraditórias entre si não podem ser todas verdadeiras?
As Revelações em si não são falsas. São verdadeiras unicamente pelo fim para o qual foram dadas. Quer dizer, relacionadas com o tempo, o lugar e a necessidade relativa a elas.
Cafh resumiu nas palavras escritas sobre a Tumba de Hes, a Revelação Divina dos Ários.
Todas as Grandes Revelações Árias nos permitem deduzir a Idéia Mãe que foi dada pelo Grande Iniciado Solar de primeira categoria. Elas são:
Primeira – A necessidade natural e espontânea do homem de buscar Deus com seus próprios meios, sem tê-Lo diante de si ou ter a possibilidade de vê-Lo, mas somente auxiliado por Ele.
Segunda – A luta travada pelo homem entre sua natureza humana e divina, dispondo somente de seus meios racionais e lutando para ganhar sua liberação.
Terceira – A liberação do homem, que este há de realizar por si mesmo, não de uma vez, mas por etapas, nascendo, morrendo, reencarnando, passando pelos infernos, purgatórios e céus.
Quarta – A salvação, no entanto, não chegará ao homem por ele só, apesar de seus esforços. A mente racional se desenvolverá pelo constante sofrimento e esforço nesta Raça. Mas a salvação lhe virá de Deus, dando-Se Ele ao homem na imagem dos Grandes Iniciados. Posto o homem às portas da salvação por sua mente racional, somente Deus lhe abrirá as portas para pô-lo em contato com sua mente superior ou divina.
Quinta – Através destas épocas, o homem será constantemente exposto e sacudido pela grande lei de pares de opostos que rege sua Raça. E será atado a uma infinidade de relações, conseqüência direta deste contínuo oscilar entre o bem e o mal.
Sexta – O homem fundará toda sua existência sobre este conceito do bem e do mal - valendo-se de sua mente racional, a qual não tem mais elementos que os proporcionados por sua mente animal, e as cintilações de sua mente intuitiva.
Sétima – Então, o homem ário terá necessidade inerente de desenvolvimento moral, de anelo de melhoramento, de perfeição e de dignificar seus atos.
A Revelação Única poderá ser então afirmada como uma verdade indiscutível, quando estes postulados anteriormente enunciados forem de domínio público, pela transmissão feita ao mundo, pelas diversas Revelações Religiosas, todas substancialmente semelhantes entre si, se que bem aparentemente contraditórias.
Ainda que, por agora, tenha-se perdido no tempo a origem desta Grande Revelação Única, ela ficou estampada no ser humano, nas Raças que se sucederam, nas leis de todos os povos e nos códigos de todas as religiões.
Os teólogos de Cafh têm então uma Revelação Única, não conhecida objetivamente, mas conhecida por eles subjetivamente, que encerra a verdade revelada por Deus e dada como Idéia Mãe a todas as Raças Árias.


Ensinança 14: A Tradição Iniciática

Os Iniciados Solares de primeira categoria são aqueles que transmitem a Revelação da Idéia Mãe de toda a Raça.
Ela foi transmitida nos alvores da Raça Ária.
A Ensinança cita três nomes de Iniciados Solares de primeira categoria: o de Manu, Teti e Noé. Porém, por falta de uma absoluta segurança histórica, é indispensável, para identificar estes Iniciados, usar sempre o nome de Manu, que quer dizer legislador divino, tomando assim este nome um caráter genérico.
É indiscutível que os Iniciados Solares tenham ditado a Revelação autêntica dos ários, mas esta foi transmitida integralmente por um deles e repetida simultaneamente pelos outros.
Os Iniciados Solares de segunda categoria adaptaram a Revelação, sem tergiversá-la, aos povos que deviam guiar e não de forma escrita, mas oral.
Foram os Iniciados Lunares, discípulos destes Iniciados Solares, aqueles que redigiram a Revelação e escreveram sobre ela, em forma histórica e dogmática.
É completamente falso que a Revelação tenha sido dada obscuramente em um princípio, como querem afirmar certas escolas de Teologia racionalista e que esta se foi aclarando e definindo mais através da evolução dos povos e pelo desenvolvimento mental dos homens.
A tradição da Revelação Iniciática dos ários foi transmitida pelos discípulos em toda sua pureza. Só muito posteriormente se foi desvirtuando e adulterando pela pressão dos valores humanos contra os valores reais do espírito ário primitivo.
Os Iniciados Solares de terceira categoria conservaram a Revelação constantemente e ainda a conservam. Também são os custódios, sobre a Terra, do lugar secreto onde está guardada a prova gráfica da Revelação. Esta é uma das ensinanças e crenças mais autênticas e antigas dos Filhos de Hes, de que existe uma prova, desconhecida de todos os homens, desta Divina Revelação.
Os Iniciados Solares de quarta categoria têm a missão de renovar a proclamação da Revelação sobre a Terra. Tirá-la-ão dos escombros onde a sepultaram as falsas doutrinas humanas e voltarão a apresentá-la ao mundo em suas formas claras, acessíveis e divinas.
Às vezes, os Grandes Iniciados Solares de terceira categoria, ou seus discípulos, transmitem a Revelação ou algum aspecto derivante desta Revelação a algumas almas extraordinárias, de um modo sobrenatural em forma de visão astral, ou intuitivamente por ciência infusa.
Estas Revelações são dadas quando é necessário para a sociedade, para uma Obra ou para uma alma que há de desenvolver uma determinada missão. Sempre são dadas para ensinar o que humanamente não se pode saber e para aclarar certos pontos obscuros ou para avivar mais a fé e o amor a Deus.
Naturalmente, para que estas Revelações sejam autênticas, hão de dar um testemunho claro e visível da verdade e isto é ou por premonição de fato ou por aclaração de uma idéia anteriormente desconhecida e depois completamente aclarada, sem a intervenção da dedução analítica racional.
Os teólogos racionalistas negam o valor da Revelação porque afirmam que Deus não necessita da mesma para guiar os destinos humanos, quando já a priori havia predeterminado todos os acontecimentos. E que Deus já, desde o princípio da eternidade, havia preestabelecido o que devia ser feito. Mas este conceito negaria imediatamente, ao ser admitido, a existência do livre arbítrio do homem, o qual, por uma Lei de Predestinação Consecutiva, tem um determinado campo de consciência dentro do qual pode determinar por si e fazer possível sua adaptação à Raça ou sua evolução para uma Raça melhor.
Então, a Tradição Iniciática da Revelação é de suma utilidade para os homens e indispensável para o cumprimento do Plano Divino na Raça Ária. É tão indispensável, que esta Revelação Ária há de dirigir a Idéia Mãe para dentro de um ser. Um ser que tem sobre si todo um destino animal e, ao mesmo tempo, uma livre consciência, com uma infinidade de possibilidades espirituais que influi até sobre seu próprio físico e até sobre sua própria natureza.
Pela Revelação, o homem faz uma rápida adaptação fisiológica às formas de vida existentes, sem estar sujeito às lentas adaptações das espécies.
Esta Revelação Natural dos ários estará fortalecida pela Revelação Sobrenatural. Revelação que põe o homem de imediato - ao ter consciência de si - em contato com a Idéia Mãe e as idéias fundamentais derivantes, através do dom hereditário de adaptação cerebral. Este lhe é transmitido racialmente com a chamada educação da criança e pelas ensinanças simbólicas, cosmogônicas e religiosas que são inerentes ao despertar de consciência do ser ário, e que lhe evitam o longo processo de conhecer as coisas por si.
Todo homem tem então,
 a obrigação moral de conhecer, amar e praticar a Revelação Divina. E esta Revelação Divina, que ele conhece através da Tradição, há de ser o norte de todo homem que deseje alcançar sua liberação espiritual.


Ensinança 15: A Substância Primordial e os Sete Raios                        

A Substância Primordial é perfeitamente igual ao Absoluto, Espírito-Consciência, mas não é o Espírito em Si.
Como se efetua a União eterna e real entre o Espírito em Si e a Substância Primordial é um mistério para a mente do homem.
A parte divina e absoluta da Substância Primordial está totalmente identificada com ela mesma e é da mesma natureza divina do Espírito em Si. Mas, a parte substancial da Substância Primordial é de natureza diferente, porém emanante da natureza divina do Eterno.
Como se efetua essa transição é um mistério para a mente humana.
Esta transição dá a Criação Universal.
Esta misteriosa e Divina União entre o Não Ser e o Ser, esta União entre o Espírito e a Substância Eterna é a alma do Cosmos. Não se podem separar estas duas expressões, iguais entre si, diferentes por si, pois são igualmente eternas, indivisíveis, incognoscíveis, mas perfeitamente divisíveis em suas causas.
A causa primária da Criação Universal não pode então ser provada por nenhuma razão ou conhecimento. Mas o homem pode racionalmente prová-la através de causas derivantes da Causa. Tais causas são: a mente, a energia e a matéria.
Com outra frase se poderia dizer que, conhece-se o Absoluto através do relativo.
O Espírito em Si, a Substância Primordial e a Causa Primária são a Divina Trindade Criadora.
Esta Causa Primária se desenvolve em si mesma, de si mesma, como o novelo de lã e seus movimentos são as causas da Vida. Estes movimentos da Substância ou Grande Elemento do Éter Cósmico são os Sete Raios.
Eles são a corrente da onda de vida do Cosmos e por suas transformações vibratórias  se fazem, mantêm e desfazem todas as formas.
A mudança constante desta onda de vida cósmica é o movimento criador das formas.
A associação constante destas ondas vibratórias é a que mantém as formas. A dissociação constante destas ondas vibratórias com sua rapidez destrói as formas e as renova.
O Grande Elemento é a vestidura da Substância Primordial e o movimento desta vestidura, os Sete Raios.
O primeiro Raio se manifesta no Cosmos sinteticamente porque a todo o Cosmos impregna de si mesmo, sujeitando-o.
É o Círculo, o limite da Consciência Cósmica.
O segundo Raio se manifesta dimensionalmente, ideando potencialmente a Natureza, ainda não expressa, da Vida.
O terceiro Raio emite a vibração ou movimento criador da Vida porque separa idealmente a Causa das Causas, a Consciência das Consciências.
É a faca de Deus que fende a Substância Divina.
O quarto Raio é a força da Vontade Criadora ou Verbo feito carne.
Os Iniciados Solares emanam desta potência de Vida Eterna.
O quinto Raio é a determinação subjetiva da Vontade Criadora. Deus, antes de criar o Universo Objetivo, determinou-o subjetivamente em Seu pensamento. Uma vez que este pensamento está lançado, tem vida própria. Vontade das Vontades.
O sexto Raio mobiliza a imensidade da vida dentro da qual se movem as infinitas formas individuais. Gota de água do Oceano de Vida.
O sétimo Raio é o fator de todas as formas existentes. A Substância Primordial se expressa nele, completamente, como uma Obra acabada. A matéria é seu principal agente.


Ensinança 16: O Ired de Hes


O movimento universal se chama Ired.
É a Lei Única: como um ponto zero no imenso espaço.
Todas as leis dependem dele e convergem nele.
É necessário um exemplo: sopra-se uma bexiga, enchendo-a de ar. E, se se volta a soprar com mais ou menos força, o novo ar introduzido faz pressão sobre o ar anterior e esta pressão modifica a forma do ar dentro da bexiga, comprimindo-o ou expandindo-o.
No Cosmos, o ar sobre o ar, é o Espírito atuando sobre a Matéria.
O ar que o pulmão divino expulsou circunscreve o limite do Universo e este grande e primeiro movimento que limita a Consciência do Cosmos é o Ired.
Agora, o ar, substância do Universo, vive sua própria vida e estabelece suas próprias leis.
O Ired se move em si.
A Substância Cósmica comprime a Substância Cósmica e por este movimento de Consciência Cósmica, começa a involução.
Uma vez que isto se efetua, quem pode deter a força motriz do Ired? Move-se e move-se vertiginosamente em todas as direções, formando as grandes leis do acaso: matemática divina.
A Consciência se torna infinidade de consciências. O movimento rápido busca a imobilidade ou movimento de menor quantidade: o grande se abandona vertiginosamente em direção ao pequeno.
Dissolução fixadora.
É como uma grande explosão universal.
A bexiga de ar estoura em uma infinidade de partículas vivas, mantendo-se dentro de seu próprio círculo.
Agora, o grande movimento único do Ired, feito movimentos ou consciências, já não pode ser considerado como tal, mas como vontades para uma vontade única.
Como se efetua esta transformação?
A consciência se torna consciências e o círculo começa a dar voltas sobre si mesmo, formando uma infinidade de círculos. Esta operação de mover-se, de dar voltas, estabelece uma diferença entre círculo e círculo: em realidade, esta diferença é a linha que dá uma base ideal da transformação quantitativa do Uno.
Isto constitui os três movimentos fundamentais do Universo. O Ired mais em si, mais de si.
Diz a Cosmogonia que, com três grandes passos involuem e evoluem os seres divinos.
Agora, este círculo de consciência, visto através do ponto que se relaciona com as consciências individuais, não é tal.
Se uma destas consciências pudesse ver diante de si, não veria círculos no espaço, veria imensas linhas que caminham reto diante delas, umas após outras, dispostas em grandes fileiras, sem nunca se tocarem. Isto é lógico, mas não verdadeiro.
As almas individuais são grandes linhas que nunca se juntam entre si, até que não possam ver-se a si mesmas, desde muito acima.
A vontade é vontade e não haveria progresso, quer dizer, evolução ascendente, sem ela e sem seu ponto de vista: linha.
Estas imensas linhas nada mais são que a potencialidade sustentada e executora do imenso círculo que constitui o conjunto.
O movimento Ired, que é reto em sua vontade persistente e é curvo em sua consciência modeladora, faz seu trajeto pelo Universo, oscilando sobre si mesmo para atenuar os impactos de sua força dual.
A Lei do Ired é uma, mas suas leis derivantes são completamente contraditórias entre si.
Suas leis de inversão, quando chegam a um zênite, necessitam de leis completamente contrárias a si mesmas para fazerem-se reversíveis e vice-versa.
Isso também o diz a Cosmogonia.
A involução, a evolução e a ordenação do Universo têm dois grandes movimentos de aderência e de resistência. E estes têm, por sua vez, outros sete: de progressão e de regressão, de atração e de repulsão, circular, espiral e fixador.

INDICE:

Ensinança 1: A Revelação
Ensinança 2: As Definições
Ensinança 3: O Método
Ensinança 4: O Dogma
Ensinança 5: Os Mistérios Divinos

Ensinança 6: O Imanifestado
Ensinança 7: A Divindade Manifestada
Ensinança 8: As Provas Racionais da Existência de Deus
Ensinança 9: A Divindade Criadora
Ensinança 10: A Trindade
Ensinança 11: Lei de Contrariedade Analógica
Ensinança 12: A Divina Encarnação
Ensinança 13: A Sagrada Revelação da Idéia Mãe dos Ários 
Ensinança 14: A Tradição Iniciática
Ensinança 15: A Substância Primordial e os Sete Raios      
Ensinança 16: O Ired de Hes 

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